Sair do burburinho do litoral potiguar e se debruçar em uma capital mais histórica e tradicional é uma forma de conhece melhor o dia a dia da Capital do Sol que tenta preservar o natural, ao mesmo tempo que se verticaliza em arranha-céus. É perceptível os contrastes, contando com dunas encravadas entre largas avenidas que margeiam shoppings e centros de compras. Ponta Negra, Miami, praia dos Artistas são algumas das áreas onde turistas se aglomeram para curtir Natal. Ribeira e a Cidade Baixa são bairros menos visitados, mas que merecem uma atenção especial para quem quer curtir Natal bem mais além que o seu litoral.
Contando com uma população crescente de 878 mil habitantes (IBGE 2018), fundada em 25 de dezembro de 1599 (daí surge o nome Natal), às margens do rio Potengi, a Cidade dos Reis Magos, a Terra do Camarão, de Câmara Cascudo é uma cidade que deve ser visitada em sua totalidade, a exemplo do centro histórico da Cidade Baixa.
É bem verdade que devido a base norte-americana sediada em Natal para a Segunda Guerra Mundial, muitas curiosidades ficaram, além de nomes de lugares que ganharam vez em terras potiguares, a exemplo do bairro Tirol, Rocas, praia de Miami, entre outros. O hábito de tomar Coca-Cola, a moda entre as mulheres de usar calça, o gosto pelo idioma inglês, além da construção da Base Área de Parnamirim são algumas delas. Visite o site Curiozzo e veja fotos. Deixando a americanização da cidade na história, o convite é para conhecer alguns dos prédios emblemáticos da cidade.
O tour pode iniciar no Centro de Turismo de Natal, ainda no bairro de Petrópolis, antigo prédio datado do século XIX, construído para ser abrigo de mendigos e depois casa de detenção. Hoje as celas funcionam como lojas de artesanato. Vale a pena ir até o segundo andar e observar as obras que variam de antiguidades e artesanato na galeria do centro. Não deixe de apreciar a vista do bairro de Rocas e da ponte Newton Navarro, ao longe, que interliga a Redinha.
Bela Vista
Percorra a avenida Gustavo Cordeiro de Farias e passe pela antiga rodoviária, hoje Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão, além da praça Augusto Severo, com belos exemplares de casarões. Uma ladeira conduzirá pela avenida Câmara Cascudo até o Casarão do Relógio, hoje unidade do Sesc.
Veja a balaustrada que data do início do século XIX até chegar aos sobrados da Bela Vista, também unidade do Sesc. O Solar Bela Vista é um palacete residencial construído em 1907, em estilo neoclássico, pelo então coronel Aureliano Medeiros — um dos homens mais ricos do estado na época. Tombado pelo Patrimônio Histórico, o lugar já foi um hotel luxuoso (décadas de 1950 e 1960). Seu salão de festas foi testemunha de grandes festas desde a Segunda Guerra Mundial, quando a cidade foi base militar norte-americana. Vizinho a ele fica a casa da família de Câmara Cascudo, a frente a Capitania das Artes, prédio onde funcionou a Capitania dos Portos.
Sobrado Câmara Cascudo
A dica é conhecer o cotidiano potiguar adentrando no mundo do antropólogo, jornalista e maior pesquisador da arte brasileira: Câmara Cascudo. O sobrado adquirido por ele a família da esposa está em bom estado de conservação e é sede do instituto, em que resguarda documentos, mobiliários, artes e objetos da família Cascudo.
Em uma das salas, a monitora do instituto explica que ali só era permitido entrar quem ele autorizava, em troca do acesso, os ilustres visitantes deixavam suas assinaturas nas paredes da sala. É emocionante observar as assinaturas do Juscelino Kubistchek, Roberto Freire, Ari Barroso com desenhos de notas musicais, além da assinatura que diz “Delegação de Sergipe”. O turista conhece o quarto do casal, dos filhos, a cozinha, além de um belo exemplar de banheira no sanitário do fundo da casa. O acesso custa R$ 5.
Praças 7 de Setembro e André de Albuquerque
Na praça André de Albuquerque ficam os antigos Palácio Potengi, sede do governo que hoje abriga o Palácio da Cultura e a Pinacoteca de Natal, com espaço cultural e acervo importante. O prédio, em estilo neoclássico, foi sede do governo até a década de 1980, e, antes disso, abrigou a Assembleia Provincial. O palácio está fechado para restauro. Ao lado dele está a igreja devota a Nossa Senhora da Apresentação, padroeira de Natal, e que foi a primeira capela construída em 1599 para a missa de fundação da capital do Rio Grande do Norte.
Em 1633, com a invasão dos holandeses no Rio Grande do Norte, a igreja de Nossa Senhora da Apresentação tornou-se um templo calvinista e permaneceu assim até a expulsão em 1654.
A igreja fica aberta de segunda à sexta, das 9 às 19h, aos sábados, das 9 às 13h, e aos domingos, das 6 às 11h e de 13h às 19h. Nestes horários são realizadas missas com o arcebispo local.
Na praça 7 de setembro o azul da fachada do prédio neoclássico chama atenção para a sede da Prefeitura de Natal. Pertinho dali, na rua Santo Antônio, fica a harmoniosa igreja do galo e convento de Santo Antônio. Sua fachada pintada em azul com branco contrastam com os traços barrocos da igreja. O altar-mor em talha de madeira é um representante da história potiguar, que não possui tantos prédios históricos grandiosos em sua arquitetura.
Vale a pena também dar uma passada pela avenida Rio Branco, burburinho comercial do Centrão de Natal. A catedral católica metropolitana com seus traços modernistas, já na avenida Marechal Deodoro, dará a benção para seguir a outros pontos da Cidade do Sol.
Dicas de viagem
Como em outros centros comerciais brasileiros, leve o básico e não descuide dos pertences. Há pontos que não são turísticos e poucos transeuntes passam por seus prédios históricos, por estarem fechados para restauro.
Conhecer o centro da cidade a pé se configura como uma boa opção para adentrar nas ruas e avenidas. Pesquise antes e tenha sempre um ponto com central para se locomover.
Apensar de Natal ter grandes e largas avenidas que permitem o fácil acesso aos principais pontos da cidade, a mais tranquila forma de chegar ao centro histórico é de táxi ou carro particular. Não é recomendado se hospedar no centro.
O centro histórico de Natal não há grandes representações arquitetônicas como acontece em outras capitais nordestinas, mas vale a pena visita-lo para quem quer conhecer e se aprofundar sobre a capital potiguar.
Da praia de Ponta Negra para a Cidade Baixa de Natal há transportes de aplicativos que custam, em média, R$ 20.
Gastroterapia
A ginga é um nome regional dado a um peixe da espécie manjuba, parecida com a piaba ou pititinga. O peixinho tem cerca de 15cm e geralmente é servido assado na grelha ou empanado. Típico do Rio Grande do Norte, é considerado Patrimônio Imaterial do Estado do estado e, servido com tapioca, outra iguaria nordestina que tem origem indígena.
A ginga é facilmente encontrada pelas ruas da cidade de Natal e incorporada em tradicionais restaurantes, que buscam a culinária de raiz e as tradições locais.