Mudanças como o Black Lives Matter levam Japão a enfrentar o racismo

Black Lives Matter (Foto:: Freepik)

Para muitos japoneses, o racismo contra os negros há muito é considerado algo que acontece nos Estados Unidos ou na Europa, não em casa. Quando a morte de George Floyd nos Estados Unidos gerou uma onda de protestos denominada “Black Lives Matter” (em tradução livre, vidas negras importam), as pessoas no Japão também aderiram ao movimento.

Os protestos e marchas nas principais cidades impulsionaram um debate sobre o racismo no país e se o suficiente estava sendo feito para confrontar e mudar a realidade local. Em junho, a emissora pública NHK World Japan transmitiu uma reportagem para explicar ao público japonês o que estava acontecendo nos Estados Unidos, com os protestos contra a morte de George Floyd.

A reportagem, em um programa de notícias voltado para o público mais jovem, apresentou um vídeo animado retratando os manifestantes como estereótipos grotescos, profundamente impregnados de imagens racistas: caricaturas com músculos exagerados e rostos raivosos, e com saqueadores ao fundo. A reação foi amplamente negativa, e a embaixada dos EUA chamou a reportagem de “ofensiva e insensível”.

Críticas da comunidade negra

Um crítico particularmente ativo foi Baye McNeil, um professor afro-americano, escritor, colunista e residente no Japão de longa data. Ele tweetou que era um “comentário racista ofensivo” e que era hora de o Japão parar com as “desculpas esfarrapadas” no tratamento das questões negras. Ao passo que fica aos brancos a imagem de prosperidade, luxo, cassino e limusines, para os negros, mostrou-se o papel de ladrões, saqueadores, pobres e animais.

Mais tarde, a NHK se desculpou e, após a ampla atenção que os posts do Sr. McNeil receberam, o convidou para discutir o problema. Ele logo deu uma palestra para toda a equipe da NHK, o que ele disse ter sido uma experiência “extremamente interessante”.

“Houve muitas perguntas interessantes que mostraram que muitas pessoas não sabiam que havia problemas com o rosto preto ou branco. Foi muito importante que alguém viesse e pudesse explicar”, comentou McNeil.

O contexto japonês

McNeil tem elogios e críticas ao país em que viveu por 16 anos. Ele diz que em seu entorno imediato de amigos e alunos, as pessoas têm sido muito receptivas e abertas – e muitas vezes curiosas e receptivas para aprender sobre sua visão externa acerca da experiência japonesa.

Ao mesmo tempo, ele aponta para um nível de racismo casual diário que experimenta em seu cotidiano. “Estou mais seguro aqui do que nos Estados Unidos, sem dúvida”, diz ele. “Eu não experimentei a brutalidade policial como você experimentaria nos Estados Unidos, mas ainda há sinais de racismo todos os dias e esses também aumentam. Ficar alheio significa que você ainda vive algumas coisas difíceis.”

É uma experiência que, como ele diz, não é muito diferente daquela de pessoas que são birraciais – com um dos pais do Japão e um de outro grupo étnico. E prova ser errada a ideia de que simplesmente existe um tipo geral de xenofobia, igualmente dirigida a todos os grupos não japoneses no país.

Fonte: Emarket

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