Enfisema Pulmonar: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

Se nada mudar, invente, e quando mudar, entenda.
Se ficar difícil, enfrente, e quando ficar fácil, agradeça.
Se a tristeza rondar, alegre-se, e quando ficar alegre, contagie.
E quando recomeçar, acredite. Você pode tudo.
Tudo consegue pelo amor, e pela fé que você tem em Deus!( Desconhecido )

O enfisema pulmonar é uma doença do pulmão caracterizada por um anormal e permanente alargamento dos espaços aéreos terminais, provocado pela destruição das suas paredes, consequentemente isso irá reduzir a área de superfície dos pulmões, o que por sua vez levará a redução da quantidade de oxigénio que atinge a corrente sanguínea. Além disso, estas características conduzem à perda da retração elástica pulmonar, causando, por isso  a obstrução do fluxo de ar nos pulmões, hiperinflação e “air-trapping”,por causa disso de forma progressiva o pacientee enfisematoso irá agravar a sua dispneia (falta de ar) à medida que a doença for evoluindo.

No sentido de melhor perceber o significado do que seja o enfisema pulmonar, devemos observar as imagens superiores do pulmão aonde é visível o ácino,que é a unidade funcional do pulmão. O ácino é a porção distal ao bronquíolo terminal da arvore pulmonar e é constituída pelo ducto alveolar seguida pelos sacos alveolares e finalmente os alvéolos. Entre os alvéolos existem os poros de Kohn, que são pontos de ventilação colateral normais nos adultos, mas infelizmente eles poderão também ser a localização inicial de destruição e desenvolvimento do enfisema; Importante salientar de que o enfisema pulmonar e a bronquite crónica são causas de obstrução brônquica e são englobadas numa única patologia designada por doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC),por isso muita da abordagem e do tratamento do enfisema é indissociável da DPOC.

Classificação:

A forma como está envolvido o ácino na doença determina a classificação do enfisema, podemos com isso termos quatro tipos da doença, a saber:

Enfisema centroacinar

O enfisema  centroacinar é o tipo mais comum e está intimamente associado a longa e pesada exposição pelo tabagismo ( vicio de fumar ).

De maneira clássica, a destruição dos bronquíolos respiratórios leva à união entre si e produz espaços enfisematosos bem demarcados, separados a partir da periferia acinar,porém mantendo intactos os ductos alveolares e os alvéolos; observamos que os poros de Kohn são em elevado número e anormais em tamanho e forma, portanto nesses casos estes poros são possivelmente o local inicial de destruição pulmonar.

Estas lesões podem variar de forma quantitativa e qualitativa dentro do mesmo pulmão, sendo muito comum a irregularidade de envolvimento dos lóbulos, sendo em geral mais comuns e mais graves nos lobos superiores do que nos inferiores, mas graças a Deus o parênquima que envolve o enfisema é normal.

Enfisema acinar distal

Nesses casos foi descrito a existência de conjuntos de bolhas subpleurais (adjacentes à pleura) que se estendem ao parênquima prolongando-se ao longo dos septos.

Uma vez que a parte distal do ácino (sacos alveolares e dutos) é a porção predominantemente envolvida, o enfisema é mais evidente na região próxima à pleura, juntamente aos septos lobulares (enfisema paraseptal), às margens dos lóbulos e alvéolos (enfisema periacinar), e ao longo de vasos e vias aéreas que, quando cortadas longitudinalmente, exibem um padrão linear.

Geralmente, este tipo de enfisema é limitado na sua extensão e é observado frequentemente ao longo do segmento anterior e posterior do lobo superior e ao longo da região posterior do lobo inferior, no entanto quando é extenso, geralmente torna-se mais grave na metade superior do pulmão, estando sempre associado à existência de fibrose do tecido entre os espaços aéreos alargados.

Enfisema panlobular

Nesses casos a distinção entre os ductos alveolares e os alvéolos torna-se difusa,pois os alvéolos perdem os seus ângulos agudos, aumentam de tamanho e consequentemente perdem o seu contraste com os ductos aéreos.

