Não se assuste ao ver tamanha quantidade de ruas com sobrenome alemão, prédios em estilo enxaimel ou perceber que mais da metade da população fala outro idioma, principalmente dos seus antepassados europeus, alemão e italiano. Blumenau, situada no Vale do Itajaí, a poucos 67km de Balneário Camboriú; 74km de Itajaí; 100km de Joinville e 162km de Florianópolis, é considerada uma das cidades que mais preserva a cultura alemã do Brasil e Capital Nacional da Cerveja. Entre um copo e outro, o turista encontrará em Blumenau um leque de pontos turísticos linkados com as tradições dos seus antepassados. Também pode ser ponto de partida para se conhecer outras cidades próximas e desfrutar de boas compras em lojas de fábricas.
A cultura germânica está presente no centrinho histórico, nos costumes, nas tradições gastronômicas, nas festas e no artesanato, além de ser a cidade um polo de confecção, objetos de cristais e informática. Quem nunca ouviu falar da Oktoberfest de Blumenau? A maior festa do gênero fora da Alemanha.
O xodó dos visitantes que buscam a cidade é, sem sombra de dúvida, o Parque Vila Germânica, local que funciona como um centro de convenções, palco da Oktoberfest e de grandes feiras, como o Festival Brasileiro da Cerveja. Quando o turista chega no local, transporta-se para uma vila do interior da Alemanha com seus cheiros da culinária, modo de se vestir, música nos bares e, principalmente, o complexo arquitetônico que replica uma cidade germânica em estilo enxaimel.
O espaço oferece diversas lojas e bares para quem deseja entrar no clima da região, além de ser gratuito, aberto durante todos os dias do ano, não somente em festas e eventos. Ponto turístico obrigatório, especialmente pela boa variedade de chopes e comidas típicas germânicas disponíveis, a Vila Germânica, também atrai por seus cafés e lojas.
Para quem quer vivenciar a cidade, uma outra boa pedida é percorrer os centrinhos, ruas, praças e parque a pé, principalmente a Rua XV de Novembro. No período colonial a rua era conhecida por Wurtstrasse (Rua da Linguiça), por ser estreita e cheia de curvas. Em 1890, recebeu o nome atual e em 1902 teve seu traçado modificado para se tornar menos sinuosa. Apesar de quase nenhuma construção ser original da época dos colonizadores, elas formam belos complexos que rendem boas selfies. O conjunto arquitetônico sinalizado possui 48 imóveis cadastrados como patrimônio histórico.
O Castelinho, uma construção de 1978, é um deles, pensado pelo empresário Udo Schadrack, de família tradicional blumenauense, é uma réplica da prefeitura de Michelstadt, cidade localizada no sul da Alemanha. Hoje funciona uma loja da Havan.
Ainda na Rua XV de Novembro, não deixe de visitar o Relógio de Flores, a Catedral São Paulo, a Fundação Cultural São Paulo e o Biergarten, um charmoso jardim de frente para o rio Itajaí-Açu.
Seguindo o roteiro, chegue até à Praça Vitor Konde, ou praça da Prefeitura de Blumenau. Lá se encontra o Monumento da Poesia, inaugurado em 1.998 em homenagem ao Poeta Haicadista Martinho Bruning, e o busto Victor Konder, inaugurado em 1928, de autoria da Fundição Mário Liberato (Rio), com a presença do então governador Adolpho Konder em homenagem ao Ministro da Viação no Governo do Presidente Washington Luís.
Nessa praça encontra-se também a locomotiva Macuca, importada da Alemanha em 1908, que chegou ao Brasil a bordo do Vapor Klobenz ao lado de 800 toneladas de material para a Estrada de Ferro Santa Catarina. Completa a cena um espelho d’água e um chafariz e o imponente prédio da Prefeitura de Blumenau. O prédio iniciou em 1980 no local onde funcionava a sede da Estação Ferroviária. Inaugurado em 02 de setembro de 1982, seu estilo enxaimel foi inspirado nas antigas casas do período colonial. É uma das maiores e mais modernas prefeituras do estado e um dos prédios mais fotografados da cidade.
