O “bandido notório” e o “chefe da quadrilha”

O “BANDIDO NOTÓRIO” E O “CHEFE DA QUADRILHA”

Diz o senhor presidente da República Michel Temer: Joesley Batista é um bandido notório.

Diz o empresário senhor Joesley Batista: “Michel Temer é o líder da mais perigosa organização criminosa que existe no Brasil”.
Vergonhosa, indigna troca de acusações, na qual jamais deveria envolver-se um presidente honrando o cargo que ocupa.

Em tempos onde os homens valorizavam mais o nome do que a vida, tudo acabaria num duelo à pistola, ou espada, onde se lavaria a honra maculada com o sangue derramado do ofensor ou do ofendido.

Mas o que se pode esperar de quem tem em volta de si realmente uma quadrilha, e valoriza o dinheiro, o poder, a vaidade, muito mais do que a própria honra?

O conceito de honra pessoal sofreu ao longo do tempo mudanças, em alguns casos, até necessárias, quando evoluiu desde o hábito de confundir honra com aquilo que era feito na intimidade das alcovas.

O nosso Direito, até pouco tempo, fazia diferenciação entre o que era e o que não era a “mulher honesta”.  Existia até o crime do  adultério, aplicável apenas às mulheres.

Os chamados valores morais estabelecem freios aos costumes, e também, com o tempo, os costumes passam a construir outros valores morais, embora existam alguns que não podem ser relativizados.

O conceito mais virtuoso de honra seria aquele em que o cidadão relacionaria sua dignidade pessoal ao respeito a compromissos assumidos, e isso implicaria, também, no respeito profundo aos direitos coletivos e individuais.  Um gestor público que devasta cofres públicos é, indiscutivelmente, um desonrado.

Um Presidente da República que jura sobre a Constituição brasileira cumprir com honra o seu mandato, e leva com ele ao Planalto uma quadrilha, aliás, já parcialmente identificada e presa; um presidente que designa pessoas notoriamente desonestas para em nome dele receberem propina; um presidente que mente, que usa a máquina do Estado para proteger a si mesmo, e que conversa com  aquele  a quem hoje chama de “notório bandido”, e o recebe quase na madrugada para uma conversa secreta em palácio, e que ouviu calado, ou concordando, ele dizer que ia “silenciar juízes e procuradores”; um presidente que pediu um avião ao “notório bandido”,  para viajar com a família rumo a um destino charmoso, e depois agradeceu-lhe pela “gentileza”,  inclusive de mandar flores à sua jovem esposa; um presidente  apontado pela Policia Federal como corrupto,  investigado pelo Supremo Tribunal, e contra quem chovem, agora, denuncias de tantos ex-parceiros, que junto com ele movimentaram recursos para a quadrilha, e  dizem que dessa quadrilha o hoje presidente é o notório chefe; um presidente que recorre à Justiça tentando reparar a “honra ofendida”, e o magistrado desconsidera o pedido, é alguém que notoriamente já perdeu a honra  e  o respeito, atributos indispensáveis para  nos governar.

Não pode ser presidente um homem chamado de ladrão por noventa por cento dos brasileiros.

A RENÚNCIA SERIA O ÚNICO GESTO HONROSO

Caso ainda reste em Michel algum sentimento que suplante a sua descomedida ganancia e avassaladora vaidade, ele poderia alimentar alguma preocupação real com o seu país, com o destino de todos nós brasileiros, e entendesse, então, que a sua única forma de compensar a vergonha que nos causa seria renunciando ao mandato.

Por mais força política que ainda tenha, e realmente não a perdeu tanto que hoje,  seria negado pelo Congresso o seu afastamento, caso, como se espera, o STF solicite licença ao Congresso para processá-lo, o desastre seria ainda maior do que a crise que enfrentamos.

Para manter a sua base, que é a própria Confraria do Peculato, os cofres públicos, já exauridos, serão colocados à disposição das “generosidades” que se verá obrigado a fazer. Para que Temer permaneça, pagaremos um elevadíssimo preço. Talvez esse preço seja o próprio caos.

Ninguém mais, nenhum investidor mantem o mínimo de confiança necessária para investir num panorama assim tão tumultuado, tão repleto de incertezas. Temer,  a cada dia que passa se torna mais desmoralizado.

Para nos salvar do caos é imprescindível à renúncia de Temer.

