Acusado pelo assassinato da transexual Laysa Fortuna, crime que ocorreu em outubro do ano passado em Aracaju, Alex da Silva Cardoso foi condenado a 12 anos de prisão em júri popular ocorrido na manhã desta terça-feira, 12, no Fórum Gumersindo Bessa, na capital sergipana. A vítima foi atingida por golpes de arma branca na noite do dia 18 de outubro do ano passado no centro de Aracaju e nesta terça-feira, o réu foi submetido a júri popular.
O juiz Alício de Oliveira Rocha Júnior, presidente do 1° Tribunal do Júri, publicou a sentença ao meio-dia, após o corpo de jurados opinar pela condenação do acusado. O advogado Ermelino Costa Cerqueira, que atuou na defesa do réu, não concorda com o resultado do julgamento e já ingressou com apelação criminal no juízo da 5° Vara Criminal, por onde tramitou a ação penal.
Na sentença, o juiz Alício Júnior não concedeu ao réu o direito de aguardar a apelação criminal em liberdade, entendendo que o crime foi praticado com violência e grave ameaça. O réu foi preso dois dias após o crime, no dia 20 de outubro, mediante mandado de prisão preventiva expedido pela justiça por solicitação do Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP). O juiz entendeu que o fato do réu ter ficado preso por um período de um ano e 23 dias não seria suficiente para o réu abandonar o regime fechado e o manteve preso.
Expectativa
O julgamento começou com a composição do corpo de jurados. A presidente da Associação Unidas de Luta pela Cidadania, Jéssica Taylor, foi a primeira testemunha a ser ouvida durante a sessão do júri, que ocorreu no auditório da 6ª Vara Criminal no Fórum Gumersindo Bessa, em Aracaju. “A torcida de todas as trans [transexuais] é que ele seja condenado”, disse, logo após o depoimento. “Esse caso não pode ficar impune, que sirva de exemplo. É um momento para que a sociedade reflita e que justiça seja feita. Ninguém pode tirar a vida de uma pessoa só porque ela é transexual”, comentou, após o depoimento.
No depoimento, Jéssica Taylou informou que, antes do crime, ela própria teria sido abordada por Alex Cardoso, que costumava ficar na praça e ‘perturbar’ as transexuais, ameaçando-as de morte, inclusive. Além de xingá-las, conforme Jéssica Taylor, o acusado também jogava pedras nas transexuais, profissionais do sexo, que costumam rondar o centro da cidade à noite em busca de clientes.
Jéssica Taylor informou que na noite do crime estava distribuindo preservativos no centro comercial, um trabalho rotineiro do grupo da Associação Unidas, e que Alex Cardoso chegou a abordá-la, exibindo uma faca. “Fiquei muito assustada, minha sorte é que apareceu um homem, que foi meu anjo da guarda, e disse: ‘o que você quer com ela, rapaz?’ e ele então saiu”, contou a ativista.
No depoimento, ela ressaltou que momentos depois dessa abordagem foi informada sobre o crime através de um homem, que teria se aproximado dela, em um veículo, determinando que ela entrasse no carro porque tinha acontecido algo ruim como uma das colegas dela, em local bem próximo onde Jéssica se encontrava distribuindo preservativos. “Entrei no carro e lá [na rua] já me deparei com ela desesperada, ferida”, contou.
Naquela noite, Alex Cardoso chegou a ser localizado e conduzido a uma Delegacia de Polícia Civil, mas foi liberado. Posteriormente, o caso começou a ser investigado pelo DAGV e o acusado acabou preso por determinação judicial.
por Cassia Santana
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