Percorrendo a avenida Presidente Castelo Branco à beira do rio Itajaí-Açu ou até mesmo pela Rua XV de Novembro, chega-se à Praça Hercílio Luz. Em 2 de setembro de 1900, por ocasião do cinquentenário da fundação da cidade, foi lançada nesta praça a pedra fundamental do monumento comemorativo à chegada dos fundadores de Blumenau. Além desse monumento, também fica o Voluntários da Pátria, em homenagem aos soldados que representaram Blumenau na Guerra do Paraguai (1865-1870) e na 2ª Guerra Mundial (1939-1945).
Ali estão diversos atrativos que fazem parte da cena turística da cidade, como a Alameda Duque de Caxias ou Alameda das Palmeiras, o Museu da Cerveja, o Museu dos Hábitos e Costumes, Museu de Arte de Blumenau, o Memorial e Mausoléu Dr. Blumenau, o Cemitério dos Gatos e a bela vista do rio, com bares e restaurante. Como a cidade foi colonizada em 1850 pelo médico farmacêutico e filósofo alemão Dr. Hermann Bruno Otto Blumenau, nada mais justo que o memorial resguardar sua história.
A Alameda Duque de Caxias foi a primeira rua planejada da colônia, na época chamada de caminho do Stadtplatz. Em 1942 recebeu a denominação atual. Curiosamente as primeiras palmeiras imperiais, trazidas do Rio de Janeiro, foram plantadas no centro da via, em 1876. Em decorrência deste fato, a principal rua da época, passou a chamar Palmenallee (palmeira em alemão).
Pertinho dali fica o Cemitério dos Gatos, primeiro do gênero do pais e recheado de histórias. Fundado por Edith, sobrinha-neta do fundador da cidade Hermann Otto Blumenau, após passar tempo na Europa e retornar a Blumenau, seus hábitos passaram a ser entre livros, animais, e foi assim até fim dos seus dias. Quando os felinos morriam, eram enterrados com direito a funeral e cortejo fúnebre. Com o passar do tempo, o local acabou se tornando atração turística e tema de programas de notícias de âmbito nacional.
Blumenau é hoje considerada um dos principais polos produtores de cerveja. Ela é atualmente reconhecida nacional e internacionalmente pela qualidade e diversidade das cervejas, ao ponto de a cidade receber o título de “Capital Nacional da Cerveja”. Toda história da cerveja nacional está resguardada no Museu da Cerveja inaugurado em 24 de setembro de 1996. O lugar mostra a evolução do cenário cervejeiro em Santa Catarina, e consequentemente, no Brasil, explicando como o processo de preparação da cerveja mudou no decorrer dos anos e trazendo peças da década de 1890, 1892 e 1920, do acervo de grandes cervejarias como Feldmann – umas das primeiras na região – e a Brahma.
Alguns dos objetos presentes no museu são equipamentos que apresentam a confecção da cerveja, balanças utilizada para contar a quantidade de lúpulo a ser usada moedores para o malte, objetos que contam a história nacional e internacional. Também é possível se informar sobre a história da Oktoberfest Blumenau através de fotografias, objetos e cartazes.
Para finalizar o passeio pela cidade mais alemã do Brasil, a denominada Prainha ou Complexo Turístico Moinho do Vale possui bons restaurantes, um deles contando com um belo moinho de vento que recorta a paisagem à beira-rio. Também fica nesse espaço, o vapor Blumenau, segunda embarcação a realizar trajetos regulares entre Blumenau e Itajaí. Não deixe de contemplar a vista panorâmica da cidade, antes de dar uma pausa para aguçar um outro sentido: o paladar.