O reconhecimento desse tipo de enfisema é muito difícil,ou seja ao contrário do enfisema citado anteriormente ele costuma atingir mais os lobos inferiores.Importante referir de que o exame histológico torna-se um método mais sensível de reconhecer o enfisema panlobular.Apesar da maior extensão de destruição de tecidos,nesse  enfisema os poros de Kohn são mais uniformes do que os encontrados no enfisema panlobular.Convém salientar que trata-se de um enfisema cuja lesão pulmonar tem como principal característica a deficiência de a-1-antitripsina,no entanto pode ocorrer como consequência da destruição permanente de vias aéreas (bronquiolite obliterante, bronquiolite constritiva).

Enfisema irregular ( cicatricial )

Recebe essa denominação porque os ácinos estão envolvidos de forma irregular, e se desenvolve ao lado de uma cicatriz, daí ser denominado de enfisema paracicatricial.,sua gravidade  depende sempre da extensão dos danos no tecido pulmonar e da quantidade de cicatrizes.

Causas

Trata-se de um doença bastante grave, sendo que sua causa mais frequente é o consumo do cigarro ( tabagismo ),infelizmente em sua lista de causas fazem também parte o tabagismo passivo, combustíveis de biomassa (fumo das lareiras e cozinhar à lareira), fumos laborais e poluição atmosférica.

OBS: Denomina-se de enfisema senil, aquele que decorre do envelhecimento pulmonar provocado pela idade.

Devemos salientar de que existe um grande risco genético para o desenvolvimento da doença, sendo que o mais estudado é o déficit de a1-antitripsina. Trata-se de uma doença genética rara que está associada ao enfisema de aparecimento precoce, devemos citar de que apesar de controverso, muitos pneumologistas defendem que todos os pacientes portadores de DPOC devem ser estudados para a deficiência de a1-antitripsina.

No entanto, as principais Sociedades Mundiais do Tórax e de Doenças Respiratórias sugerem o dose de alfa-1 antitripsina apenas nas seguintes situações:

-Enfisema de início precoce (idade inferior a 45 anos);

-Enfisema não relacionado com o tabagismo;

-Enfisema predominantemente nas bases pulmonares (pan-acinar);

-Paniculite necrotizante (doença Weber-Christian);

-Vasculite positiva c-ANCA (por exemplo, granulomatose de Wegener);

-História familiar de enfisema de início precoce;

-Bronquiectasia, sem outra etiologia;

-Doença hepática inexplicada;

-História familiar de Deficit de Alfa1 AT, DPOC, Bronquiectasias ou paniculite;

Asma persistente, com obstrução fixa do fluxo aéreo.

O HIV/SIDA é uma etiologia a ter em conta no enfisema precoce, a pesquisa dessa patologia infectocontagiosa deve sempre ser realizado em pessoas com enfisema e fatores de risco  como por exemplo o uso de drogas intravenosas ou atividade sexual de risco.

Convém referir que o enfisema intersticial é uma doença que atinge os bebés recém nascidos submetidos a ventilação; O enfisema pulmonar não é contagioso, ou seja, a doença não se transmite de pessoa para pessoa.

Quadro Clínico

Os sintomas de enfisema pulmonar leve são ligeiros e durante muitos anos o paciente não valoriza, habitualmente, quaisquer sinais ou sintomas relacionados com a doença; Geralmente o sintoma inicial é a falta de ar quando o indivíduo realiza atividades que demandem grandes esforços, como por exemplo caminhada ou subir escadas. À medida que a doença evolui começa a interferir com as atividades diárias e surge falta de ar quando realizam pequenos esforços, como por exemplo tomar banho. Os portadores da doença também têm aumento das glândulas mucosas dos brônquios o que leva a uma maior produção crónica de muco e consequentemente tosse crónica com expectoração (“catarro do fumador”).Infelizmente os sintomas no enfisema pulmonar avançado, já são bem evidentes e limitantes, a saber: Hipoxia (baixa quantidade de oxigénio no sangue), falta de ar em repouso, fraqueza muscular generalizada e desnutrição, e infelizmente como uma consequência deste envolvimento sistémico, o enfisema pulmonar pode levar à morte.

