Nas ruas de Arauá, por Paulo Lobo

Cartas do Apolônio

 

Cascais, 9 de setembro de 2005

 

Caros amigos de Sergipe:

 

Soube que na próxima quarta-feita será lançada uma nova revista nas terras de João Muamba. Trata-se da ‘Ruas de Ará’ do meu colega colunista, o compositor Paulo Lobo, com o qual, aliás, não sei por que cargas d’água muita gente anda me confundindo nos últimos dias.

Acaso o cantante quarentão teria erudição suficiente para redigir páginas tão inebriantes? Sinceramente, não acredito.

Meus amigos, modéstia à parte, eu jamais macularia a última flor do lácio com versos como “Aracajueiro, aracajuá, dança do guerreiro, Ruas de Ará”, como costuma cantar o rapazola da “Cena Cultural”, saracoteando com um violão pendurado no pescoço. Francamente!   

Mas o fato é que a tal revista já está  indo pras bancas e pretende segundo seu autor, preservar a memória cultural da cidade. Ainda bem que tomo Esketan todos os dias.

Dizem que ‘Ruas de Ará faz um recorte de cada uma das ruas da nossa cidade’. Recortes? Não seria melhor chamar o Ocimar Versolato? Sei não, acho que esse negócio de recorte é coisa de boiola.

Aliás, na primeira edição parece que há uma reveladora matéria sobra a parada gay ocorrida há algumas semanas na Passarela do Carangayjo, digo Caranguejo. Passarela, recortes… huuum, sei não, hein!!.

O fato é que neste tal número de estréia, há assuntos para todos os gostos. Das memórias do amigo Jouberto Uchoa às raparigagens de Luiz Eduardo Costa quando jovem, da picardia do Ivan Valença e o estranho hábito do João Ubaldo em hipnotizar perus. Deve ser mesmo uma loucura!

Não me imagino jamais fazendo uma publicação deste jaez, porém, creio que não me custa nada ajudar o musical colega, com a minha vasta experiência no folclore das terras de Maguila. 

Por isso sugiro à nova publicação que entreviste, por exemplo, a impoluta figura

do compositor Alcides Melo, cuja destreza nas diversas técnicas do sexo solitário

colocava em polvorosa as mocinhas da bucólica Rua Santa Luzia nos idos dos anos 70. E os senhores sabem, a solidão é um dos maiores males da vida

moderna.

A matéria certamente seria uma verdadeira aula de educação sexual para os adolescentes sergipanos, que, na falta de uma melhor orientação erótico-pedagógica, são obrigados a fazer verdadeiros malabarismos nos banheiros dos shoppings a fim de desfrutarem de alguns fugazes momentos de prazer.  

Tenho ainda várias outras sugestões de lugares supimpas e figurinhas carimbadas para a nova atração do jornalismo localzinho, mas fica para uma outra ocasião. É que a Sulamita, minha secretária bilíngüe e boazuda acaba de chegar, e Etevalda, a única que presta, acaba de sair. Seria, pois, a mais imperdoável heresia se eu, pobre pecador, ficasse indiferente a mais essa generosa manifestação da divina providência. 

 

Até semana que vem.

 

Um abraço do

 

Apolônio Lisboa.

 

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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