Imóveis invadidos por água da chuva devem ser higienizados

O infectologista Marco Aurélio alerta para os riscos trazidos para o ambiente pelas sujidades (Foto: Valter Sobrinho)

Esta foi uma semana de fortes chuvas em Sergipe e muitas casas foram invadidas por água proveniente de alagamentos ou canais que transbordam. Qual a melhor forma de higienizar um imóvel residencial ou comercial, invadido por água da rua ou de canais após chuvas fortes? O que fazer quando há o contato humano com a água contaminada por bactérias? O infectologista da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Marco Aurélio, alerta para os riscos trazidos para o ambiente pelas sujidades, ensina como limpar o imóvel e orienta sobre os cuidados que a pessoa deve adotar caso tenha sido exposta a esse tipo de contaminação.

Ele esclarece que, quando um canal transborda ou acontece um alagamento que traz sujidades para o domicílio, além de ocasionar prejuízo com perda de material, aquela água pode infectar o ambiente. “Quando isso ocorre, é preciso pensar o que pode ser transmitido por essa via de contaminação, sabendo que a água que está nos canais, nas ruas ou esgotos contém alto nível de coliformes fecais que, na maioria das vezes, causam distúrbios gastrointestinais como diarreia e vômitos, mas que também podem levar a uma infecção generalizada ocasionando óbito”, refletiu o infectologista.

A partir desta constatação, o óbvio é utilizar um agente higienizador capaz de destruir os coliformes e nada é mais recomendado para esta situação do que o hipoclorito de sódio ou, na linguagem popular, água sanitária, produto capaz de matar até mesmo o vibrião colérico, bactéria que causa a cólera, mas que, segundo Marco Aurélio, não circula no Estado na atualidade. A água sanitária também elimina outra ameaça que vem junto aos coliformes fecais, que é o vírus da Hepatite A, cuja transmissão se dá por via fecal-oral, ou seja, pela ingestão de água e alimentos contaminados.

Tão importante quanto limpar o ambiente é ter o cuidado de se proteger na hora de fazer a tarefa, segundo destaca o infectologista, assegurando que nenhuma limpeza deve ser feita a partir do contato direto da pele da pessoa com os produtos e muito menos com a água potencialmente contaminada, embora a pele atue como uma barreira contra os micro-organismos. É preciso usar equipamentos de proteção individual, como luvas e botas impermeáveis.

“A pele é o nosso maior órgão de imunidade, porém o ambiente está cheio de bactérias, vírus, fungos e se não tivéssemos pele, eles invadiriam nosso organismo frequentemente. No entanto, apesar de toda essa defesa, quando o órgão está muito em contato com a água, cria pequenas fissuras e isso vai facilitado a penetração dos micro-organismos, do mesmo jeito que, quando você está em alagamentos, você pode sofrer pequenos traumas na pele que facilita essa entrada, porque quebra-se essa barreira”, explicou o médico.

Água e sabão

Marco Aurélio enfatiza outro risco: a bactéria Leptospira, causadora da leptospirose, uma infecção aguda, potencialmente grave, que é adquirida através da urina do rato. E, como nos esgotos o que não falta são ratos, o perigo é iminente. Para a limpeza do imóvel, é recomendado o mesmo produto, ou seja, o hipoclorito de sódio.

Mas, se a pessoa tem contato direto com a água contaminada por atravessar uma rua alagada, por exemplo, ou precisou se movimentar repentinamente dentro da casa inundada por água de canais, o recomendável é fazer uma boa lavagem da região exposta. “Se você foi pego de surpresa e não teve como escapar do contato, assim que chegar em casa ou em local que possa, lavar bem a área afetada com água e sabão. Lembrem-se que estamos falando de doenças que podem não afetar todo mundo, mas quando afetam são doenças graves, que podem levar a óbito”, reforçou o infectologista.

Alimentos

Outra orientação importante diz respeito aos alimentos que podem ser expostos à contaminação. “Se houve contato com a água, a melhor forma de prevenir doenças é descartá-los, a menos que estejam em embalagens impermeáveis, como latas que podem ser lavadas. Aqueles que tiveram contato com a água suja não deve ser consumidos, porque quando os micro-organismos penetram pelas mucosas pode ocorrer um adoecimento mais rápido e mais grave”, orientou.

Febre

Se a pessoa tiver contato com água contaminada, deve lavar e enxugar o local afetado, pois isso é o recomendável, segundo o infectologista. No entanto, ele aconselha a pessoa a ficar atenta para o caso do surgimento de febre. “Isso ocorrendo, a pessoa deve ir imediatamente ao serviço de saúde e contar o que aconteceu. Como a gente tem no período de chuva uma circulação maior de vírus respiratórios e outros, é importante que tenha essa história do contato com a água contaminada para que o médico pense que pode ser uma bactéria, faça o tratamento e peça os exames mais direcionados para isso”, concluiu.

 

Fonte: SES 

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