Em tempo de crise: crie, mova-se e faça a diferença! (*)

Recebi há alguns dias um e-mail de um amigo me informando sobre um movimento que está sendo deflagrado na região metropolitana de Campinas, SP. Trata-se do movimento denominado “Você se move, o Brasil se move” (www.movasermc.com.br) que tem por objetivos instigar, incitar e estimular a economia para, de forma inteligente e criativa, passar por esse momento de crise que afeta a economia mundial.

 

Sem nenhuma dúvida trata-se de uma iniciativa muito inteligente, criativa e certamente será muito bem sucedida e que foi iniciada por um grupo de instituições, empresas e prefeituras da região metropolitana de Campinas, SP.

 

Não resta a menor dúvida que um movimento de desânimo e desesperança se espalhou em todo o mundo, e nesses momentos muito outros acontecimentos negativos e desestimulantes proliferam. Além disso, a mídia de um modo geral ajuda bastante para que essa onda de crise não só aumente como também desestabilize pessoas, instituições e organizações.

 

Acredito que para um número expressivo de pessoas essa possibilidade de crise já era esperada. Era só considerar o fato de que os USA passaram 8 anos em guerras de custo monumental, portanto, alguém depois ia pagar essa conta no momento que houvesse uma mudança de governo. O problema dos imóveis já era divulgado há algum tempo, todavia, não com o grau de preocupação que poderiam causar. Juntando-se essas dificuldades e mais algumas outras a crise inicialmente se espalhou pelos USA e depois pelo mundo. Lamentavelmente, não dá para deixar pensar que, de certa forma, é um “troco” dado pelo Universo. É só imaginar o quanto de energia negativa se causou com a invasão de países, os milhares de pessoas inocentes que morreram, jovens que foram para as guerras lutar por uma causa da qual certamente muitos se pudessem escolher não gostariam de ir e por ai vai. E, assim sendo, o mundo viu-se envolvido numa grande onda de desânimo sem precedentes.

 

Ai vem a segunda parte do processo. Para manterem-se com altos índices de audiências, as mídias (Tv’s, rádios, jornais e revistas) nos massacram com informações desanimadoras. E a estratégia é muito simples, como nós humanos somos estimulados por uma parte do nosso cérebro mais primitiva, chamado do chamado cérebro “reptiliano”, ficamos atentos quando ouvimos notícias de acidentes, terremotos, desastres, mortes e por ai vai. Assim os apelos da mídia fazem com que todos nós fiquemos paralisados à frente das TV’s e ficamos ouvindo nos mais diferentes jornais eletrônicos as mesmas notícias desastrosas: As bolsas caíram, o dólar subiu, a empresa X demitiu 10.000 empregados, a empresa Y abriu concordata, prevê-se que a crise será em “L”, depois outro economista diz que será em “U”, outro diz que será em “V”, um diz que vai durar 6 meses, outro preconiza que vai durar um ano e por ai vai.

 

Parece besteira, mas a cadeia de negatividade começa a se espalhar numa velocidade fantástica, as pessoas deixam de comprar, muitas vezes até o essencial, contratos são cancelados, as empresas com medo do futuro, até porque continuamos pensando resolvendo problemas com as mesmas fórmulas de 100 anos atrás num mundo de informações “just on time” e com isso a crise se instala e começa com os seus efeitos que embora sejam preocupantes passam a ser catastróficos. Portanto, a grande “onda” está instalada! E, o sentimento é de “salve-se quem puder!”

 

Como a maioria do empresariado só sabe resolver problema demitindo e enxugando o quadro e ainda como conseqüência quem fica no emprego precisa trabalhar mais para compensar aqueles que se foram e é estimulado a agradecer a Deus por ter ficado no emprego, portanto fica instalado um clima organizacional insustentável.

 

Por outro lado, além dos jornalistas que noticiam os muitos desastres, há dezenas de economistas de plantão exaltam a sua teoria de desastres. Ninguém imagina que efeito tão desastroso poderá estar causando ao mundo. Muitas vezes assisto as entrevistas desses economistas e parece que estão felizes em demonstrar o seu conhecimento preconizando desastres sem precedentes.

 

Mas, quantos desses preconizadores de desgraças se juntaram para pensar em quais serão as maneiras criativas e inovadoras que temos para resolver essa crise, iniciada nos USA e disseminada pelo mundo por um “efeito bola de neve”?

 

O grupo do Movimento “Mova-se” está nos dando um exemplo mundial de cidadania, ao se juntar nas mais diferentes áreas da sociedade para pensar que formas inovadoras e criativas terão para resolver esses problemas. Talvez ao invés de se retrair os treinamentos, como fazem as grandes corporações não seria esse o momento de investir? Não seria o momento de investir em pesquisa? Em criatividade? Em inovação? Em como pensar juntos para não vermos apenas o óbvio, mas sim que vantagens poderemos tirar desse momento?

 

Por mais que não queiramos admitir, hoje somos uma “aldeia global” e o velho efeito borboleta acontece numa velocidade espantosa. Não dá para esquecer isto, não dá para não considerar isto.

 

Lembro agora de uma palestra que ouvi do Prof. Nethling Kobus, fundador e presidente da “Fundação Sul Africana de Criatividade” da África do Sul, há uns treze anos atrás. Nessa palestra ele nos mostrou como foi que utilizando o processo criativo ele e sua equipe de dezenas de professores voluntários iniciaram um movimento na África do Sul com a população negra, culturalmente reprimida, pessimista e fatalista. Assim sendo, eles trabalhavam com grupos de milhares de pessoas inicialmente para resgatar a sua auto-estima e faziam com que os mesmos toda vez que tivessem um pensamento negativo pegassem um caderninho e um lápis dados pelo movimento e desenhavam ou fizessem um símbolo que representasse exatamente o contrário daquilo que estavam pensando negativamente. Para isto, tiveram o apoio do Nelson Mandela e, certamente, sem nenhuma dúvida esse trabalho serviu de lastro para a grande mudança cultural que aconteceu naquele país.

 

E para finalizar, pegando uma carona, o movimento “Aracaju, Capital Brasileira da Criatividade” também tem esse vínculo, ou seja, de também espalhar uma onda de otimismo para que, ao invés de pensarmos em desgraças, comecemos a imaginar soluções criativas e inovadoras para esse momento de desconforto mundial. A hora é esta. E quem sabe faz a hora, não espera acontecer!¹



[1] Geraldo Vandré


 


 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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