I Ao ilustre poeta Santo Souza Ser que na plácida luz divinal habita. Embalsamado de mistérios inefáveis. faz brotar música e luz da sua lira apolínea bendita, que irrompe docemente a alma dos pássaros e dos animais aflitos de medos. Faz a natureza viva curvar-se majestosamente para apanhar no ar sons líricos e benéficos, que a aragem mensageira leva ao bel prazer do acaso. Ó Ser, que enlaçado pelo amor da bela Eurídice, ludibriado e triste ao vê-la no esteio da morte, compadece-se. E imbuído de uma coragem suprema transbordando de sorte plena, desce com a sua lira a tiracolo ao vale dos mortos em busca da bela Eurídice boba e grave. Ao dedilhar com seus dedos convulsos a lira, pungi sentimentos florais de pungente fisionomia E assim navega, com o auxílio de Caronte, em lua soberana pelo funesto rio Estige. Eis que avistam os ignotos portões, que acessam ao trono de Hades, todavia vigiados pelo atroz cão tricefálico; Cérbero. Em notas aladas e soporíferas, a lira o adormece e alivia os tormentos dos condenados soturnos. A música jorra intermitentemente das suas cordas imarcescíveis. É chegada a hora de embater-se com os olhos fúnebres do tenebroso Hades, rei dos mortos, que em procelas se inflama por defrontar-se com uma imagem viva, mas que ao ser penetrado pela angustiosa música órfica se dissolve em lágrimas férreas. Perséfone, mulher de Hades, tentada pela luz o implora para que ele possa atender ao pedido do melodioso Ser. E assim ele o faz enternecido ao ouvir a doce canção. Disse ele em tom imperioso: – Eurídice voltará ao mundo dos vivos, porém vós jamais podereis olhar para ela até que ela esteja sob a luz solar. Parte jocoso pela senda escarpada, que o leva para fora do abismo profundo, do necrocosmo. Toca a lira, agora, os acordes felizes da celebração, enquanto se encaminham para o mundo flamejante das luzes benignas, a fim de guiar a fantasmagórica Eurídice às alamedas da vida. Em se faltando uma nesga para a saída do túnel infernal, Orfeu vacilante olha para trás… Enquanto fita sua amada assombrado, ela se invisibiliza e se esvai feito um bafejo taciturno no fim do túnel escuro da morte. Orfeu torna-se um ser cinéreo pelo desespero, que assolou sua alma, e em fel se banha por perder a sua estrela dissipada para nunca mais.
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