Duas polêmicas na Alemanha.

Enquanto estamos discutindo a CPMF e a Copa perdida de 50, agora sendo encomendada uma revanche tola para 2014, os alemães estão discutindo o nazismo, ainda encantador para alguns, e a velocidade dos automóveis.

 

Estes dois assuntos não constituem debate nas nossas conversas. O fenômeno totalitário não nos ameaça e as nossas estradas são mais perigosas que as grandes velocidades. Quanto aos engarrafamentos temos vários, nas estradas e no progresso. Mas, vamos às polêmicas alemãs.

 

1ª Polêmica

Um quarto dos alemães acha coisas boas no Nazismo.

Esta polêmica nasceu no início de setembro passado com a demissão da apresentadora do noticiário mais popular da televisão, Eva Herman, expulsa sumariamente por ter elogiado o papel social das mulheres sob o regime hitlerista.

A demissão da apresentadora da TV alemã Eva Herman, porque elogiou o nazismo e sua política em defesa da família, vem suscitando muita discussão na Alemanha.

“Nem tudo foi ruim no Terceiro Reich”, disse a apresentadora num painel em debate, transmitido ao vivo, afirmando também que o regime nazista dava mais valor à família e aos pais que o atual da Alemanha.

Herman era uma das apresentadoras do telejornal Tagesschau do canal ARD, o mais importante da Alemanha, e de vários talk shows.

Autora do livro Das Eva-Prinzip (O princípio Eva), Eva Herman esboça teses antifeministas, suscitando muitas discussões e críticas. Segundo o pensamento da apresentadora, que é mãe de um filho e já casou quatro vezes, a mulher deve retornar à sua posição de mãe e dona de casa para “estabilizar a família”.

No lançamento de um novo livro, a apresentadora elogiou a política de Hitler em relação às famílias, dizendo “é claro que essa foi uma época cruel, e que Hitler era um tirano que levou o povo alemão ao abismo.”

Seu comentário sobre o regime de Hitler num debate ao vivo na TV lhe foi fatal. (Veja no site http://minhanoticia.ig.com.br/materias/460001-460500/460373/460373_1.html)

 

Eva Herman foi expulsa ao vivo do debate, perdeu o emprego, mas a polêmica continua perturbando a Alemanha.

 

Uma votação publicada quinta-feira 18 de outubro na revista Stern deverá aquecer ainda mais os espíritos por seus resultados surpreendentes: segundo esta enquete, realizada pelo instituto Forsa, um quarto dos alemães julgam que o regime de Adolf Hitler tinha também alguns lados bons, em matéria de rodovias, políticas domésticas ou criminalidade, por exemplo.

 

A figura de Adolf Hitler ainda empolga muitos alemães.

No segmento dos que possuem mais de 60 anos, isto é, a geração que cresceu após o Terceiro Reich, tal aprovação atinge os 37%. Na fatia dos 45-59 anos esta opinião é menos compartilhada; só 15% vêem aspectos positivos no regime hitlerista. Entre os dois segmentos, um quinto dos mais jovens, cerca de 20% não condena em bloco o período nazista. ,

 

No total da pesquisa, 25% das pessoas interrogadas vêem alguns lados bons no Nazismo, 70% não vêem, e 5% disseram não saber responder, numa sondagem na qual foi ouvida uma amostra de três mil pessoas, entre 11 e 12 de outubro.

 

Apreciando o resultado, um dos vice-presidentes do Conselho central dos judeus da Alemanha, Dieter Graumann, reagiu expressando seu “desgosto” e sua “raiva”, no jornal da internet netzeitung.de

 

“Este resultado é feio, desastroso”, disse, considerando que estes números devam ser interpretados “como um sinal de advertência, a ser apreciado sem tons alarmistas.”

 

Pouco tempo após o affair Eva Herman, o cardeal conservador, Joachim Meisner, suscitou indignações, afirmando que a arte que se afastava da religião era uma “arte degenerada”, um termo que relembra as horas negras do nazismo.

 

De acordo com o Sr. Graumann, tais proposições forjam uma disposição a banalizar o nazismo. Ele convocou a classe política alemã a fazer um pouco mais para lutar contra a extrema direita e a expansão de suas idéias, e para “informar sobre a época nazista”.

“Nós temos necessidade de um estado de Direito que mostre daí pra frente os escroques”, notadamente no partido neonazista NPD, condenou o Sr Graumann.

 

2ª Polêmica.

Os alemães vão reduzir a velocidade dos automóveis?

 

Esta segunda discussão é bem mais amena. Ela surgiu da preocupação com o aquecimento global e a cruzada do ex-Vice Presidente Al Gore.

 

Habituados a dirigir os automóveis a mais de 180 km/h sem se preocupar com os limites de velocidade na maior parte dos 12.000 km de suas estradas, os alemães irão reduzir sua velocidade?

 

Num estado onde é enorme a influência do lobby do automóvel, o anúncio de uma limitação de velocidade nas rodovias teve o efeito de uma bomba, sobretudo, pela resistência do ADAC (Allgemeiner Deutscher Automobil-Club), o Automóvel Clube da Alemanha, que afirma representar 16 milhões de membros.

 

A velocidade dos carros nas auto pistas alemãs está despertando a ira dos que estão preocupados com o aquecimento global

A polêmica surgiu depois que Al Gore, o recente Prêmio Nobel, abriu hostilidade em recente conferência em Berlin, censurando os governos que se recusam a limitar a velocidade dos automóveis.

 

No sábado 27 de outubro, uma proposição neste sentido foi aprovada no congresso do SPD (Sozialdemokratische Partei Deutschlands), o Partido Social Democrático, secção de Hamburgo.

 

No dia seguinte a chanceler Angela Merkel rejeitou categoricamente a proposição deste partido que pertence à sua coligação de governo. “Antes de limitar a velocidade nas auto-estradas em 130 km/h, é importante encontrar soluções contra os engarrafamentos pelo menos tão poluentes quanto a velocidade da viatura”, declarou ela na cadeia de notícias ZDF (Zweites Deutsches Fernsehen), Segunda Televisão Alemã.

 

A polêmica, com certeza estará em todos os lugares. Quem polui mais, as grandes velocidades nas rodo pistas ou o seu engarrafamento?

 

Introduzi estes dois assuntos, só para dar um intervalo na discussão da CPMF, e na convocação que os programas esportivos já estão fazendo para uma revanche em 2014 no Maracanã, da copa de futebol ali perdida e jamais esquecida nos idos de 1950.

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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