Golpe Militar será tema de palestra de Bosco Rollemberg

A palestra será aberta para o público em geral

Preso político pela Ditadura Militar em 1974, Bosco Rollemberg, aceitou o convite do movimento sindical para proferir palestra sobre ‘O Golpe Militar de 1964’. A palestra será realizada no auditório da Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE), nesta segunda-feira, dia 1 de abril, a partir das 17h.

Bosco e sua esposa, Ana Côrtes, atuaram na construção da resistência contra a Ditadura Militar em Aracaju, em São Paulo e em Pernambuco, onde foram capturados pelos militares. Ao longo dos 5 anos de horrores, Bosco foi vítima de tortura física e psicológica praticada por militares em Recife, Rio de Janeiro, São Paulo até ser entregue ao Dops de Pernambuco e depois transferido para Itamaracá/PE, de onde só foi libertado em 1979. A sua esposa Ana Côrtes, que havia sido presa grávida e enfrentado torturas físicas e psicológicas, conseguiu a liberdade em 1975.

Com a vida marcada pela luta em defesa da democracia, Bosco Rollemberg foi convidado a traçar uma análise comparativa sobre o contexto político do dia 1º de abril de 2019 e o dia 1º de abril de 1964. “A experiência histórica já demonstrou que um país que não tira lições do passado, que não faz a reflexão crítica sobre sua experiência é capaz de repetir os mesmos erros no seu futuro. Por isso é importantíssima a iniciativa da Central Única dos Trabalhadores, em parceria com outras centrais e entidades, ao fazer este debate junto à sociedade em geral, com os trabalhadores, reunindo todos que são interessados na defesa da democracia. As forças avançadas e de esquerda no Brasil, ao fazerem esse debate, neste momento, cumprem um papel da maior importância”, afirmou ele.

Segundo Bosco Rollemberg, a falta do reconhecimento institucional dos crimes covardes da Ditadura Militar, assim como a impunidade geraram terreno fértil para que idéias que afrontam a democracia voltassem a ganhar força.

“Alguns graves crimes cometidos, crimes de lesa humanidade foram cometidos neste País durante a Ditadura Militar e nós não passamos a limpo com o devido rigor da consciência democrática e da experiência internacional, inclusive. Nós passamos a mão, alisamos a cabeça, colocamos panos quentes, o resultado da anistia não foi o resultado amplo geral e irrestrito, a punição dos responsáveis pelo crime de lesa humanidade foi colocada embaixo do tapete porque feria altos e graves interesses. Isso foi acumulando certa ousadia das idéias mais atrasadas, desumanas do ponto de vista do tratamento das questões democráticas”, declarou.

Ele explicou ainda que o PCdoB acaba de completar 97 anos de existência proclamando seu posicionamento em defesa da união de forças políticas de todos que querem a democracia brasileira. “O meu partido sempre foi uma força política que dedicou suas energias, sua estratégia, o seu esforço em defesa da democracia, de um País soberano, livre e justo socialmente. Queremos um País que se posicione no cenário internacional respeitando a soberania e integridade nacional dos demais países e da mesma maneira sendo respeitado. Não vamos enfrentar este momento de retrocesso e barbaridade com forças isoladas, com radicalismo verbal, só vamos avançar usando nossa inteligência e se soubermos construir uma ampla frente de forças de todos aqueles que querem um Brasil livre, que não querem a volta da Ditadura, que não querem a volta da tortura. Não podemos aceitar o retrocesso, por isso a importância deste debate é ativar a consciência da militância de todos os cidadãos brasileiros para a necessidade de resistir contra a barbárie e em defesa da democracia”, observou.

A palestra de Bosco Rollemberg sobre ‘O Golpe Militar de 1964’ é promovida pela CUT/SE, CSP-Conlutas, CTB, UGT, Frente Povo Sem Medo e Frente Brasil Popular.

Com informações de Iracema Corso

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