Internet encurta as distâncias, mas pode distrair

Para colégios, internet encurta as distâncias, mas pode distrair

Diretores e coordenadores pedagógicos ouvidos pela Folha apontam a internet como meio de encurtar distâncias nas grandes cidades e de facilitar o desenvolvimento das ideias em grupo. Eles alertam, porém, para o risco de distração.
Quando docentes são chamados pelos alunos para participar de chats e blogs, um dos pontos positivos é acompanhar o trajeto de como surgem as ideias, diz Cristiana Assumpção, do colégio Bandeirantes, de São Paulo.
`Como eles estão escrevendo, ficam registradas as sugestões, então dá para entender o processo`, afirma. `Antes, só tínhamos acesso ao produto final.`
O uso da internet como ponto de encontro formado por grupos de estudantes atende a uma necessidade dos dias atuais, de acordo com o diretor-geral do colégio Marista de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), Roberto Gameiro.
`Não só a dos pais, mas a vida dos alunos também é cheia. Eles têm uma agenda carregadíssima de cursos fora da escola`, disse.
A concentração e a objetividade, aponta Gameiro, podem ser até alcançadas mais facilmente por meio desses encontros virtuais.
Para Ascânio Sedrez, do Marista Arquidiocesano de São Paulo, há casos em que o encontro nas casas dos colegas envolve outros desejos. `Alguns querem mais pelo videogame, pelo lanchinho.`
No mundo moderno, com mães que trabalham fora, lembra Reginaldo Abreu, do colégio Faap de Ribeirão Preto, nem sempre elas podem estar em casa para receber os colegas do filho `e fazer o café com bolo`.
Apesar dos pontos positivos do uso do ambiente virtual para as tarefas em grupo, um viés desfavorável, de acordo com Laez Barbosa, do colégio São Luís, da capital paulista, seria a facilidade de a internet distrair os alunos.
`E é importante também o contato pessoal com quem pensa diferente`, afirma. `O aluno precisa aprender a conviver com as diferenças.`
AO VIVO E VIRTUAL
A interação pela internet é um fato irreversível entre adolescentes, mas é importante estimular sempre que possível o contato pessoal com os colegas em casa, no ambiente fora da escola.
A opinião é de Claudemir Belintane, da Faculdade de Educação da USP, que pesquisa linguagem e meios eletrônicos. `Acho importante que as famílias se conheçam, que um vá à casa do outro, e não ficar no seu cubículo achando que está interagindo com o mundo.`
Já a psicóloga Rosely Sayão, colunista da Folha e especialista em educação, diz não ver diferença na interação ao vivo ou via internet. Para ela, a tecnologia ganha qualidade ao ser usada como instrumento de estudo, e não só para diversão.
FONTE: JULIANA COISSI – FOLHA DE SÃO PAULO – 02/12/2012 – SÃO PAULO, SP

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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