HAVENDO RENUNCIA O NOME SERIA AGORA FHC

No caso de ocorrer à renúncia, último ato, e talvez único, em que Temer demonstraria ter responsabilidade com este país, a eleição deverá, primeiro, por mando constitucional, depois, por bom senso, ser feita de forma indireta no Congresso Nacional.

Até a posse do novo presidente, assumiria o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Ele faz parte da cozinha de Temer, transito que lhe é facilitado pelo sogro, o ex-governador do Rio, Moreira Franco, íntimo e parceiro antigo de Michel.

Leonel Brizola botou em Moreira o apelido de “gato angorá”, e explicava: “não é pela cabeleira branca dele, é pelas mãos de felino, muito ligeiras, que ele tem”.

Quando Temer convidou Moreira para ficar ao seu lado no Planalto, e até editou uma MP de ocasião para fazê-lo ministro, ficou evidenciada a imagem de “agilidade felina” que Brizola identificava.

Mas o genro de Moreira tem, por via materna, a correr-lhe nas veias o sangue de Getúlio Vargas. Sua mãe, Celina Vargas do Amaral Peixoto, é neta de Getúlio, filha de Alzirinha, a filha por ele adorada, que casou com o almirante (em seco) Augusto do Amaral Peixoto, como Carlos Lacerda o chamava. Quando Tenente, Amaral tornou-se ajudante de ordens do ditador Getúlio. Conheceu então Alzirinha, advogada, e apesar de tão jovem conselheira política do pai.

Casaram, e então a carreira na Marinha do jovem oficial tornou-se ascendente. O almirante foi interventor no Rio de Janeiro durante a ditadura do sogro, governador eleito, e também senador, em tempos democráticos. Faz parte do folclore politico, mas não há nada que moralmente o desabone.

São assim, proporcionalmente boas as credenciais que Maia levaria para a complicadíssima interinidade na presidência. Mais ainda, ele é filho de prestigiado politico fluminense, Cezar Maia, economista de méritos, às vezes um tanto exacerbado, ex-prefeito e deputado do Rio de Janeiro, que não faz parte do ramo local da quadrilha comandada por Eduardo Cunha.

Se não for contaminado pela mosca azul, que lhe colocarão logo a zumbir aos ouvidos para que se candidate a suceder Temer, tendo com ele impublicáveis compromissos, Rodrigo trataria de construir um consenso em torno de nome capaz de começar a exaustiva e longa tarefa de pacificação do país.

O sucessor de Temer a ser eleito indiretamente teria de ser nome que não pertencesse a nenhuma das facções criminosas que se apossaram da cena política. Mas deveria ser um político. Há alguns dias, aqui consideramos oportuno o nome do ex-Ministro do Supremo e ex-Ministro da Defesa Nelson Jobim, mas a hipótese que já era considerada no Congresso, seria inviabilizada quando surgiu o nome tucano do senador Tasso Jereissati.

Do alto dos seus 84 anos, e atento participante da cena política, o ex-presidente FHC, acompanhava os entendimentos preliminares, quando se imaginava que Temer, para evitar o pior, renunciaria logo depois de estourado o gigantesco escândalo.

Agora, Temer se torna insustentável, ainda que a sua base restante permaneça aparentemente unida.

Nessas novas circunstancia o nome de Fernando Henrique surge como providencial. Merece respeito interno, tem excelente conceito internacional, relações próximas de amizade com figuras preeminentes da politica e da intelectualidade internacionais. FHC aquietaria a sociedade, dialogando com o mercado, os movimentos sociais, o agronegócio, as corporação sindicais dos trabalhadores e do patronato, a mídia; convidaria Lula, até Bolsonaro, se fosse necessário, para uma conversa civilizada, e poderia estabelecer a trégua indispensável, não exatamente para que fossem feitas as reformas nos moldes em que estão propostas, mas, prioritariamente, para destravar a economia, para injetar recursos onde possam surgir empregos a curto prazo.

Com FHC, o clima seria outro, a quadrilha não estaria tão próxima, e a credibilidade brasileira no exterior começaria a ser ressuscitada.
Em FHC está a solução pragmaticamente possível, realisticamente tornada agora providencial, para enfrentarmos o trajeto complicado até as eleições benvindas e imprevisíveis do próximo ano.

Poderíamos, no intervalo coberto por FHC, tratar objetivamente de cuidar do Parlamentarismo. Que assim seja, ou que assim possa ser. Sê-lo-ia, poderá divergir Temer cuja marca de governo, além das digitais, poderá ter sido, somente, as mesóclises por ele tão barrocamente revisitadas.

O PARTO DE UMA “CIDADE INTELIGENTE” (2)

Para tornar Aracaju uma “cidade inteligente” tanto o prefeito Edvaldo como o Secretário Jorge Santana, sabem que essa condição não será alcançada pelo fato de haver internet banda larga em todos os pontos, ou, nas escolas, cifras recordes de alunos dispondo de tablets ou notebooks.

Aracaju, imiscuindo-se naquele terreno por onde já transitam cidades do primeiro mundo, e até algumas ainda entre os emergentes, terá de romper paradigmas que são antigos, e outros criados em presumida sintonia com a modernidade.

Modernidade impõe a aposentadoria gradual, dos combustíveis fósseis, e isso pode soar como um desafio impossível de vencer, e que geraria falências e desemprego.

Trump, o troglodita que frequenta as redes sociais e delas se utiliza espertamente, imaginou, por erro de avaliação, ou por mera conveniência eleitoreira, que poderia gerar empregos reativando a atividade carvoeira, fazendo, outra vez, mover máquinas e indústrias com o carvão mineral, as pedras comburentes extraídas de horrendas minas, para fazê-las espalhar pelo ar a horrenda, cancerígena e poluente fumaça, causa maior daquilo que se convencionou chamar de aquecimento global. O fenômeno, alias, é tão evidente que já se tornou perceptível, no espaço apenas de uma geração.

Trump, rasgando o Acordo de Paris, quer dar folego mais longo à vida do petróleo e do carvão usados como combustíveis.

Depara-se, agora, com impedimento ditado pela própria lógica do mercado. Ele talvez, nem chegasse naquele restrito campo da inteligência troglodita, a saber, que a economia americana transformou-se rapidamente, e hoje está atrelada às praticas ambientais. Ser ecológico rende dinheiro, e isso interessa profundamente ao capitalismo que sobrevive, exatamente, por ter a capacidade de gerar novas formas de produção, até mesmo vencendo aquele obstáculo para Marx intransponível, que seria a “mais valia”, ou seja, o aviltamento do salario pela incapacidade de alcançar a justa remuneração do trabalho, paralela à acumulação do capital.

Hoje, a segunda maior empresa automobilística americana é a TESLA, que fabrica carros inovadores e elétricos. Seus trabalhadores ganham bem mais do que os colegas da GM ou da Ford. Há uma rede enorme, mesmo para os padrões americanos de empresas que aderiram às práticas ambientais, e utilizam energias renováveis, assim, multiplicam-se as usinas fotovoltaicas e eólicas.

Para fazer de Aracaju uma “cidade inteligente” medida importante, entre tantas e tantas outras indispensáveis, seria começar a usar na reduzida frota de veículos do município, o álcool e o biodiesel, dando o exemplo na própria casa. Depois, exigir a prazo médio o mesmo na frota, tanto dos seus prestadores de serviço, como nos transportes urbanos e Incentivar de imediato o uso do diesel menos poluente, além de orientar a SMTT para exercer fiscalização dura em relação aos veículos que expelem fumaça excessivamente.  Seria essa uma primeira das medidas, e, digamos assim, muito simples, sem ser simplória.

(continua na próxima semana)

O TEMPO E A VISÃO DE UM JUIZ ELEITORAL

A revista O Pleito do Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe, põe em destaque, evidentemente, tudo o que se refere à condução das eleições, das atividades do Tribunal e dos seus integrantes. O Pleito, editado pelo jornalista e também advogado Ricardo Augusto Ferreira Ribeiro, na 63ª edição homenageia o jurista e professor Jose Francisco da Rocha, que também foi juiz eleitoral.

O Dr. Rochinha como o chamam os amigos, foi, na Faculdade de Direito de Sergipe, um professor de diversas gerações.  Aos 90 anos ele relembrou, na entrevista, de alguns alunos, como o atual presidente do TRE, Ricardo Múcio Santana de Abreu Lima, do saudoso governador Marcelo Déda, a quem prognosticou que ele seria Presidente da República (pena que não chegou lá, poderia ter sido no lugar de Dilma) também, do agora vice- governador Belivaldo Chagas.

