‘Campeão’ de vestibulares fala sobre sua experiência

Atualmente cursando Matemática na UFS, além de fazer parte do quadro de professores dos principais colégios e cursos pré-vestibulares de Aracaju, Rígel Alves Rabelo de Oliveira é conhecido pela proeza de prestar oito vestibulares e passar entre os primeiros colocados em sete deles. Rígel tentou Medicina e Odonto, passou em ambas, mas acabou migrando para Computação e Matemática, a sua real paixão. Rígel conversou com o Portal Infonet sobre sua ‘carreira’ como vestibulando, sua experiência para fazer as provas e os principais desafios para conquistar uma vaga, entre outros assuntos, numa entrevista que você confere agora.

 

 

Portal Infonet – Qual seu histórico de vestibulares?

Rígel Rabelo – Meu histórico é meio grande. O primeiro curso que eu fiz foi Medicina, mas eu ‘vagabundei’ o ano todo e acabei não passando. No ano seguinte eu fiz Odontologia e passei com pontuação para entrar em Medicina. Cursei um período de Odonto, aí por insistência do meu pai em fazer Medicina eu tranquei o curso de Odonto, fiz o pré-vestibular e passei em Medicina. Cursei três períodos, mas vi que não gostava. Decidi fazer um curso de exatas, o curso de Computação, já que eu gosto de computadores, e fui tentar vestibular em Pernambuco. Tentei Computação nas universidades Federal e Estadual, passei nas duas, mas fiquei na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Passei um ano lá. Só que antes já tinha começado a dar aula de Matemática, Física, até Química eu já dei aula, aí eu voltei para cá. Fiz vestibular de novo aqui, na Universidade Federal de Sergipe (UFS), para Computação e passei. Estava cursando Computação quando fui convidado para dar aula, para ser professor, em 2004. Até que o (curso de pré-vestibular) Sala 1 abriu uma promoção onde o primeiro lugar (entre seus alunos) ganharia um (carro) Fiesta, aí no meio do ano eu me matriculei lá. As matérias de peso eu já sabia, Matemática, Física, só que tinha muito tempo que eu não via História, Geografia, Literatura, aí eu me matriculei lá para estudar essas matérias mais, digamos assim, que não são de peso. Com os professores muito bons de lá, muito bem preparados para o pré-vestibular, eu supri as dificuldades que eu tinha, que eram em Português, Literatura e acabei passando em primeiro geral. Ganhei o carro e ganhei um emprego lá também, pois eu fiquei tirando dúvidas do pessoal. Na época tinha saído um professor de lá e eu passei a ser professor no lugar dele. Comecei a dar aula aqui no Colégio Amadeus também. Fiz vestibular de novo e passei na UFS em Matemática, só que tem um problema, demora cinco anos para eu me formar. Assim que eu passei, cursei dois períodos e tranquei. Agora é que eu estou voltando a estudar, e estou agora na Universidade Tiradentes (Unit) – fiz vestibular agora no meio do ano e passei em 6º lugar geral. E agora estou assim, acabei o primeiro período lá e estou transferindo as matérias que eu cursei na UFS para lá para ver se me formo logo, já que lá são três anos só.

 

Infonet – O primeiro vestibular é o mais difícil?

RR – É. É tudo novo. Quando se é assistente, não se tem a preocupação de passar de ano, se estuda o ano todo só pensando no vestibular. Já os alunos do terceiro ano regular não, eles tem que passar no vestibular e ainda passar de ano.

 

Infonet – Mas do segundo em diante, vai ficando mais fácil?
RR –
Depende. No meu caso sim, porque no segundo eu passei, no terceiro eu passei de novo, mas foi porque eu quis fazer. Mas, por exemplo, para quem vai fazer para Medicina, que já fez cinco ou seis vestibulares, aí sim a pessoa fica na tensão de fazer novamente, com o risco de perder de novo. Por isso que tem gente que muda de curso, faz Odontologia ou Enfermagem.

 

Infonet – Por ter prestado tantos vestibulares, você se considera mais inteligente que a maioria ou isso é só questão de estudo?

RR – Não, não… Vestibular não tem nada a ver com inteligência. Claro, tem a ver com dedicação, tem que se dedicar muito. Matérias como Matemática, por exemplo, tem que fazer muito exercício, Física também, Português tem que ler muito. Mas não vejo como inteligência, é mais dedicação mesmo.

