PMA investe em tratamento especializado a crianças com microcefalia

Atendimento no Centro Especializado em Reabilitação Física e Intelectual II (CER II), no bairro Siqueira Campos (Foto: Sílvio Rocha)

Quase quatro anos após o surto de casos de crianças nascidas com microcefalia, malformação congênita em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada, a Prefeitura de Aracaju continua investindo no atendimento a essas crianças e suas famílias. Por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), 32 crianças com microcefalia, da capital e de outros municípios, recebem atendimento no Centro Especializado em Reabilitação Física e Intelectual II (CER II), no bairro Siqueira Campos.

O acompanhamento, desde os primeiros anos, melhora o desenvolvimento e a qualidade de vida. Existem ações de suporte que podem auxiliar no desenvolvimento do bebê ou criança, como destacou Mylena Amaral. “A depender do que a criança necessite, o atendimento pode ser individualizado, um profissional para um paciente. Em certos momentos os profissionais percebem a necessidade de atender em conjunto, o fisioterapeuta junto com o fonoaudiólogo, por exemplo, onde o fisioterapeuta posiciona o paciente e o fonoaudiólogo faz as estimulações orais, o que diminui a salivação ou melhora a deglutição. Os profissionais se juntam para cada um utilizar de uma técnica para melhorar o funcionamento do paciente e fazer com que hajam melhorias durante o atendimento”, explica.

No CER, o atendimento de Fisioterapia é realizado duas vezes por semana, porque a parte física das crianças é a mais debilitante. Já a Fonoaudiologia e a Terapia Ocupacional acontecem uma vez por semana. “Nós tentamos fazer a agenda de forma que eles não tenham que vir todos os dias porque fica cansativo, gastam muita energia com isso, alguns, inclusive, tiveram que colocar sonda, já que a alimentação é mais dificultada e gastando muita energia nas atividades. Então, temos que manter uma quantidade de dias que não haja tanto gasto energético, senão a criança pode acabar ficando desnutrida”, pontuou Mylena.

Nas crianças que possuem os casos mais graves, a resposta ao tratamento demora um pouco mais para ser notada, pois é um trabalho mais minucioso. Já as que apresentam um bom prognóstico, evoluem muito mais rápido, percebem muito mais os estímulos.

O pequeno Célio Bernardo, de 4 anos de idade, faz acompanhamento no Centro há três. Com uma vida dedicada a cuidar de seu filho, Thiago Ferreira, pai do menino, é quem leva Célio para fazer o acompanhamento no CER. Thiago conta sobre a evolução da criança ao longo do tratamento e elogia a atenção recebida. “Ele evoluiu muito. Os braços dele eram bem atrofiados, duros, as pernas também e hoje em dia ele estica as pernas e braços. O punho era fechado e agora já abre. Só de vermos o desenvolvimento, mesmo que às vezes pareça mínimo, já vale a pena. Ele desenvolveu bastante. O atendimento é ótimo, a atenção é total, tanto com as crianças como com os pais”, relatou.

A microcefalia

Os bebês que nascem com microcefalia têm o perímetro cefálico (PC) menor que o normal, que habitualmente é igual ou superior a 32cm. Essa malformação pode ser efeito de uma série de fatores de diferentes origens, como substâncias químicas e agentes biológicos (infecciosos), como bactérias, vírus e radiação. O zika vírus, por exemplo, que é transmitido pelo Aedes aegypti, foi confirmado como uma das causas dessa malformação. Isso porque o vírus consegue invadir o feto e, dentro do cérebro, provocar danos que geram microcefalia.

Como cada criança desenvolve complicações diferentes – entre elas respiratórias, neurológicas e motoras –, o acompanhamento por diferentes especialistas vai depender das funções comprometidas. “As crianças recebem atendimento de fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, psicologia (no caso dos pais), tem acompanhamento da equipe de enfermagem, pediatra, ortopedista, toda a equipe do CER. Então, a necessidade que eles tiverem nós vamos sempre buscar os profissionais para ter o atendimento da melhor forma possível”, informa a gerente do CER II, Mylena Amaral.

Mylena Amaral, gerente do CER II (Foto: Sílvio Rocha)

Cerca de 90% das microcefalias estão associadas com retardo mental, exceto nas de origem familiar, que podem ter o desenvolvimento cognitivo normal. O tipo e o nível de gravidade da sequela variam caso a caso. “As crianças de microcefalia, apesar de terem chegado aqui pelo mesmo motivo, nem sempre apresentam a mesma condição neurológica. Tem crianças com mais graves e outras mais leves, com um acometimento mais brando. Para cada paciente existe um protocolo específico, um projeto de tratamento específico para cada um, então vai depender do que os pacientes apresentem”, explica a gerente.

Fonte: Prefeitura de Aracaju 

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