Dicas de Viagem
A melhor forma de conhecer os pontos turísticos da cidade é a pé, até por ficarem próximos. São cerca de um raio de 5km para percorrer desde a Vila Germânica até a Praça Hercílio Luz. Vale a pena;
O carro é solicitado apenas na hora de fazer compras – fábricas de roupas e cristais estão espalhadas por todo entorno de Blumenau. A loja de fábrica da Haring é um ponto turístico e as agências levam até lá. Vale a pena garimpar algumas peças e visitar o museu em um casarão preservado pela empresa;
Algumas opções de lojas de confecções e objetos de cristal, decoração ou utensílios para casa ficam no entorno de Blumenau, na saída da cidade para Joinville e Balneário Camboriú;
O Mausoléu de Dr. Blumenau é aberto de segunda a domingo, inclusive feriados, das 10h às 16h, gratuitamente.
O Parque Vila Germânica está situado na Rua Alberto Stein, com o horário de funcionamento de segunda à sexta, das 8h às 23h; aos sábados, das 10h às 23h; e aos domingos das 11h às 23h. O espaço serve de sede para eventos como a Oktoberfest, Sommerfest, Magia de Natal e Weihnachtsdorf (Vila de Natal), Osterdorf (Vila de Páscoa), Festival, Feira e Concurso Brasileiro da Cerveja, Sabores de Santa Catarina, entre outros;
O Museu da Cerveja funciona de segunda a sexta, das 9h às 17h. Sábado e domingo, das 10h às 16h. Valor de entrada: gratuita;
Se tiver mais dias na cidade, pode-se fazer um tour pelas proximidades: Brusque, Jaraguá do Sul e Pomerode, boas para compras; Nova Trento, destino religioso e italiano; Timbó, com atrações voltadas para aventura. Muitos preferem também se hospedar em Balneário Camboriú;
De Aracaju, a agência Verdear Turismo levará mais um grupo para momentos inesquecíveis no Sul do país com opcional para Blumenau no período de 23 a 27 de novembro. O pacote é convidativo com receptivo local, guia acompanhante nacional e regional, opções de passeios por cidades próximas e hospedagem no paradisíaco Balneário Camboriú. Consulte as promoções e valores de investimentos através do número de telefone (79) 3303-6436 ou 79 99144 5698 ou na própria sede da agência situada no R. Rosário, 465 A – Santo Antônio, em Aracaju, das 8h às 12, das 14h às 18h;
Como chegar – O caminho natural para chegar na mais famosa cidade “alemã” do Brasil é seguir pela BR-101 até Itajaí. A partir daí, há duas opções: entrar na movimentadíssima BR-470 ou seguir pela menos movimentada SC-412, mas atravessando as cidades de Ilhota e Gaspar;
Quando conhecer – Não há uma data específica para se visitar Blumenau. Na temporada de inverso chove muito na região e em outubro superlota nos quinze dias da Oktoberfest;
Gastroterapia
O marreco recheado, ao lado do Eisbein (joelho de porco) e da Kassler (bisteca de porco levemente defumada, acompanhada de salsichão vermelho), formam a trinca de ferro da culinária alemã servida no Brasil. No Vale do Itajaí, a receita do marreco segue à base da culinária germânica com um sabor apurado. A ave é assada e o recheio é feito com os próprios miúdos, como moela, fígado, coração e estômago – um pouco de carne bovina é misturada para amenizar o sabor. Os acompanhamentos também são clássicos: repolho-roxo refogado e levemente adocicado com cravo e canela, chucrute e purê de maçã ou de batata. O buffet livre custa R$ 60.
Nos restaurantes da Vila Germânica o Hackepeter (carne bovina triturada e curtida com temperos especiais) é feito na hora, com uma mistura forte de mostarda, azeite, shoyo, pimenta do reino, páprica, cebola, cebolinha e cheiro verde, entre outras especiarias. O prato custa, em média, R$ 38.
Fotos: Silvio Oliveira
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