Imagens mostram última aparição de crianças mortas por mãe e padastro

O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Secretaria de Segurança Pública (SSP/SE) divulgou na manhã desta segunda-feira, 16, novas informações e imagens das crianças que foram brutalmente assassinadas e jogadas em um lago localizado no bairro Santa Maria, em Aracaju. A divulgação ocorreu durante coletiva de imprensa realizada no DHPP, onde médicos legistas, peritos e o delegado responsável pelas investigações, Mário Leony, abordou detalhes da investigação.

Nas imagens gravadas por câmeras de segurança próximo à residência das vítimas é possível ver Mikael Allan dos Santos e Sara Yasmin dos Santos Gomes saindo da casa no período da manhã e os tutores retornando à residência no período da noite. “No primeiro trecho é possível ver as crianças correndo nas imediações. [A partir daí] a gente tem a noção de que até por volta de meio-dia elas ainda estão vivas. A segunda imagem comprova que eles passaram o dia inteiro longe e ambos começam a ‘zanzar’ na rua como se estivessem procurando as crianças e só retornam às 23h. Entre as 23h e 23h30 Juciara já é vista sem a companhia de Luciano. Ali o crime já teria ocorrido”, informa o investigador.

Delegado, médicos legistas e peritos detalham atuação em conjunto durante investigação. (Foto: Portal Infonet)

De acordo com o delegado, as oitivas de Juciara Soares dos Santos, 38, e Luciano de Oliveira, 35 anos (mãe e padastro) apresentaram diversas contradições. Enquanto o segundo nega o crime, a mãe apresentou em cada um dos quatro depoimentos à polícia uma versão diferente. “Ela alega que somente presenciou a execução e que não teve participação. Mas diante de tudo que apuramos, não há como não ter havido a cumplicidade dela. Ela era muito violenta com as crianças, principalmente com a menina, que já vivia perturbada, que se escondia para não voltar para casa e fugia da residência, tendo sido vista com lesões diversas vezes”, explicou Mario Leony.

A suspeita inicial de afogamento envolvendo as crianças foi descartada a partir de um estudo técnico protagonizado pelos médicos legistas do Instituto Médico Legal (IML). Uma das responsáveis pela atuação, a médica legista Solange Lima, destacou que, inicialmente, foi difícil apresentar um diagnóstico da causa da morte dos garotos, haja vista os corpos terem chegado no período noturno, em que há menor facilidade de execução da perícia com a luz artificial.

“Começamos a fazer a perícia procurando por sinais de afogamento. As crianças estavam em estado avançado de decomposição e eu não conseguia identificar esses sinais. Também não encontrei sinais de asfixia e a conclusão de que as crianças foram vítimas de trauma encefálico se deu na cavidade craniana, onde encontrei sangue”, ressaltou a médica.

Os dois suspeitos estão presos preventivamente e responderão por duplo homicídio qualificado e ocultação dos corpos. 

O caso

Duas crianças foram encontradas mortas na tarde da última sexta-feira, 8, no Lago das Areias, situado no bairro Santa Maria, zona norte de Aracaju. As vítimas eram irmãs e estavam desaparecidas há três dias quando tiveram seus cadáveres localizados por populares, que acionaram o 1º Batalhão de Polícia Militar.

Os corpos, de acordo com o relatório do Instituto Médico Legal (IML), são de uma criança do sexo masculino e outra do sexo feminino. Ambos chegaram ao IML por volta das 20h e foram tipificados como “morte a esclarecer”.

O laudo cadavérico confirmou que as crianças morreram por politraumatismo e traumatismo de crânio encefálico causado por um objeto contundente e que após estarem mortas, foram jogadas no lago.

A mãe e o padastro foram presos no dia 15 acusados de envolvimento no crime. De acordo com a Polícia Civil, no depoimento em que confessou o crime, a mãe dos garotos viu quando o marido levou os corpos para o lago e ouviu quando os filhos pediram socorro, mas não fez nada para impedir o assassinato.

por Daniel Rezende

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