Dia Internacional da Mulher: 10 recados para os homens

Informações da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Governo Federal mostram que quatro em cada dez mulheres brasileiras já sofreram algum tipo de violência doméstica. Também segundo a SPM, a cada 12 segundos uma mulher é vítima de violência no país, seja dentro de casa, no trabalho ou em ambientes públicos.

De acordo com estudo recente do Ministério da Justiça, 50 mil mulheres são estupradas por ano no Brasil.

Apenas entre os anos 2000 e 2010, mais de 43 mil mulheres foram assassinadas no Brasil, sendo que mais de 40% foram mortas dentro de suas casas, pelos maridos, namorados ou ex-parceiros. Com esses números, o Brasil ocupa a sétima posição mundial em feminicídios.

Em nível global, a situação também é alarmante. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) revelam que cerca de 70% das mulheres já sofreram algum tipo de violência. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma em cada cinco mulheres já foi vítima de abuso sexual antes de completar 15 anos de idade.

Em todo o mundo, 52% das mulheres trabalhadoras já sofreram assédio sexual no local de trabalho, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

É para refletir sobre dados como esses e combater as suas causas, mas também para refletir e combater a desigualdade salarial existente entre homens e mulheres, a sub-representação feminina na política e tantos outros aspectos que mostram como persiste a violência e a opressão contra as mulheres em nosso país e no mundo, que existe o Dia Internacional de Luta pelos Direitos das Mulheres.

O 8 de Março é um momento de reafirmar a necessidade de garantia dos direitos das mulheres e do protagonismo das mulheres em suas próprias vidas, mas também de discutir o papel e o lugar do homem na fundamental luta pela superação do machismo. E é para contribuir nesse último aspecto – o papel dos homens – que listo abaixo alguns “recados” que considero importantes.

1 – A cozinha, como qualquer outro cômodo da casa, não é lugar apenas para as mulheres. Logo, lavar roupas, cozinhar, lavar os pratos, varrer a casa, cuidar dos filhos, dentre outras, são tarefas de homens e mulheres. Não devemos pensar que é nosso papel “ajudar”. É nosso dever dividir, fazer junto.

2 – Na política, como em qualquer ambiente, não há tarefas específicas para as mulheres e outras exclusivas de homem. Portanto, seja no centro acadêmico, na associação, no sindicato ou no partido político, não devemos apontar para uma mulher quando perguntarem “quem faz a relatoria da reunião?”. Mulher, assim como homem, é para participar e ocupar todos os espaços da política.

3 – As mulheres não são menos inteligentes que homens. Por isso, quando uma mulher cometer alguma "barbeiragem" no trânsito, não digamos "tá vendo? só podia ser mulher". Paremos 5 segundinhos e lembremos: eu, homem, também já cometi várias. E se pararmos mais 5 segundinhos vamos lembrar de outros homens que também cometeram inúmeras barbeiragens.

4 – As mulheres não são menos capazes que os homens. Por isso, não aceitemos que uma mulher, que exerce a mesma função que nós, receba salário inferior. E se isso não acontece com você, não pense “eu não tenho nada a ver com isso”. Se acontece com o seu amigo ou colega, critique, questione.

5 – O corpo da mulher não é objeto para o nosso entretenimento. Por isso, piadas ou propagandas em que se expõe o corpo da mulher não têm nada de engraçadas. Isso vale para as piadas da televisão, mas vale também para as nossas conversas nas mesas de bar, beleza?

6 – O corpo da mulher é da mulher. Logo, as decisões sobre o que fazer no seu corpo, desde uma cirurgia estética até um aborto devem ser das mulheres. A nós, homens, cabe lutar para que o Estado garanta que tudo seja feito com segurança, desde uma cirurgia meramente estética (ainda que isso represente a busca por algum padrão de beleza que negue a diversidade) até um aborto.

7 – As mulheres têm liberdade para andar por onde quiserem, quando quiserem e como quiserem. Logo, "fiu-fiu" e "psiu" não agradam as mulheres e nem farão a mulher ter relação sexual com nós homens. Pelo contrário, são invasões e desrespeitos à liberdade das mulheres.

8 – As mulheres não são propriedades nossas. Por isso, não há o que justifique uma agressão física ou psicológica. Não devemos esquecer: amor e paixão não têm nada a ver com violência. E se não é você quem agride uma mulher, não pense “briga de marido e mulher ninguém mete a colher”. Se você sabe ou presencia, denuncie. Caso contrário, você está sendo conivente.

9 – A nossa vida é um aprender permanente, com outros homens e com as mulheres. Esses recados, inclusive, aprendi com muitas mulheres que, cotidianamente, nos desafiam a combater e superar o machismo que existe dentro de cada um de nós.

10 – Se aceitamos qualquer uma das situações descritas acima, de nada vale dar presentes (flores, chocolates, etc…) ou desejar parabéns às mulheres nesse 8 de Março. Se não aceitamos, estamos apenas dando a nossa contribuição para que as mulheres tenham a sua vida e os seus direitos respeitados e garantidos.

*Esses 10 recados foram publicados originalmente em 8 de março do ano passado pelo próprio autor desta coluna, em uma rede social na internet.

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