Diagnóstico

Tem como base principal a história clínica, o exame objetivo (tórax enfisematoso) e no exame de radiologia (radiografia do tórax), no entanto é com base na tomografia computadorizada de alta resolução do pulmão que o diagnóstico é feito. A radiografia de tórax é extremamente útil como auxiliar de diagnóstico no enfisema avançado e poderá excluir outras causas de falta de ar ou complicações do enfisema, porém infelizmente uma radiografia normal não exclui a presença de enfisema.

Prognóstico

Como está contido na definição da doença enfisematosa é uma destruição da base funcional do pulmão, portanto trata-se de uma patologia irreversível – enfisema pulmonar crónico, ou seja, não existe cura propriamente dita, no entanto existem medidas comportamentais e farmacológicas que podem travar a sua evolução e consequentes complicações.

Se o enfisema pulmonar não for tratado convenientemente pode trazer algumas complicações graves e pode matar, como por exemplo:

Problemas cardíacos –O paciente pode desenvolver problemas cardíacos pelo aumento da pressão das artérias da circulação pulmonar, isso é decorrente aos baixos níveis de oxigenação sanguínea e à perda de capilares pulmonares que levam a um maior esforço cardíaco (  cor pulmonale).

Pneumotórax (colapso pulmonar) – pode ser muito grave num doente com enfisema pulmonar avançado onde a função pulmonar já está comprometida.

Bolhas gigantes (enfisema bolhoso) – alguns doentes desenvolvem bolhas gigantes que podem ocupar metade do tórax ocupando o espaço disponível para o pulmão expandir (enfisema bolhoso).

Tratamento

Deve sempre ser determinado por um pneumologista (especialista em doenças dos pulmões):importante referir de que o paciente deve consultar o médico se tiver falta de ar inexplicável durante vários meses e esteja interferindo em suas atividades diárias, sempre analisando se está atribuindo estas queixas ao sedentarismo, idade ou ao peso.

O tratamento medicamentoso consiste basicamente em dois grandes grupos de medicamentos inalados (“bombas”):

Broncodilatadores – medicamentos que ajudam a aliviar a tosse e a falta de ar ao diminuírem a obstrução brônquica. (Salbutamol, terbutalina, brometo de ipratrópio, indacaterol, olodaterol, aclidinio, glicopirrónio, tiotrópio, umeclidinio,etc…e corticoides inalados, que diminuem a inflamação brônquica, reduzindo o risco de exacerbações da doença. (Budesonida e fluticasona, por exemplo)

Além do tratamento medicamentoso, a reabilitação pulmonar, constituída por técnicas respiratórias (incluindo o tratamento fisioterapêutico), exercício físico, nutrição ( orientada sempre por um Nutricionista ) e ensinos sobre a doença contribuem para a melhoria da dispneia, da tolerância ao exercício e do tempo de vida, frisando de que a reabilitação respiratória trata-se de mais do que uma simples fisioterapia.

Nos casos de déficit de alfa 1 antitripsina, existe a possibilidade de reposição desta proteína em regime hospitalar, salientando de que existem  critérios bem definidos para estes casos.

Em casos muito selecionados é possível a realização de cirurgia (ou operação) de redução de volume pulmonar, tornando o restante pulmão com enfisema mais eficiente.

O transplante pulmonar é uma opção no enfisema pulmonar muito grave quando todas as outras medidas falharam.

OBSERVAÇÃO:O paciente nunca deve automedicar-se ou tentar solução em qualquer tipo de tratamentos caseiros ou naturais.

OBSERVAÇÕES GERAIS DA PREVENÇÃO DO ENFIZEMA

Deixar de fumar; Evitar inalação de substâncias irritantes; Praticar exercício físico regularmente; Evitar a exposição a ar frio; Prevenir infecções respiratórias (vacinação pneumocócica e gripal).

No sentido de prevenir a doença os indivíduos não devem fumar e sempre evitar o fumo passivo, fumos industriais e o fumo das lareiras.

Uma Feliz e Agradável Semana, sem Fumo e sem Poluição no Ar…

NAMASTÊ!!!

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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