Mês de mobilização contra o HIV
Em meio à Pandemia da Covid-19 – um dos maiores problemas de saúde pública que o planeta está enfrentando, e imediatamente após eleição municipal, período que provoca grandes mudanças nos municípios, vem aí o DEZEMBRO VERMELHO, mês de mobilização e intensificação das ações de prevenção e de alerta para uma outra Pandemia que o mundo encara desde o ano de 1981, quando foram descobertos os primeiros casos de Aids, uma doença que, embora com muitos avanços, ainda não tem cura e não tem vacina.
Hoje vivem mais de 35 milhões de pessoas no mundo com o HIV. Em Sergipe, são mais de 8.000 pessoas soropositivas e vivendo com a doença, das quais mais de 1.000 vieram a óbito em consequência das infecções oportunistas e cânceres associados ao HIV.
A AIDS provocou milhões de mortes e várias transformações na área de saúde e na sociedade. Foi a primeira doença a provocar uma grande mobilização das próprias pessoas acometidas, que passaram a lutar pelos seus direitos aos exames, aos tratamentos específicos e, acima de tudo, respeito. A luta não foi só das pessoas que tinham o HIV. Surgiam pessoas na área da saúde e na sociedade em geral, que passaram a abraçar a causa.
A prevenção ao HIV depende de mudanças de atitude da população e, principalmente, dos gestores da saúde e educação, como acontece também com a prevenção à Covid-19.
Sei que, neste momento difícil que o Brasil está passando, com uma Pandemia que não acabou, sendo desacreditada por alguns e “sofrida” por outros, os estados e municípios terão dificuldades em mobilizar a população para um outro problema de saúde que envolve mudanças de práticas na hora de uma relação sexual.
A população sabe que o preservativo (a camisinha) é uma importante forma de evitar a transmissão do HIV e de outras IST – Infecções sexualmente transmissíveis. Mas há uma distância entre o conhecimento e a prática do sexo com segurança. Grande parte da população, por decisão pessoal, não usa o preservativo nas relações sexuais e faz escolhas perigosas. Quando uma relação sexual sem preservativo envolve um parceiro ou parceira que é soropositiva e se encontra com carga viral indetectável, dificilmente ocorrerá a transmissão do HIV. Mas tem muita gente que, na hora da relação sexual, não se preocupa com o uso do preservativo e não se liga na situação de saúde do outro que vai se relacionar sexualmente.
Hoje a ciência disponibiliza várias formas de escolhas para a prevenção ao HIV – a PREVENÇÂO COMBINADA, que envolve, além da camisinha, o tratamento como forma de prevenção, reduzindo a carga viral do HIV no sangue e nas secreções. Existe a PEP – Profilaxia Pós Exposição, para aquelas situações de emergência como na violência sexual, ou quando houve o rompimento do preservativo. A PEP ainda está indicada para uma relação sexual consentida, sem preservativo, que envolveu um dos parceiros que era soropositivo ou até quando ocorreu a relação sexual sem preservativo e a pessoa não sabia da situação sorológica do (a) parceiro(a). Ainda existe a PrEP – Profilaxia Pré Exposição ao HIV, para aquelas pessoas que se expõem frequentemente ao risco de adquirir a infecção por não utilizar o preservativo nas relações sexuais.
O DEZEMBRO VERMELHO passa a ser um importante mês de levar o tema AIDS/HIV para as famílias, onde os casais precisam conversar sobre prevenção, entre si e com os filhos e filhas. Os jovens continuam iniciando a vida sexual muito cedo e sem preservativo.
O tema AIDS/HIV precisa ser levado para as empresas e instituições públicas e privadas, onde o preconceito com relação às pessoas soropositivas ainda existe, embora a discriminação seja considerada crime. Também o local de trabalho é um espaço importante para divulgar informações e disponibilizar os preservativos.
O DEZEMBRO VERMELHO passa a ser um importante mês para as equipes das unidades de Saúde divulgarem a prevenção e ofertarem o teste rápido para diagnóstico do HIV, no seu território. A população tem o direito de saber da sua sorologia, para que possa iniciar o tratamento mais cedo. Assim terá uma melhor qualidade de vida e evitará a transmissão do HIV para outras pessoas.
O tema AIDS/HIV precisa ser levado para as escolas públicas e particulares, que são espaços importantes de formação dos jovens e de orientação para uma vida sexual saudável. Infelizmente, existem escolas que não permitem a abordagem do tema sexualidade, alegando que vai incentivar “ao sexo”. Puro engano: muitos jovens já são sexualmente ativos e a maioria dos pais e professores nem imagina…
O Dia Mundial de Luta Contra a AIDS, primeiro de dezembro, foi instituído pela Organização Mundial de Saúde como uma data simbólica de mobilização para todos os povos sobre a pandemia de AIDS.
O Laço Vermelho é o símbolo internacional da consciência sobre o HIV e a AIDS, e também um símbolo de esperança e apoio, e é usado por um número cada vez maior de pessoas por todo o mundo para demonstrar sua preocupação com a epidemia, além de expressar visualmente solidariedade com aqueles que vivem com o vírus.
Aproveite o DEZEMBRO VERMELHO que vem aí, não apenas para colocar o laço vermelho no peito, mas para refletir que a prevenção ao HIV deve ser uma prática diária, bem como o combate ao preconceito e discriminação.