“A Dois Passos de Wakanda”: Uma proposta para Consciência Negra no Ensino de História

Jairton Peterson Rodrigues dos Santos

Mestrando em Ensino de História (UFS)

Bolsista CAPES

Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)

E-mail: jairtonpeterson@gmail.com

Orientadora: Profª. Drª. Andreza Maynard (UFS)

 

Capa do Documentário produzido a partir do germinal do Projeto. Aracaju, Outubro de 2018. Bruno Farias. O documentário pode ser encontrado em https://www.youtube.com/watch?v=761YjffbQvc

Para que se exista Ensino de História, é necessário estabelecer finalidades, explicitar conteúdos, definir métodos e fazer a avaliação da aprendizagem. Este breve texto conta um pouco sobre “A Dois Passos de Wakanda”, um projeto concebido para o Ensino de História e relacionado à temática da Consciência Negra, que ocorre desde 2018 no Colégio Estadual Olavo Bilac, na cidade de Aracaju-SE. O projeto é ligado diretamente ao filme “Pantera Negra” (2018).

A película conta a jornada do príncipe T’Challa (ChadwickBoseman), que, após a morte do pai, herda o trono e toda a sua mágica. É confrontado por Eric Killmonger (Michael B. Jordan), seu primo estadunidense, que ambiciona tomar-lhe o trono e todas as vantagens da superioridade tecnológica do país. O confronto ressalta os traumas e as injustiças sofridas por Eric como afro-estadunidense.

Dirigida por Ryan Coogler, e com um elenco negro, a película tem como cenário Wakanda, camuflada nação africana fictícia dotada de altíssima tecnologia, culturas bem demarcadas, habitada por um povo orgulhoso de si, guardada por poderosas mulheres e rica em vibranium, um potente componente mineral.

O filme possui uma grande contribuição social por trazer para as telas de cinema um povo que vive sendo esquecido, por muitas vezes estigmatizado. “Pantera Negra” faz com que os alunos se vejam naquela trama que está sendo contada por personagens negros. A representação tem uma grande importância na vida em sociedade. Lembramos que os indivíduos são marcados pelo grupo social em que vivem. Quando um jovem negro no Brasil observa a televisão, será que ele se sente representado?

De acordo com o IBGE, 53,6% da população brasileira declarou-se negra no ano de 2014. No entanto, não notamos essa representatividade na TV.  Em 2018, segundo reportagem da UOL, apenas 7,98% dos atores das três principais emissoras de canais abertos do país, Globo, Record e SBT, eram negros e seus papéis eram secundários. Por questões como essas,é importante que os alunos tenham acesso à História e à Cultura Afro-Brasileira nas escolas, conforme obriga a Lei de Diretrizes e Bases 9.394/96 e seu adendo com a Lei 10.639/03.

Através do projeto “A Dois Passos de Wakanda” – iniciado em 2018 com apoio dos professores Bruno Farias, Jaciara Castro e o Projeto CrerSer – colocamos a Lei de Diretrizes e Bases em prática e buscamos fazer com que nossos alunos se sintam representados, percebendo-se como sujeitos históricos que são. Em parceria com outras disciplinas, promovemos diversas palestras, visitamos museus, universidades, teatros, cinema, produzimos curtas, documentários, escrevemos diários sobre nosso cotidiano, realizamos oficina de grafite, debates literários e valorização da estética negra.

O projeto faz com que os alunos partilhem socialmente suas trajetórias de vida criando sentido em seus percursos, além de estimulá-los a serem protagonistas de seus caminhos produzindo consciência histórica em um processo de motivação, orientação, percepção e interpretação do mundo.

Percebendo que o Ensino de História proporciona mudança social, notamos que, através do projeto, os alunos passaram a se empoderar, enxergar-se em páginas de colunas culturais e na lista de aprovados em vestibulares. Finalmente, a partir da Educação Pública, estão percebendo que o lugar deles é onde quiserem.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais