É preciso discutir o PT Sergipe

Na segunda-feira da última semana encerraram-se as inscrições para as direções estaduais do PT em todo o país. Em Sergipe, há quatro candidaturas à Presidência Estadual. Por ordem alfabética: Ana Lúcia, deputada estadual; Denilson Silva; Márcio Macedo e Rogério Carvalho, ambos deputados federais.

Antes mesmo da definição das chapas e da confirmação das candidaturas, as eleições internas do PT já vinham ocupado parte considerável das matérias e das análises políticas da imprensa sergipana. Com a divisão do campo majoritário em dois candidatos à presidência estadual, Rogério Carvalho e Márcio Macedo, os olhos e ouvidos da mídia local se voltaram ainda mais para as movimentações dos agrupamentos e tendências do Partido dos Trabalhadores.

Acredito que, de fato, uma eleição interna do PT interessa não somente aos seus filiados e filiadas, mas merece a atenção de toda a sociedade, afinal a escolha da nova direção do PT sinaliza quais caminhos percorrerá o partido que está há dez anos no Governo Federal e há sete no Governo do Estado. Aliado a isso, a divisão do atual campo majoritário gera especulações, análises e interpretações diversas, afinal pela primeira vez o grupo se fratura publicamente para a disputa interna do comando do partido.

Porém a mídia local tem cometido dois equívocos: primeiro, supervalorizar o racha do campo majoritário e polarizar a eleição nas candidaturas de Rogério Carvalho e Márcio Macedo, quando são quatro os que concorrem à presidência estadual do PT. Segundo, e tão grave quanto o primeiro, é que, em geral, a imprensa se limita a repercutir ou discutir as “tuitadas” e recados de Déda, as movimentações de José Eduardo Dutra e Sílvio Santos e os desejos e qualidades pessoais de Rogério Carvalho e Márcio Macedo.

Sem dúvidas, há muito mais que os programas de rádio, TV, os jornais impressos e portais de notícias podem abordar sobre as eleições internas do PT. Qual o balanço do Governo Déda até aqui pelos diferentes candidatos? Qual avaliação os candidatos fazem da antiga aliança com a família Amorim? O retorno de João Alves, do Democratas, à prefeitura de Aracaju tem alguma relação com equívocos cometidos pelo PT? Se sim, quais? Como os quatro candidatos acreditam que o PT deve se posicionar nas eleições de 2014 e 2016, especialmente no que diz respeito às alianças com outras legendas? O que propõem os candidatos para que o PT Sergipe tenha “mais pé na estrada e menos bunda na cadeira”, como disse recentemente o ex-presidente Lula? Que mudanças o PT deve promover interna e externamente, como resposta aos questionamentos das manifestações de junho e julho? Como o PT pode enfrentar problemas estruturais que ainda persistem em Sergipe, como o déficit habitacional de aproximadamente 700 mil moradias ou as mais de 8 mil famílias camponesas que ainda não possuem a sua terra? De que forma o PT, na linha de frente do Governo de Sergipe, deve atuar para melhorar os serviços públicos e valorizar os trabalhadores da educação, da saúde, da segurança e da administração estadual como um todo? Como fazer para que, em Sergipe, a militância do PT volte a ocupar as ruas?

Essas são apenas algumas questões que podem ser perguntadas pelos jornalistas sergipanos e devem ser respondidas pelos candidatos. Há muitas outras.

Não fará mal algum, pelo contrário. Discutir o partido, avaliar os acertos, criticar os erros, debater projetos e propostas concretas e não apenas falar sobre aspirações e atributos pessoais são compromissos dos candidatos à Presidência do PT Sergipe. É papel da imprensa provocá-los.

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