Carta aos Leitores

Caros Amigos,

Ao longo da minha curta e simples experiência profissional, tenho sido abençoado por Deus.

Conheci o nosso país pelas entranhas. Participei de obras sociais e educacionais em regiões que ainda hoje são esquecidas pelo poder público. Caminhei 6, 8. 14 horas de barco, carro e até avião das Forças Armadas. Interior do Amazonas, Piauí, Goiás, Mato Grosso e tantos outros cantos.

Estive em Angola onde a fome está por toda a parte, mas os olhos daquelas crianças miravam além. Desejavam mais do que o alimento para o corpo, ansiavam pela vontade de mudar. Permaneciam com as almas livres, mesmo que o corpo insistisse em fraquejar. Lembro de São João da Cruz que preso, açoitado, humilhado, clamou ao Senhor a força para não se entregar. como no Salmo; Senhor, das profundezas clamei a ti !

Estive nos USA, onde morei, estudei. Por lá as coisas funcionam e as pessoas abastecem suas geladeiras, seus armários. Aparentemente são felzes, aparentemente são realizadas, aparentemente são fortes. Mas, na verdade, elas são aquilo que não aparentam ser. São ansiosas, tem medo do outro e se protegem pregando o exibicionismo midiático e o culto ao consumo. Querem ser boas, desde que possam controlar a bondade, desde que possam controlar as ações, desde que a bondade não interfira na sua rotina. É uma cultura que reflete o paradoxo do nosso século. O século vespertino. O século que está entre a transcedência e a imanência. O Século que divide o passado e o futuro. A transição e a mudança.

Acredito na civilização do amor. Creio na palavra como libertação e na vitória do Bem. Do Bem que se quer livre. Acima dos dogmas, além das diferenças e fortalecido pela compaixão. Para que exista o Bem é necessário que se acredite no Bem.  É necessário olhar o outro e sentir a si próprio. Sem o outro não há o Bem. O Bem para sim mesmo tem outro nome. Pode se chamar egoísmo, individualismo. O Bem comum tem um nome só e pode ser pronunciado em qualquer idioma – Misericórida.

Escrevo para agradecer aos amigos, alunos, aos colegas de trabalhoe  a equipe diretiva  do Arquidiocesano e da FANESE. Todos aqueles, mesmo os desconhecidos, que deixaram mensagens, ligaram.Aqueles que  em silêncio rezaram pela minha saúde e lamentaram a perda da Mamãe. Abraço fraternalmente a nossa secretária do lar – Maria. Generosidade em pessoa  e o coração maior que o peito que o abriga. E de forma muito especial  quero registrar o meu carinho à Ir. Jane e às Irmãs do Imaculado Coração de Maria. Aos professores do Colégio Dom Feliciano, na acolhedora cidade de Gravataí/RS.

À Tania – minha companheira – deixo o sentimento de partilha. Há 18 anos partilhamos nossas vidas. Ultrapassamos barreiras,vencemos o medo. Estamos hoje mais unidos do que ontem. Cúmplices dos nossos sonhos. Fiéis seguidores do destino que se descortina a cada manhã. Antes de agradecer preciso reconhecer. Reconhecer tua força. Reconhecer tua obstinação. Reconhecer que sem Você seria um rascunho. Seria incompleto.

Hoje tenho o coração preenchido pela gratidão. Graças a Deus meu coração não foi tomado pelos sentimentos de revolta e incompreensão. Mantive o diálogo com o absoluto e a alma aquecida pelas palavras do Senhor; “Penetra em mim, Senhor, sonda o meu íntimo; vê o meu coração e os meus intentos. Não me deixes trilhar o mau caminho, pela estrada da paz tu me conduzas!”

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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