Pelo São Francisco

Muito magro, amparado por auxiliares, mas ainda lúcido, o bispo da cidade de Barra (BA), Luiz Flávio Cappio, celebrou uma missa para cerca de 2500 pessoas, na cidade de Cabrobó, alto sertão de Pernambuco. Foi um ato de muita emoção, que comoveu homens rudes e fortes da caatinga. Cappio aniversariou ontem, dia de São Francisco. Acordou de madrugada, como o faz normalmente, banhou-se no rio e começou as distribuir bênçãos aos fiéis. O bispo está há dez dias em greve de forme, contra o projeto de transposição do rio São Francisco. Ele participou do evento até o fim. Rezou, emocionou-se com os discursos e até pediu a um sanfoneiro um “dó maior” para cantar o hino religioso “Que todos tenham a vida eterna”. O bispo reiterou sua disposição de manter o projeto até a morte e insistiu em pedir ao presidente Lula que revogasse o projeto. No final pediu também a mobilização popular: “vamos lutar pela vida do rio e por esse pobre servo de Deus”, implorou.


Ontem, com a participação de um grande grupo de jornalistas, Cappio fez um pedido à imprensa: “não centralizem as atenções em mim, devemos focar as atenções sobre o objetivo do gesto, não sobre o gesto em si, que é a luta pelo rio São Francisco”, afirmou. “A comoção não vai levar a nada”.


O governador de Sergipe, João Alves Filho (PFL), ao lados de centenas de sergipanos, entre políticos e romeiros, foi a única autoridade presente na missa campal celebrada pelo bispo na zona rural de Cabrobó que pediu a suspensão da greve de fome. “Essa não é uma luta política, essa é uma luta de sobrevivência do povo nordestino”, afirmou. João Alves Filho pediu ao bispo que aguardasse o resultado de três ações judiciais que o governo de Sergipe prepara contra o projeto de transposição. “Se ele vier a morrer, o culpado tem nome e sobrenome: Luiz Inácio Lula da Silva”, disse o governador. Cappio, entretanto, decidiu manter o jejum. O deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ) também esteve em Cabrobó e acusou o presidente de está muito “comprometido com a obra, porque ela vai trazer uma grande propaganda para a campanha eleitoral”. Lembrou que, que na campanha eleitoral de 2002, o programa do PT “era contra à transposição e favorável à revitalização do rio. No meio do caminho Lula virou. Aliás, ele sempre teve um discurso ambíguo. Em Sergipe dizia que era contra a transposição, no Ceará, que era a favor. Em cada estado tinha a posição que supunha ser majoritária”, atacou Gabeira.

 

O deputado federal José Sarney Filho (PV-MA), que foi ministro do Meio Ambiente, disse que o presidente Lula ainda não sabe da importância da greve de fome do bispo Luis Cappio: “se o bispo morrer, o presidente Lula vai ficar em uma situação muito complicada”. E aconselhou que “ele deveria fazer uma reflexão, ligar para o ministro Ciro Gomes e pedir para que interrompa imediatamente as obras, o projeto, e abrir um diálogo”.

 

O Planalto fez uma manifestação excessivamente fria em relação ao drama que começa a mobilizar o país e a comover até mesmo a pessoas dos estados beneficiários da transposição, que estavam ontem em Cabrobó. O ministro da Coordenação Política, Jacques Wagner, deu até uma boa notícia ao considerar que o governo está sinalizando e dando prioridade também às obras de revitalização do rio São Francisco, mas não espera influir na greve de fome do frei Luiz Flávio Cappio, bispo da cidade de Barra (BA). Wagner considera que “greve é uma questão de foro íntimo do frei”. Parece cínico se não fosse cruel. O recado que chega do Planalto é que as obras vão continuar porque independe de um protesto que ponha em risco a vida de um religioso e toda a revolta de uma gente que teme a Deus.

 

A transposição do rio é uma meta eleitoreira do presidente Lula, não pelo voto, porque o que ele ganha de um lado perde do outro, mas para fundos de campanha. Iguais às que o PT colocou no balcão de negócios para fazer base de apoio, comprar corruptos e assegurar o seu projeto de poder.

