Laudo aponta sequência de erros em queda de prédio

Prédio desabou em julho deste ano (Foto: Arquivo Infonet)

Após quatro meses de análise, o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Sergipe (Crea-SE) divulgou o resultado do laudo que apura as causas do desabamento do prédio, que caiu no bairro Coroa do Meio, em julho deste ano. Segundo o laudo, a construção desabou “devido a uma associação de erros de projeto e de execução”. Quatro pessoas ficaram soterradas, um bebê de 11 meses morreu.

O parecer técnico de análise das causas aponta o que provocou o desabamento: uma sequência de erros. O local estava em fase de construção quando veio ao chão. Parte dos destroços do prédio foi retirada para análise, que foi feita por uma equipe formada pelo CREA.

Os peritos constataram que o projeto foi desenvolvido sem antes ter sido feitas sondagens no terreno, que o carregamento indicado na planta foi subestimado; e que os fatores de segurança estabelecidos por norma, não foram atendidos. Os engenheiros constataram também que a construção de mais um andar foi também um erro, já que a estrutura não apresentou capacidade resistente o suficiente.

Emerson Meireles "Não sabemos como aquelas pessoas sobreviveram" (Fotos: Portal Infonet)

O coordenador da comissão que analisou as causas do desabamento, Emerson Meireles, explica que o rompimento dos pilares mais importantes da construção foi a principal causa do desabamento. “Ele rompeu de forma rápida, abrupta e caiu praticamente na vertical. Havia um pavimento a mais do que se foi projetado originalmente”, diz.

Erros na execução da obra

O laudo observou também, que a falta regular de um engenheiro e de mestre de obras, foi também um causador do desabamento, pela falta de fiscalização. “O Concreto produzido na obra sem elaboração de traço específico, com quantidades de materiais medidas em carros de mão, sem medição do abatimento por meio de slump-teste, antes do lançamento nas formas e sem retirada de corpos de prova para aferição da resistência mecânica, contrariando frontalmente a norma NBR 14931/2014 – Execução de estruturas de concreto- procedimento. Tal prática levou à produção de concretos heterogêneos, de baixa resistência e, consequentemente, de baixa qualidade. Excessiva espessura de revestimentos de paredes de fachada e de lajes de piso, impondo à estrutura uma sobrecarga não prevista; acréscimo de mais um pavimento à edificação e substituições de lajes maciças; armadura insuficiente para a situação, alteração de posição do reservatório elevado…”. (Sic).

Inquérito policial

Comissão conclui laudo técnico

O perito da Polícia Técnica, José Francisco das Chagas Filho, reitera as informações passadas pelo Crea. Segundo ele o resultado do laudo será entregue aos responsáveis pelo inquérito e ao Ministério Público Estadual (MPE). “O relatório já foi entregue e agora farei a elaboração do laudo que será entregue ao presidente do inquérito para apresentação no MPE. Foram observados erros grosseiros, tanto na execução quanto na parte de concepção de projeto estrutural”, destaca.

O delegado responsável pelo caso, Valter Simas, foi procurado pela reportagem do Portal Infonet, mas sem êxito. Ele aguardava o laudo pericial das causas do desabamento, para dar continuidade às investigações.

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Por Eliene Andrade

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