 

Infonet – Desses cursos que você chegou a iniciar, qual deles que você teve mais identificação?

RR – Eu acho que é o que eu estou fazendo agora, Matemática. Computação também gostei muito por ser uma área de exatas, só que a parte de computação em si eu não gostava, programação, redes. Eu gostava muito da parte de Matemática.

 

Infonet – Qual foi o principal motivo de você não cursar os outros cursos pelos quais você fez vestibular?

RR – Identificação mesmo. Odonto eu fiz pensando em fazer Medicina. Com medo de perder um ano, optei por Odonto, que é mais fácil de passar. Medicina eu até tentei, admirava a profissão de médico, até hoje admiro, salvar vidas sempre é gratificante. Mas não consegui me identificar, não conseguia estudar, não tirava notas boas, apesar de sempre ter sido um aluno de notas boas.

 

Infonet – Existe alguma ‘receita de sucesso’ para passar no vestibular?

RR – Bom, a receita é estudar. Procurar um local que prepare bem, tem muitos cursinhos bons aqui em Aracaju, muitos colégios bons também. E dedicação, que é fundamental, pois não adianta de nada o professor enunciar tudo e, ao chegar em casa, o estudante não fazer nada. Tem que estudar em casa.

 

Infonet – Como era o seu perfil como aluno?
RR –
Eu presto muita atenção nas aulas. Evito faltar aula, só em último caso mesmo, e tento passar isso para os meus alunos, pois quando se falta aula, se perde a explicação do professor. Por mais que se leia o livro, o caderno de um amigo, o aluno não vai entender o que o professor passou. Então eu evitava ao máximo perder aula e tentava pegar o máximo durante a aula. E chegava em casa e revisava.

 

Infonet – E sua rotina de estudo?
RR –
Ultimamente, eu estou meio sem tempo para estudar. Foi como eu falei, eu pego muito na aula. Não tinha um horário muito cronometrado não. Eu me programava para estudar os assuntos e pronto. Se programar é que é o macete. O aluno tem que fazer um cronograma de estudos.

 

Infonet – Você saía com os amigos, tinha horários para o lazer?

RR – Ah, claro. Tem que contrabalançar, né? No primeiro ano, que eu fiz meu primeiro vestibular, eu me excedi um pouco, saía muito, comecei a namorar e só pensava em sair com a namorada. O reflexo chegou no final do ano, quando eu não consegui passar. Mas a partir dos outros anos eu consegui contrabalançar isso aí sem problema algum. É necessário ter tempo para o lazer, senão se chega no final do ano estressado, nervoso, lembrando que deixou o ano todo de lado para fazer uma prova. A pessoa acaba ficando nervosa.

 

Infonet – Quais os principais problemas como estudante que você enfrentou quando fez o vestibular?

RR – O problema mesmo é a concorrência. Tem que se superar, sei lá, entre os 800 candidatos as 60 vagas, tem que se superar, então, 740 candidatos.

 

Infonet – Você ficou nervoso durante as provas?

RR – Ah, com certeza. Antes da prova, todo mundo fica nervoso. Eu hoje, na universidade, ainda fico nervoso antes de fazer uma prova. Será que eu estudei direito? Mas é aí que, quando eu pego a prova e vejo que sei fazer a primeira, a segunda, aí vai baixando o nervosismo naturalmente. Mas se a pessoa pega a prova e não estudou o suficiente, aí vai ficar nervoso a prova inteira.

 

Infonet – Você acha que esse nervosismo é o grande vilão dos vestibulandos?

RR – Eu acho que não. Tem pessoas que não conseguem controlar, tem crise mesmo, desmaiam, vomitam, tem espinhas nas proximidades da data da prova. Mas eu acho que a maioria, não. Existe esse mito de que todo vestibulando fica nervoso, mas acho que é só um mito.

 

Infonet – Quais as dicas que você dá para quem está prestando o vestibular agora?

RR – Primeiro, procurar um local, um curso apropriado, com bons professores, voltado para o vestibular. Depois, se programar bastante, fazer seu cronograma de estudo. Não adianta se estudar seis horas em um dia e no outro só meia hora. Tem que manter um padrão, pois a partir de um certo momento, por mais que se estude, não entra nada na cabeça, eu tiro por mim mesmo. E prestar muito bem atenção às aulas, evitar faltar aula, basicamente isso.

 

Por Herbert Aragão e Carla Sousa

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