MITO PESSOAL: CONSTRUINDO A NOSSA PRÓPRIA HISTÓRIA

Quando falamos em “mito pessoal” não estamos considerando apenas aquilo o que pensamos em relação a nós mesmos, não estamos falando de crenças falsas, não são histórias criadas apenas para explicar algumas circunstâncias ou fatos da nossa vida. Na realidade, a nossa mitologia pessoal é uma poderosa base que fornece todas as informações necessárias sobre a nossa vida, quer tenhamos consciência dela ou não. Todos nós, de maneira consciente ou inconsciente, vivemos segundo a nosso própria mitologia. E viver segundo um padrão mítico significa que tornamos conscientes as nossas origens pessoais e coletivas, que entendemos plenamente que não somos indivíduos independentes, mas que na verdade somos o resultado de milênios de amadurecimento e aculturamento. Conhecermos e construirmos a nossa mitologia pessoal permite que possamos estruturar a nossa consciência e descobrir os nossos caminhos de vida. Mas o que significa um mito pessoal? Os mitos não são lendas ou falsidades, mas modelos através dos quais os seres humanos codificam e organizam as suas percepções, sentimentos, pensamento e atitudes. Portanto, a mitologia pessoal de cada um de nós origina-se dos fundamentos do nosso ser, sendo também resultante da cultura na qual vivemos. Portanto, todos nós criamos mitos baseados em fontes de informações que se encontram dentro e fora de nós mesmos e vivemos de acordo com esses mitos (1). De certa forma, tudo o que fazemos e o que pensamos, trazem a marca clara da mitologia da cultura na qual fomos criados. O que comemos, o que vestimos, a forma como orientamos o nosso pensamento, como exprimimos os nossos sentimentos, como cumprimentamos as pessoas estranhas, como convivemos como os nossos amigos, tudo isto é resultante da mitologia da nossa cultura. Portanto, os mitos estão presentes em todos os cenários da vida moderna. Aparecem, são transmitidos e identificados nos palcos, nas telas, nas canções, na educação, na religião, na política, na literatura, na arte e na arquitetura, na cultura e etc. Todavia, o papel fundamental do mito tem sido o de trazer o passado para o presente, assim sendo, através dessa ligação do tempo, o conhecimento e a sabedoria acumulados de determinada cultura são transmitidos de uma geração para outra. No entanto, todos nós precisamos selecionar, re-alinhar e atualizar constantemente os mitos que seguimos. Os indivíduos eficientes naquilo que fazem, sabem que precisam utilizar instintivamente mitos criativos para lidar com os problemas que defrontam continuamente. E, quando adquirimos mais consciência da nossa mitologia pessoal, nos tornamos capazes de perceber a orientação criativa interior, e dessa maneira poderemos chegar às conclusões seguras analisando nossas experiências pessoais, ao invés de ficarmos nos baseando em velhas crenças antiquadas, códigos familiares ou imagens do passado. Portanto, uma maneira criativa de construirmos ou reconstruirmos a nossa mitologia pessoal é possível através dos seguintes passos: 1o. – Começarmos a identificar nossos mitos pessoais obsoletos ou improdutivos; 2o. – Começamos a revê-los; e 3o. – Experimentarmos formas de proporcionar mais harmonia em nossas vidas através da revisão desses mitos. Além disto, quando compreendemos a nossa mitologia pessoal podemos participar mais e também atuar proativamente na mitologia da nossa cultura com a finalidade de ajudar na sua evolução. Quando fazemos esse realinhamento, utilizando, por exemplo, a metodologia para resolução de problemas, conseguimos examinar e remodelar os mitos cristalizados que governam as nossas vidas e, principalmente, obter os benefícios práticos oriundos da simples tomada de consciência dos nossos mitos atuantes, das crises constantes das faltas de fé, coragem e de identidade que muitas vezes pontuam as nossas vidas, mas que podem ser consideradas um chamado à renovação da nossa mitologia, pois trata-se de uma tarefa que dura por toda a vida. Portanto, os nossos mitos pessoais contam as histórias das nossas vidas no passado, no presente e no futuro. E fazer com que essas histórias possam ser continuamente renovadas e revigoradas, é um dos grandes desafios, sabedoria e motivo das nossas vidas; pois histórias limpas e claras permitem que possamos deixar uma herança proativa e mais verdadeira para aqueles que irão chegar no futuro e se agregar às nossas histórias. (1) David Feinstein e Stanley Kripper – Personal Mithology. Using Ritual, Dreams and Imagination to discover your Ynner Story, – 1988; * Fernando Viana é diretor presidente da Fundação Brasil Criativo presidente@fbcriativo.org.br

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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