Sobre a Guarda Militar de Aracaju

A sigla GMA já pode ter o seu significado substituído de Guarda Municipal de Aracaju por Guarda Militar de Aracaju. Enquanto entidades e grupos de direitos humanos de todo o país reivindicam a desmilitarização da Polícia Militar, a Prefeitura de Aracaju – não satisfeita com a atuação da PM, de âmbito estadual – vai criando a sua corporação militar própria. Corporação que, progressivamente, tem revelado a sua face autoritária e repressora.

O exemplo mais recente do poder cada vez mais militarizado da Guarda Municipal de Aracaju aconteceu na última sexta-feira, dia 9, quando a GMA se aliou à PM/SE e tentou, na base da truculência, impedir o ato “rolezinho contra a Copa”. Episódio mais recente, porém não o primeiro. Durante as manifestações de 2013, por vezes, a GMA usou e abusou da força para reprimir. Em uma das situações, guardas municipais distribuíram spray de pimenta nos olhos e cacetetes nos ombros de estudantes e trabalhadores que tentavam apenas acompanhar uma sessão da Câmara de Vereadores que discutiria o reajuste da tarifa no transporte coletivo.

E a cena vista na sexta-feira passada, em frente a um dos shoppings da cidade, muito provavelmente também não será a última, já que esse modo autoritário e repressor de atuação da Guarda Municipal é apenas reflexo da concepção de João Alves Filho sobre segurança pública. Durante a campanha eleitoral que o levou a assumir a Prefeitura de Aracaju, João Alves afirmou, em inúmeras oportunidades, que em sua gestão a Guarda Municipal iria dispor de “inteligência”, “tecnologia” e “armas letais e não-letais”. Trocando em miúdos, uma Polícia Militar em nível municipal.

Nenhuma novidade. Afinal, é característico dos oligarcas a utilização da força militar, aliada ao poder político e econômico, para a implementação do seu projeto de sociedade. Não esqueçamos que o atual prefeito de Aracaju foi prefeito da capital sergipana também durante a Ditadura Militar.

Por isso, mesmo que a Ditadura Militar tenha acabado há quase 30 anos a mentalidade que entende as manifestações populares como "casos de polícia" ainda permanece, nem que para isso seja necessário militarizar um órgão municipal, como João Alves vem fazendo com a GMA. O alvo, como no período da Ditadura, permenece o mesmo: estudantes e trabalhadores que ousam quebrar o silêncio.

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