 

 

SUKITA

O advogado Jorge Rabelo entra hoje com agravo regimental para que a liminar que cassou o prefeito de Capela, Manoel Messias Sukita Santos (PPS) seja decidido em plenário do TSE.

Jorge considera a decisão do ministro Humberto Gomes de Barros equivocada porque ele entendeu valorização de prova como reapreciação de prova.

 

ELEIÇÃO

Caso seja mantida a cassação do prefeito Messias Sukita, o presidente da Câmara assume e uma nova eleição municipal será feita em Capela.

Há um detalhe: Messias Sukita não será impedido de disputar o novo pleito. Ele espera ganhar no TSE agora, mas se for necessário tentará faze-lo no voto pela segunda vez.

 

ELBER

O vereador Elber Filho conversou, segunda-feira, demorada demoradamente com o senador Valadares (PSB), Avisou que vai manter a boa relação, mas prefere se afastar do partido.

Lembrou que sempre defendeu candidatura própria, porque acha que o “PSB tem nome e condições para isso”.

 

CAMINHO

Elber Filho segue o caminho do PDT lançando esse projeto de candidato a governador. Lembra que não é uma imposição, é um nome para discussão.

João Fontes (PDT) concordou com a sua candidatura ao governo e Elber diz que está pronto para esse projeto novo: “vamos ser uma opção, correndo todos os riscos”.

 

CANDIDATO

O prefeito Marcelo Déda (PT) disse ontem que ä hipótese de deixar a Prefeitura para disputar o governo é cada vez mais concreta. E adianta: “estamos saindo como desafiante”.

Deixa claro que não seria “maluco para arriscar o mandato, se não tivesse sentindo o estímulo da sociedade”. Acha também que “esse é o meu destino”.

 

EXPERIENTE

Marcelo Déda reconhece que vai disputar o pleito com um dos políticos mais experientes do estado: “é um adversário extremamente duro”.

Déda admite que ninguém pode cantar vitória em nenhum momento antes do pleito: “nem de um lado e nem de outro”.

 

SENADOR

José Eduardo Dutra (PT) está muito tranqüilo em relação ao próximo pleito. “Ele veio com humildade, sem impor nada a ninguém”, disse Déda.

A oposição lembra de três nomes para o Senado: Heleno Silva, José Eduardo e alguns pensam em Albano Franco: “temos um período para analisar para ver quem formará a chapa”.

 

PETROBRAS-1

Michelle Hervé, da Gerência de Imprensa da Petrobras, envia e-mail a Plenário e dá explicações sobre as questões que envolvem matéria publicada em Veja, no que trata o relatório do TCU.

Diz que o processo de auditoria do TCU ainda não foi concluído e a Petrobras não teve oportunidade de fazer sua defesa, garantida pela constituição.

 

PETROBRAS-2

Segundo Michelle, “a companhia fará a defesa assim que for notificada pelo TCU, dentro dos prazos previstos e com a costumeira transparência”.

Lembra “que antes da conclusão do processo não se pode inferir que os indícios de irregularidades encontrados pelo TCU estejam vinculados a qualquer ato de corrupção”.

 

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No e-mail, Michelle Hervé ainda esclarece que “da mesma forma, não se pode afirmar que exista qualquer ligação entre os contratos examinados pelo TCU e o chamado mensalão”.

Ao concluir, Michelle lembra que o “mensalão sequer teve sua existência comprovada pelas CPIs em curso no Congresso Nacional”.

 

DESMENTE

O deputado federal João Fontes (PDT) desmentiu qualquer acordo entre o PFL e o seu partido. Disse que “se Almeida queria alguma desculpa para romper com João Alves, conseguiu”.

Classificou a candidatura de Almeida de “laranja, pois se ele realmente quisesse se candidatar entregaria os cargos que tem no governo”.

 

REBATE

O senador José Almeida Lima (PMDB) rebateu as acusações de João Fontes com uma pergunta: “Se não represento nada, por que esta preocupação toda”?

