O Sindicato dos Petroleiros de Alagoas e Sergipe (Sindipetro AL/SE) está adotando uma série de medidas para mobilizar e alertar a sociedade e os políticos sergipanos sobre os prejuízos que a privatização da Petrobras trará para o Estado.
De acordo com o diretor do Sindipetro, Fernando Borges, o anúncio da venda de 11 campos de produção terrestres, com instalações integradas, do Polo Carmópolis, localizados em diferentes municípios sergipanos representa um retrocesso e muito prejuízo para Sergipe.
“A Fafen está parada, o Tercarmo parado, as plataformas hibernadas, a sede da Petrobras na rua do Acre fechada, resta apenas o Polo de Carmópolis, que foi anunciada sua venda. Com a venda, a Petrobras deixa de atuar em Sergipe, e o que isso significa? Desemprego e queda expressiva na economia do Estado, porque empresa privada não paga royalties e nem vai absorver todos os trabalhadores”, alerta Fernando Borges, diretor do Sindipetro AL/SE.
Fernando conta que o Sindicato está elaborando uma carta aberta e alguns atos para alertar e mobilizar a sociedade para os efeitos que a privatização da Petrobras provoca no estado e no país. O diretor ressalta que a luta do Sindipetro não é para garantir o salário dos petroleiros, mas para garantir que a Petrobras continue sendo uma estatal, pela soberania do país e para que a riqueza do Brasil continuem com os brasileiros.
“A Petrobras foi criada por força de Lei, pela luta da sociedade que entendeu que o petróleo brasileiro é do brasileiro. A Petrobras foi criada para desenvolver e garantir a soberania do país, e agora ela está sendo entregue a outros países. Essa política de desinvestimento da Petrobras vem desde o governo de Fernando Collor e todos os governos desde então contribuíram para esse desinvestimento. O Brasil está se tornando uma colônia de outros países, principalmente dos Estados Unidos. A sociedade tem que acordar e lutar pelo que é seu”, enfatiza.
O diretor lembra que com a venda do Polo de Carmópolis os trabalhadores terceirizados não serão aproveitados e os concursados, que já foram transferidos de Aracaju para lá com o fechamento do Tecarmo e da sede administrativa da Petrobras, também não têm destino certo.
“Muitos concursados foram para o Rio de Janeiro, mas não é apenas em Sergipe que a Petrobras está vendendo seus polos, é no Nordeste inteiro. Será que o Rio de Janeiro vai conseguir absorver todos esses trabalhadores? Tem colegas petroleiros que foram transferidos para o Rio e que com a ajuda de custo recebida e com o salário que recebem estão morando em repúblicas porque não conseguem pagar um aluguel. O custo de vida lá é outro. Aqui tinham suas casas, sua vida estabilizada e agora estão dividindo quarto no Rio de Janeiro”, conta Fernando que explica que a Petrobras tem oferecido como solução para os trabalhadores o Plano de Demissão Incentivada (PDI) e o Plano de Demissão Voluntária (PDV).
Entenda
A Petrobras anunciou a venda de 11 campos de produção terrestres, com instalações integradas, do Polo Carmópolis, localizados em diferentes municípios de Sergipe. De acordo com a Petrobras, o Polo Carmópolis compreende além das 11 concessões de produção terrestres, acesso à infraestrutura de processamento, logística, armazenamento, transporte e escoamento de petróleo e gás natural.
O Polo possui quase 3.000 poços em operação, 17 estações de tratamento de óleo, uma estação de gás em Carmópolis, aproximadamente 350 km de gasodutos e oleodutos, além das bases administrativas de Carmópolis, Siririzinho e Riachuelo.
Também fazem parte do Polo Carmópolis, o Polo Atalaia, que contém o Terminal Aquaviário de Aracaju (Tecarmo), uma UPGN e uma estação de processamento de óleo; o Oleoduto Bonsucesso-Atalaia de 48,6 Km, que escoa a produção de óleo das concessões até o Tecarmo; e todas as instalações de produção contidas no ring fence das 11 concessões, além da titularidade de alguns terrenos.
Petrobras
De acordo com a Petrobras, essa operação está alinhada à estratégia de otimização de portfólio e à melhoria de alocação do capital da companhia, passando a concentrar cada vez mais os seus recursos em ativos de classe mundial em águas profundas e ultra profundas, onde a Petrobras tem demonstrado grande diferencial competitivo ao longo dos anos.
Em Sergipe, segundo a Petrobras, a empresa realizou testes de longa duração na área de Farfan, em águas profundas, com bons resultados, e que seguem trabalhando para viabilizar o desenvolvimento desta área no menor prazo possível por meio de parcerias com outras empresas.
Sobre a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados de Sergipe (Fafen/SE), a Petrobras informou que ela foi arrendada pela empresa Proquigel, e que a fábrica deve voltar a operar em janeiro de 2021, segundo informações da própria empresa.
Em relação aos trabalhadores, a Petrobras informa que não haverá demissão em massa. Todos serão realocados para outras unidades organizacionais da Petrobras. Caso haja interesse, outra opção é a adesão ao Plano de Desligamento Voluntário (PDV), conforme prevê o plano de pessoal para gestão de portfólio.
Por Karla Pinheiro
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