Transtorno de acumulação pode levar a morte se não tratado

Transtorno de acumulação deve ser tratado, diz psicólogo (Foto: Infonet)

De 2% a 6% da população mundial sofre de transtorno de acumulação ou distúrbio acumulativo. O transtorno traz prejuízos emocionais, financeiros e sociais, e precisa ser tratado com auxílio de profissionais. O acúmulo pode ser de um tipo de objeto específico ou de itens variados, e em casos mais graves, pode levar a morte.

De acordo com o psicólogo Frederico Dantas, todo tipo de transtorno gera sofrimento e prejuízo, tanto financeiro, quanto psíquico. A principal característica do transtorno de acumulação é o acúmulo desordenado de coisas sem valor afetivo. “ Desde a infância desenvolvemos uma relação de apego com algum objeto. A partir dos dois já começamos a ter relação de apego e dar significado ao objeto, e ao longo dos anos esses objetos vão se tonando parte do que a gente é. O transtorno de acumulação começa a ser observado a partir do sofrimento que a ausência ou o acúmulo de objetos traz”, ressalta.

O transtorno ou distúrbio, segundo o especialista, geralmente é desenvolvido na fase adulta, mas já pode começar a se manifestar na adolescência e se agravar ao passar do tempo. Frederico lembra que o principal sintoma de transtorno, seja ele qual for, é o isolamento social, situação que afeta a rotina, o trabalho e as relações sociais e familiares.

“O transtorno acumulativo aparece muito nos idosos. Ele pode iniciar a partir de um cuidado afetivo e da necessidade de preservar uma memória, mas ali pode gerar uma necessidade de preenchimento na vida. Todo transtorno começa pelo isolamento, a pessoa deixa de sair ou de viver socialmente porque vive em busca daquela situação e passa a não participar socialmente das coisas, isso é prejudicial”, afirma.

Transtorno acumulativo x colecionismo

Frederico conta que é preciso deixar claro a diferença entre o acúmulo desordenado e a colecionismo. Ele explica que as pessoas que colecionam objetos tem categorias, critérios, organização, cuidado e satisfação. “Os colecionadores conseguem se desfazer de uma peça do seu acervo para adquirir outra. Há um cuidado nessa coleção, uma ordem, afeto e status, isso é saudável. No transtorno de acumulação esse prazer é substituído por uma necessidade compulsiva de ter aquele objeto que não necessariamente tenha algum valor. E a necessidade de ter esse objeto ou deixar de ter aquilo que deseja gera sofrimento”, destaca.

Em situações mais graves, o transtorno traz prejuízos físicos podendo levar a morte, a depender do que se acumula. “Tem pessoas que acumulam lixo, comida, animais, e chega a um ponto que essa pessoa não faz a higiene correta, a limpeza do local, e esse ambiente onde há o acúmulo se torna insalubre e a pessoa que vive ali adoece e pode morrer”, diz.

Tratamento

De acordo com Frederico, o tratamento deve ser feito com auxílio de profissionais e a psicoterapia é a resposta e o cuidado mais adequado para que essa pessoa comece a dar significado para esse tipo de acúmulo. Em casos mais graves o uso de medicações pode ser necessário.

“ Várias são as áreas da psicoterapia, mas a terapia cognitiva comportamental é uma das mais utilizadas porque ela trabalha com aspectos específicos de adaptação, mas todas as abordagens terapêuticas trabalham e podem acessar esses indivíduos com esse tipo de sofrimento. O psicólogo faz o acompanhamento psicoterápico, mas em alguns casos mais graves quando há necessidade de uso de medicação é preciso um acompanhamento psiquiátrico “, diz.

Algumas pessoas têm a consciência de que o seu comportamento está lhe trazendo prejuízos. Esse grupo de pessoas, segundo o psicólogo, conseguem aceitar e procurar tratamento, mas há um grupo que não tem essa consciência.

“Em casos mais extremos as vezes é preciso até uma internação porque a pessoa não percebe os prejuízos que aquilo te traz. A partir do momento que você percebe voluntariamente ou a partir da indicação de outra pessoa que a sua vida começa a apresentar dificuldade de adaptação e convivência, busque ajuda, seja de um profissional ou de alguém próximo. É preciso entender que nem sempre a gente consegue lidar sozinho com certas situações, e muitas vezes mascaramos um sofrimento que depois pode se agravar”, aconselha.

Por Karla Pinheiro

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