Repensando o poder

 

   As prisões ocorridas na última terça-feira em Sergipe, vão sem dúvida alguma servir para que os administradores municipais, tenham um pouco mais de zelo no trato com o dinheiro público. Queiram ou não, demonstrem ou não, a ação exercida pelos policiais federais algemando perante os familiares alguns políticos que na condição de autoridades municipais se achavam acima da lei, provocou um vexame que eles jamais imaginaram ter que enfrentar um dia, além de deixar em estado de choque, parentes e aliados.

  A ação desenvolvida serviu para que uma boa parcela da população sergipana pudesse confirmar que os escândalos divulgados com estardalhaço diariamente na imprensa nacional, ocorrem também   em Sergipe  e são patrocinados por figuras que desfilam nos principais points da capital sergipana, conduzindo veículos importados de última geração e bebendo os melhores uísques.

 A surpresa somente ocorreu porque Sergipe é um Estado provinciano, onde os detentores do poder são também os controladores dos meios de comunicação, de onde podem afastar no momento que bem desejarem os radialistas e jornalistas que ousem denunciar as falcatruas praticadas por pessoas que sejam detentoras de cacife eleitoral superior a 100 votos. Por meio do poder de influencia que acumularam ao longo do tempo, os principais homens públicos de Sergipe, acabam até de forma despretensiosa, influenciando nas decisões dos órgãos encarregados de fiscalizar e dos órgãos encarregados de punir.

   É provável que a partir da operação “Fox” desenvolvida em Sergipe alguns administradores comecem a repensar sobre a fórmula utilizada para manusear o dinheiro público. Mas, é bem provável que um ou outro administrador, continue achando que isso foi apenas uma nuvem passageira e que daqui a dez ou quinze dias, volte a operacionalizar com os mesmos escritórios, elaborando da mesma forma os processos licitatórios, utilizando as mesmas empresas, beneficiando os mesmos empresários.

   Ontem não era raro ouvir da boca de pequenos empresários e ate mesmo de profissionais da área de contabilidade, que é praticamente impossível um pequeno comerciante que seja desconhecido da classe política, consiga vender um produto ou serviço para algumas prefeituras de forma lícita e transparente. Um deles afirmava que se o fornecedor for tratar de apresentar um produto ou serviço sem falar em comissão, por mais que o produto ou serviço seja necessário para o município, corre o risco de não ser sequer atendido pelo prefeito e quando consegue é tratado com desdém, recebendo como resposta a seguinte frase: “O município está sem dinheiro meu filho, vá vender seu produto em outro lugar vá! Que aqui nós não temos interesse não”.

  Se o fornecedor insistir em participar de uma disputa e se por acaso conseguir conquistar a venda, o administrador simplesmente coloca a autorização de pagamento numa geladeira por no mínimo seis meses.     

Essa caro leitor, é a pura realidade. Amanhã mais detalhes de como funciona.

 

Multa I

O Tribunal Regional Eleitoral acatou por unanimidade no dia de ontem a Representação apresentada pelo Ministério Público Eleitoral, por intermédio do  Procurador da República designado para oficiar perante os Juízes Auxiliares da Propaganda Eleitoral do TRE de Sergipe,  Ruy Nestor Bastos Mello, contra  Marcelo Déda Chagas e contra o Diretório Estadual de Sergipe do Partido dos Trabalhadores, aplicando-lhes a multa de 20.000 UFIRs.

 

Multa II

Na Representação, o procurador alegou que a exposição da imagem do Sr. Marcelo Déda em inserções político-partidárias na programação do rádio e televisão do Estado de Sergipe, no dia 7 de junho de 2006, visou única e exclusivamente à promoção pessoal do mesmo, desvirtuando, portanto, a finalidade do programa partidário.

 

Nunca mais

Alguns amigos do empresário Max Andrade estão pensando em aconselhá-lo a não mais aceitar ocupar cargos numa administração comandada pelo engenheiro João Alves Filho, porque segundo eles, torna-se desgastante para o empresário ficar sendo constantemente nomeado e exonerado. Um deles chegou a afirmar que por mais que se encontre uma justificativa, fica deixando transparecer que Max não reúne competência suficiente para administrar órgãos públicos, porque para os que o conhecem muito bem, sabem da sua competência demonstrada à frente da iniciativa privada.

 

Sem legenda I

Se dependesse do advogado Pedro Barreto, que retirou a candidatura à Assembléia Legislativa, os tucanos não teriam legenda para serem candidatos a deputado. “Me prejudicaram”, disse, afirmando que o nome dele estava cotado para ser o 1° suplente da senadora Maria do Carmo e só não vingou porque o partido ficou enfraquecido por conta de Ulices, Jorge Araújo, José Teles e Bosco Costa que não honraram o compromisso de apoiar João Alves Filho.

 

Sem legenda II

Segundo Pedro Barreto, todos eles deram carta branca ao ex-governador Albano Franco para fazer o acordo que melhor conviesse para o partido. “Com esse radicalismo a suplência do Senado não vingou”, disse reafirmando que o melhor remédio seria que os tucanos não tivessem legenda para disputarem o pleito deste ano. Com a palavra os tucanos Ulices, Jorge, José Teles e Bosco Costa.

