Entrevista com a Kunpania dos Duendes – Espetáculo Bodas de Sangue

Kunpania significa acampamento em Rumani (Dialeto Cigano); Duende significa ser sobrenatural ou entidade fantástica; Kumpania dos Duendes é o grupo de teatro que em 99 conquistou o público sergipano, principalmente jovens e adolescentes com o espetáculo “Bodas de Sangue”. Hêia! Hêia! Tendo um elenco formado por jovens atores a Kumpania dos Duendes tem para o ano de 2000 a responsabilidade de representar Sergipe em várias cidades do Brasil, nas quais foram convidados para se apresentarem, além de mostrar, para quem ainda não viu aqui, um belo espetáculo sergipano. O Sergipe Cultural resolveu visitar então esse acampamento e descobrir o que há de mágico nesses jovens atores. Hêia! Hêia! SC – Como foi que surgiu esse grupo tão falado em 99 ? LEANDRO – Bem! Em 98 Raimundo Vemâncio e Sidney Cruz resolveram montar o espetáculo “Bodas de Sangue” e escolheram nove, entre dezesseis atores, para compor o elenco; que fomos nós, exceto Giuliana e Paola que chegaram depois. Fizemos algumas apresentações e paramos com o espetáculo… BABU – Aí em junho de 99, enquanto fazíamos a Ópera do Milho chegamos a conclusão que “Bodas… tinha que voltar, e que o ideal seria nós montarmos uma companhia. DIANE – A criação da Cia era importante por uma questão de estrutura, mas o que eu acho importante salientar é como surgiu o nosso nome. O Garcia Lorca criou um jogo nos ensaios dos seus espetáculos chamado “A Teoria e o Jogo do Duende” e esse exercício experimental consistia em provocar a liberação da energia do ator e Kunpania no dialeto Rumani significa acampamento. Daí o nome Kunpania dos Duendes. SC – E quando Sidney Cruz veio para a remontagem do espetáculo foi uma iniciativa de vocês? ANDRESON – Sim! Foi quando desidimos uma nova produção para essa remotagem. SC – E como foi trabalhar com um diretor que tem como característica uma linguagem mais experimental? JANE – Foi uma troca muito grande, porque por mais que Sidney seja um diretor premiado, trabalhando no Rio de Janeiro, que é um grande centro, ele é muito sedento de trabalhar com atores novos e com certeza essa disponibilidade dos dois lados foi muito gratificante para todos. SC– E foi um investimento de vocês a segunda vinda dele para cá. Como vocês conseguiram essa façanha? BABU – Muita loucura conciliar os compromissos dele lá no Rio com a gente, além disso, arrumar a grana que a gente não tinha; tivemos que pedir emprestado para alguns amigos… E ele vinha uns dois sábados por mês… LEANDRO – E quando ele ia embora, quem ficava organizando os ensaios era Diane e ele estava sempre mantendo contato com ela por telefone… Perto da estréia ele intensificou as vindas para cá. SC– O público de Sergipe está acostumado em ver espetáculos definitivos e Bodas de Sangue é um espetáculo em mutação. Como vocês vêem isso? DIANE – É como acampamento cigano, por onde ele passa vai absorvendo características próprias do local, que resultam em uma nova experiência sem perder a essência… E o nosso espetáculo é assim. BABU – Eu vejo que Bodas já tem uma vida independente dos próprios atores… Existe três variáveis no aspecto mutante do espetáculo. A primeira é o elemento cigano que concilia o espetáculo com o pensamento, com o comportamento e o costume do povo cigano que é insinuado o tempo todo no espetáculo, a segunda variável seria a de fazer de uma Tragédia Lorquiana um espetáculo extremamente dinâmico com uma movimentação vigorosa e carregada por um outro fator que são os elementos simbólicos. A terceira é a quantidade de signos e símbolos que permite com que a gente reveja o tempo todo como esse signo está incorporado ao espetáculo e adequado a cultura cigana… E isso faz com que todo dia a gente faça um novo espetáculo. SC– Giuliana você que entrou para substituir outra atriz na 2º montagem dos ensaios, como foi se adaptar a um processo já iniciado? GIULIANA – Pois é! Eu peguei o bonde andando e ainda queria sentar na janelinha… Eu acho que a minha falta de experiência, por incrível que pareça, foi o que me ajudou, pois eu não tinha vícios de interpretação e isso fez com que eu me adaptasse rapidamente ao processo de ensaio… JANE – Uma coisa que é preciso ser dita é que nós tivemos muita sorte com as substituições, tanto Giuliana como Paola se adaptaram muito bem ao nosso rítimo de trabalho, que foi muito intenso. DIANE – E elas duas vieram com a mesma carga de energia, e para trabalhar com Sidney ou você se entrega totalmente ou você não consegue… E elas duas conseguiram.

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