Em entrevista à rádio Jornal, Almeida disse que a as candidatura será a “alternativa que o PMDB dará aos eleitores que não querem a mesmice do PFL e nem o engodo do PT”.

 

ESTRANHA

O presidente regional do PSC, José Edvan Amorim, estranhou ontem a informação de que teria considerado a candidatura do senador José Almeida Lima (PMDB) a governador, um blefe.

Lembrou que a candidatura do senador deve ser discutida pelo PMDB: “não tenho o direito de me envolver em decisões de outros partidos”.

 

PSC E PDT

Amorim relatou que durante almoço que teve com o deputado federal João Fontes, em Brasília, aventou-se a possibilidade de uma composição entre PSC e PDT.

Segundo Amorim, essa coligação seria proporcional, porque o PSC apóia a reeleição do governador João Alves Filho. Já o PDT poderia ter outro nome ao governo.

 

 

Notas

 

BARREIRA

A Clausula de Barreira, condição imposta pela Lei dos Partidos Políticos, vale para 2006 e tem o objetivo de inviabilizar os chamados “partidos de aluguel”, embora também atinja alguns partidos considerados “ideológicos”. Para funcionar normalmente o partido deve obter 5% de votos válidos na eleição.

Do contrário, o partido não poderá ter funcionamento parlamentar nas Casas legislativas, além de ver reduzida a quase nada sua participação nas verbas do Fundo Partidário e seu tempo de propaganda partidária.

VERTICALIZAÇÃO

Norma do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) baixada em fevereiro de 2002 segundo a qual os partidos não podem fazer, nos estados, coligação diferente da realizada em nível federal – podem deixar de fazer aliança nos estados, mas não fazer alianças diferentes, o que tem prejudicado muita gente.
O fundamento da decisão está na interpretação de dispositivo da Constituição segundo o qual os partidos têm “caráter nacional”. Verticalização é porque TSE faz a deliberação do partido de cima para baixo.

 

FEDERAÇÃO

Sistema proposto para substituir as coligações partidárias nas eleições proporcionais  A federação permite que os partidos com maior afinidade ideológica se unam para atuar de maneira uniforme em todo o País e, ao mesmo tempo, contribui para que os pequenos partidos ultrapassem a Cláusula de Barreira.

Ela funciona como uma forma de agremiação partidária, formada até quatro meses antes das eleições. Durante três anos, eles deixarão de atuar como partidos isolados e passarão a agir como se fosse um único partido.

 

 

É fogo

 

A inauguração do Extra provocou imenso engarrafamento n avenida Tancredo Neves, sendo necessária a presença da polícia para controlar a multidão.

 

Apenas uma loja de supermercados concorrente forte provocou preocupação na rede que domina o estado de Sergipe.

 

Ana Lúcia e Márcio Macedo estão se preparando para disputar o segundo turno das eleições diretas para o Diretório Regional do PT em Sergipe.

 

Muita gente ainda não definiu os partidos que vão esperar mais alguns dias para não cometer equívocos que lhes valha uma eleição.

 

O deputado estadual Adelson Barreto trocou o PDT pelo PSB e vai atuar ao lado do colega Belivaldo Chagas.

 

O ex-governador Albano Franco (PSDB) mantém silêncio quanto sua candidatura no próximo ano. Está ouvindo muita gente.

 

Etélio Prado deixou a Secretaria da Agricultura, mas passou a ser membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.

 

O deputado Ivan Paixão é o único que ficou no PPS com disposição para disputar as eleições de 2006. Paixão é suplente.

 

A disputa pela Câmara Federal será uma das mais difíceis dos últimos anos, porque tem muita gente forte como candidata.

 

A indústria está se preparando para o Natal em clima de otimismo moderado. O cenário se apóia na recuperação da renda do trabalhador.

 

O preço do carro usado durante o mês de agosto registrou uma queda de 0,39%, considerando todos os modelos nacionais e importados produzidos entre 1996 e 2005.

 

Cerca de 30 mil famílias deverão aproveitar o subsídio de R$ 130 milhões liberados pelo Ministério das Cidades e construir ou comprar sua casa própria.

 

brayner@infonet.com.br

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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