Chega em Aracaju deficiente visual que viaja pelo mundo

Alessandro Bordini está em Aracaju e falou um pouco da sua história (Fotos: Portal Infonet)

O italiano Alessandro Bordini que é deficiente visual está em Aracaju. Ele é o primeiro deficiente visual que está fazendo “sozinho” uma viagem intitulada “Volta ao mundo sem visão: uma história de desafio e superação”.

Nesta quarta-feira, 4, ele concedeu uma palestra aos alunos da Universidade Federal de Sergipe (UFS) contando sua história de vida. Alessandro Bordini perdeu a visão em 2009 quando realizava um treinamento particular de paraquedismo e que, durante o salto malsucedido, perdeu a visão. Após isso, ele decidiu dar uma volta ao mundo para mostrar que não há barreiras para as pessoas com qualquer tipo de deficiência.

“A viagem não é para conhecer novos lugares, mas para falar que se pode encontrar pessoas boas em cada lugar do mundo. Antes de viajar, encontrava pessoas que ficavam com medo, sem confiança em outras pessoas, eu ainda ouvia notícias negativas de roubos e, mesmo assim, ainda fico convicto de que no mundo também tem muita gente boa que possa ajudar os outros”, conta.

Junto com os alunos da UFS e o professor Rogério Brandão (blusa azul)

A viagem teve início dia 2 de abril de 2013 e de lá para cá, o italiano já passou por 75 países e há aproximadamente um mês está no Brasil. “Já fui a Florianópolis, São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Salvador e Aracaju. No lugar que eu chego, falo com alguma pessoa, peço orientação e muita gente com bondade ainda me hospeda em sua casa. Tenho todo o caminho da cidade que posso atravessar, mas se hoje encontrar uma pessoa que disser onde posso ir e me chamar para outra cidade eu vou”, afirma.

O convite para a palestra partiu do professor do Departamento de Educação Física da UFS, Rogério Brandão. “Ofereci carona para ele até a rodoviária. Na ida, ele me contou sua história em 15 minutos e achei interessante e que ele tinha que compartilhar isso com a universidade. A história dele demonstra que existem pessoas boas ainda no mundo e que o pensamento positivo traz essas pessoas para perto da gente. Que não se pode ter medo de fazer as coisas na vida porque senão a gente fica parado no lugar”, acredita.

Barreiras

Alessandro Bordini: quebrando paradigmas

Indagado sobre as barreiras enfrentadas, Alessandro Bordini conta que já foi impedido de se hospedar em um hotel no Brasil. “Em quase todo país do mundo tem barreiras físicas e mentais. Por exemplo, quando fiquei em São Mateus [no Estado do Espírito Santo] perto de Vitória [capital do Estado], num grande hotel para descansar, me disseram que eu não podia ficar lá porque eu era deficiente visual e podia cair da escada. Eu disse: sério? Todo lugar do mundo tem escada e expliquei que já viajei por vários lugares e, mesmo assim, a pessoa não entendia. Mas isso não foi problema porque eu fui em outro lugar que era mais barato e fui muito bem hospedado. Fiquei só um pouco triste porque vi que ainda tem pessoas que não escuta o coração”.

Mesmo com as dificuldades encontradas, Alessandro Bordini diz que a experiência é válida. “Vale a pena porque eu encontrei nas viagens muitas coisas boas e tenho amigo em cada lugar do mundo. Às vezes é mais complicado e fico triste porque sinto falta de casa, dos amigos, mas muitas vezes fico feliz porque pego pessoas que me ajudam e isso é bom porque me lembra do motivo que estou viajando”, afirma.

De Aracaju, o próximo destino do italiano será Maceió.

Por Aisla Vasconcelos

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