Senhoras e Senhores, Sergipe Perdeu.

Perdemos um referencial. Morreu Luiz Antonio Barreto. O menestrel da cultura sergipana partiu prematuramente, jovem ainda, considerando a dimensão de sua obra e o muito que ainda poderia fazer por ela e pelo seu estado.
O destino foi impiedoso, não lhe deu a chance da merecida escolha, tomou-lhe, sem clemência, a oportunidade de continuar. Arrebatou-o de seus familiares, de seus amigos e, sobretudo, de seu Sergipe: da sua história e da sua cultura.

A construção ficou inacabada, à espera que outros a tomem às mãos e prossigam. Mas, quem? Onde está ou estão os continuadores? Esta é, sem duvidas, uma das grandes e, talvez, a pior de todas as constatações. Quem se aproximará do talento e boa vontade do Mestre e terá o amor e a doação a uma causa tão nobre, porém, árdua e incompreendida? Pois ela exige isso: esforço, doação, comprometimento e amor. Sem estes ingredientes a locomotiva cultural não se move.

Ele se foi, levou consigo a esperança e deixou para trás esse vazio impreenchível no meio cultural desta nação que tanto o amava e um vazio dorido nas almas dos seus familiares, amigos e daqueles que tiveram a sorte de privar, mesmo que de longe, de sua amizade.

Luiz Antônio Barreto, na singeleza dos sábios e na mansidão dos justos, se hospedou em Deus. Foi fazer companhia a João Ribeiro, Silvio Romero, Laudelino Freire, Tobias Barreto, Cabral Machado, Thetis Nunes, Benvindo Sales, Seixas Dória… Exatamente aqueles que com tanta facilidade biografava com a mais lídima coerência, pontuando detalhes que somente ele era capaz de fazer sem agredir a boa crônica, a cadência e a ordem dos fatos.

As suas “aulas” tinham início, meio e fim, não sobrando muito para a dúvida nem para o mau entendimento. Ele, quando falava, se transportava e conduzia também os seus ouvintes para o palco das ocorrências, para as cenas historiadas. A sua crônica tinha cheiro e cor, se ouvia e se sentia; as suas palestras eram consagradas ao real, com a modéstia dos que sabem, fala mansa, ritmo cadenciado, conduzia seus ouvintes pelos sinuosos caminhos da história para concluir, sempre magistralmente, com a emoção contida, nas notícias reais, carregadas de detalhes que facilmente convenciam e agradavam, pois verdadeiros. Suas plateias, quer fossem formadas por estudantes ou professores, políticos ou acadêmicos, não piscavam enquanto ele despejava da sua voz segura, porém suave, dados, fatos e informações que interessava a todos.

Fez muito o nosso Mestre, ultrapassou, com a sua verve, sua escrita e seu talento, o lugar comum, colocando-se, por isso, no Panteão dos grandes. Além de uma frutífera e ativa vida cultural desenvolvida durante toda a sua trajetória como: membro da Academia Sergipana de Letras, Secretário de Estado por duas vezes, da Educação e da Cultura, diretor da Galeria Álvaro Santos, Assessor do Instituto Nacional do Livro (INL), superintendente e Diretor do Instituto Joaquim Nabuco, Diretor da Fundação Augusto Franco, Diretor do Instituto Luso-brasileiro de Filosofia (Portugal), atuou em vários Jornais: Correio de Aracaju, O Sergipe Jornal, Folha Popular, A Cruzada, Correio de Sergipe, Jornal da Cidade, Gazeta de Sergipe e Revista Perspectiva… Fundou o Instituto Tobias Barreto, hoje uma das maiores fontes de pesquisa de Sergipe, escreveu vários livros, fez várias biografias e, como disse a Professora Tânia Menezes, num texto publicado no Portal das Letras: “Para onde ele lançava o olhar o fazia de forma investigativa”. E apaixonada, acrescento eu. Nos últimos anos, sem abandonar a sua trajetória, tornou-se blogueiro, nosso companheiro aqui, no Portal Infonet, onde nos brindava, toda semana, com uma coluna recheada de essência e história sergipana.

Nessas matérias a sua pena se movia sempre impulsionada pela curiosidade de aspectos e formas de transmitir conteúdos baseados em fatos reais, resgatando retalhos da história, costumes culturas e folclores genuínos, deste estado que tanto amou. Para ele a existência destes atos e fatos, mormente quando referentes ao Sergipe Del Rey e ao seu povo, não significavam apenas atos e fatos sociais, eram documentos, cultos, crença e fé, tinham vidas próprias, eram sagrados.

Como Foi cedo o nosso cronista maior. Vai fazer muita falta, Sergipe está de luto.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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