Usuários dos CAPS de Sergipe participam de competição

Atletas disputam semifinais (Fotos: Portal Infonet)

Usuários de diversos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) da capital e do interior se reuniram na tarde desta terça-feira, 13, para as semifinais do Projeto Liga dos Campeões CAPS. Em sua segunda edição, a competição de futsal reúne, neste ano, 255 atletas inscritos, divididos em 16 equipes. O último jogo aconteceu na Quadra Esportiva Geraldo Oliveira e as finais acontecerão no Instituto Federal de Sergipe (IFS), no próximo dia 20 às 14h, com a participação de seis equipes de Aracaju, Tobias Barreto e Simão Dias.

As competições se dividem em duas modalidades: A, para atletas de 17 a 29 anos, e B, reunindo competidores com idade acima de 30 anos. Dentro das equipes, o regulamento permite que um dos profissionais do CAPS participe do jogo como goleiro, para auxiliar os atletas. As premiações contemplarão as quatro primeiras equipes de cada categoria com troféus e medalhas. De acordo com Demétrio Reis, coordenador da Liga, o intuito do projeto é estimular o espírito de equipe entre os reabilitandos. “Não queremos destacar o melhor atleta ou enfatizar uma só pessoa, mas lembrar que todos devem trabalhar em grupo”, diz Demétrio.

Ainda segundo o coordenador, os jogos entre CAPS acontecem desde 2009, e surgiram pela iniciativa de um dos próprios usuários. “Ele disse que tinha vontade de formar uma equipe para jogar, e nós identificamos que essa era uma necessidade de outros usuários e também de outros CAPS. Então, começamos a fazer torneios, e, aos poucos, entraram equipes do interior e a organização foi ficando mais elaborada”, diz.

Demétrio Reis, coordenador do projeto

Para Demétrio, que já foi oficineiro do CAPS Arthur Bispo do Rosário, o esporte contribui para o tratamento dos usuários. “É uma forma de extravasar as energias, e estimula o auto controle. Muitos dos usuários que estão em recuperação em relação ao álcool ou drogas diminuem o uso antes de jogar por que percebem que isso melhora seu desempenho. Além disso, existem exemplos de usuários que mal caminhavam e hoje tiveram grande avanço na coordenação motora por causa dos jogos”, afirma.O coordenador enfatiza também o esforço dos usuários na hora das competições. “Eles procuram reproduzir as jogadas dos atletas profissionais que admiram, o que ajuda no progresso diário”, relata.

A Liga dos Campeões e demais competições entre CAPS é promovida pela Associação Conviver, que reúne os 36 Centros de todo o Estado. Demétrio, vice-presidente da entidade, explica a concepção dos eventos: “os jogos da Liga começaram no dia 6 de outubro, mas o convite é feito pela associação entre abril e maio. Temos também um regulamento e definimos anteriormente a estrutura do campeonato”.

Progresso

Patrícia Fontes, coordenadora do CAPS Terra do Meu Sertão, do município de Poço Verde, relata a importância da competição para os usuários. “A participação nos jogos integra o tratamento, e é possível perceber a melhora do quadro de saúde física e mental após as atividades. Estou muito orgulhosa, eles chegaram até aqui e conquistaram o terceiro lugar”, diz.

Iniciativa surgiu depois que Givaldo Santos revelou seu desejo de jogar

Givaldo Santos, 41, usuário do CAPS Arthur Bispo do Rosário, conta como nasceu a ideia de formar uma equipe de futebol para atletas com transtornos mentais. “Minha psicóloga perguntou se eu torcia para algum time, e se eu tinha vontade de jogar. Eu disse que era flamenguista, e que gostaria de jogar se tivesse outras pessoas comigo.  Aí veio Demétrio para dar apoio, e nós formamos times para os amistosos. Depois que vieram as competições”, diz. O jogador explica seu progresso depois do esporte. “Quando eu cheguei no CAPS, há 12 anos, não falava com ninguém e só ficava sentado em um canto. Agora eu falo com todo mundo, até com as pessoas da rua, e foram os jogos que me ajudaram”, conta.

Para Givaldo, a expectativa com relação à final da Liga dos Campeões CAPS é grande. “Eu vou dar meu tudo, mas pode ser que mesmo assim a gente não ganhe. Mas eu não fico triste, aprendi que um dia a gente perde e outro a gente ganha e que o importante é continuar sempre”, comenta.

Por Nayara Arêdes e Cássia Santana

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