 

Operação I

 Em nota à imprensa ontem o Ministério Público Federal em Sergipe avaliou positivamente os resultados da Operação FOX. “Foram apreendidos documentos, computadores e provas importantes dos crimes investigados. As investigações deverão continuar a cargo da Polícia Federal, com o acompanhamento do MPF. Ao final, caberá à Procuradoria Regional da República em Recife abrir os processos criminais contra os suspeitos”, afirmaram os procuradores na nota.

 

Operação II

Na nota, os procuradores elogiaram o profissionalismo da Polícia Federal no desencadeamento da operação, que transcorreu sem incidentes. Por fim, os membros do Ministério Público Federal agradeceram as inúmeras manifestações de apoio da população e declararam que, apesar das dificuldades, continuarão combatendo com vigor a corrupção na vida pública sergipana e brasileira nesse e em outros processos.

 

Frustração I

De um leitor ontem indignado com a decisão que soltou os presos da Operação Fox antes do tempo: “Sei Que as detenções tinham o caráter de facilitar as investigações, e que seriam no prazo de 48hs para a soltura dos acusados. Mas, para minha revolta e surpresa, nem isso esses saqueadores dos cofres públicos tiveram de suportar!A parcela de bem da sociedade, que é maioria absoluta, não suporta mais afrontas dessa natureza. É mais do que chegada à hora do código penal ser revisto. É preciso que a OAB se mobilize, e que a sociedade cobre do congresso uma posição firme. Chega de brechas, de arestas, onde ratos, sob a proteção de advogados, protegem-se”, lamentou.

 

Frustração II

Prosseguiu o leitor: “É demasiado irritante a cara de pau desses senhores. Só para se ter uma idéia, em São Domingos, ontem à noite, após a confirmação da soltura do senhor Hélio Mecenas, houve uma carreata e queima de fogos como nunca se viu no município, sequer em final de copa do mundo. Isso pouco, hoje (ontem) ocorre um churrasco, regado a muita cerveja. Houve um tempo em que a prisão envergonhava um homem, as famílias. Hoje, é motivo de festa a soltura, sendo que não por inocência, mas por artifícios legais. Resta-nos a esperança de que a mão da justiça, um dia, possa pousar sobre aqueles que tiram o pão dos mais necessitados”.

 

Exemplo no TJ I

No último dia 13 completou-se seis anos da morte do Desembargador Rabelo Leite , que marcou o Tribunal de Justiça de Sergipe pela firmeza e determinação no desempenho das suas funções. Ontem, um magistrado sergipano ainda na ativa lembrou que diante de uma avalanche de homenagens com nomes em prédios públicos de políticos, amigos, parentes, agregados, vizinhos e tudo mais, é lamentável que “um homem da estatura e de honrada vida pública como foi o desembargador Rabelo Leite não ser lembrado nem por aqueles que diziam-se grandes amigos”.

 

Exemplo no TJ II

O magistrado lembrou algumas frases de Rabelo Leite. “Não basta reconhecer tudo que está atrasado na sociedade, é urgente fazer algumas coisas; não basta medir espaço da opressão, da mentira, da iniqüidade e da injustiça – é preciso agir para que seja dado aos oprimidos e injustiçados à verdade, a liberdade, a justiça. Amei a justiça e odiei a iniqüidade”. Este trecho foi de uma carta de Rabelo Leite, então secretário de Estado da Educação em junho de 1964, quando da prisão no 28° BC, por ser considerado subversivo por defender  o método educacional de Paulo Freire.

 

Exemplo no TJ III

Outra frase de Rabelo Leite lembrada pelo magistrado: “Sou católico apostólico romano por convicção e me honra sê-lo. Nunca preguei o ódio ou a luta de classe, sempre preguei a doutrina social da igreja. Lutei pela justiça, pela verdade e pela dignidade humana. Lutei pelas reformas estruturais e sociais-cristãs”. No conceito de alguns políticos e comerciantes sergipanos ainda vivos, a solução para o Brasil passava pela criação de alguns Leonel Brizola e Rabelo Leite.

 

Ajoelhado

Quem viu garante que foi uma cena patética. Uma grande liderança política do Estado, literalmente de joelhos em frente ao superintendente da Policia Federal na última terça-feira pedindo para que fosse solto um parente dele.

 

Estância

Alguns sindicalistas do município de Estância encontraram ontem boiando no rio Piauitinga documentos da Secretaria de Ação Social do município, como certidões de nascimento e cadastros de famílias. Os documentos serão entregues ao Ministério Público para uma avaliação criteriosa.

 

Frase do Dia

“Ocorrem armações para beneficiar candidatos. As pesquisas deveriam ser liberadas apenas para consumo interno dos partidos e das coligações. Muitas vezes, os partidos compram pesquisas e os números saem dirigidos para beneficiá-los”. De João Fontes ontem no “Periscópio” do Jornal da Cidade afirmando que não dá credito às pesquisas eleitorais que têm sido publicadas e defendendo a tese da proibição da divulgação pública das mesmas.

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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