Do Dr. Rochinha um trecho atualíssimo da sua entrevista: “Nunca vi tanta indignidade e falta de vergonha. Sou daqueles que defendem que mais vale um grama de exemplo do que uma tonelada de palavras. Lamento profundamente o que estamos vivendo, mas tenho fé nas instituições, notadamente no Poder Judiciário, e, acima de tudo, tenho fé no povo brasileiro”.

O ESTADO A PREFEITURA E OS FORRÓS JUNINOS

Jackson, em mês de enormes dificuldades, com queda do FPE, e royalties, conseguiu instalar o Arraiá do Povo na Orla da Atalaia, que sempre foi uma opção diferente, e em muito menos escala, ao monumental Forrocajú, por JB iniciado quando foi prefeito, numa dimensão reduzida. Déda e Edvaldo fizeram crescer o Forrocaju, que se tornou seguramente, o terceiro maior do nordeste. João Alves o manteve.

O Arraiá do Povo começou na quinta- feira de forma majestosa, porque teve a inaugurá-lo a Orquestra Sinfônica de Sergipe, sob a batuta do primoroso maestro Mannis.  Lindo, uma Sinfônica tocando forró e baião. Houve apoio do BANESE, da CAIXA ECONÔMICA, DA UNIT, do grupo MARATÁ e SEBRAE.

Parceria, somação de esforços. Jackson também inaugurou no morro da antiga Caixa D´Água o espaço restaurado do Centro de Criatividade, e lá refez o tradicional Forró do Getúlio Vargas, que esteve interrompido por alguns anos.

Com ele, na inauguração, estavam os responsáveis pela ideia, e a obra, os secretários João Augusto Gama e Valmor Barbosa.

Salvou-se assim, em parte, o junho aracajuano dos santos, Antônio, João e Pedro.

Uma “cidade inteligente” não pode viver sem festa, sem alegria, sem atrativos turísticos, isso dá retorno, injeta recursos, gera empregos. Edvaldo sabe tão bem disso, ele que é também forrozeiro desde os tempos de menino em Pão de Açúcar.

O cancelamento do Forrocaju aconteceu depois de vários capítulos de indefinição, duvidas e esperanças. Por fim, anunciou-se que a verba conseguida pelo deputado André Moura, havia sido liberada, mas a Prefeitura não tinha certidão, e não poderia recebê-la.

Disso, não saberia o Secretário de Finanças Jeferson dos Passos, para avisar antecipadamente ao prefeito? Evitando o constrangimento, e a necessidade de explicar, o quase inexplicável. Edvaldo vem enfrentando enormes dificuldades, mas, todos sabem, conseguiu regularizar os pagamentos atrasados dos servidores, fez economia, cortou gastos, tem mantido limpa a cidade, mas há, nos seus rastros, uma oposição atenta e implacável.

Isso é bom e democrático. Edvaldo já enfrentou o polemico caso da coleta do lixo, amenizado, quando colocou à frente de tudo, o Procurador do Município desembargador aposentado Netônio Machado, e o advogado Luiz Roberto Santana, dois nomes isentos de suspeitas.

Edvaldo ou não deveria, em meio a isso tudo, ter ainda de explicar porque, o mesmo Secretário, Jeferson dos Passos, mantem no setor responsável pelas finanças da Secretaria da Saúde a sua esposa, cuja presença já motivou a saída do Secretário Dr. Sotero, um respeitado médico, e ainda arranjou outro cargo para a sua irmã, ex-vereadora não reeleita de Aracaju. Numa época em que a opinião pública se mostra tão sensível para questões que envolvem nepotismo e ética administrativa, é difícil justificar essa predominância assim, tão acentuadamente familiar.

Edvaldo formou uma equipe bem avaliada, onde estão Netônio Machado, Eliane Aquino, Luciano Correia, Luiz Roberto Santana, Luiz Fernando Almeida, Augusto Fábio Oliveira, Antônio Ferrari, Jorge Santana, Maria Cecília Leite, Carlos Cauê, Aristóteles Fernandes, Jorge Araújo Filho, Sílvio Santos. Pelo que se sabe, nenhum desses tem parente ou parentes ao seu lado ocupando cargos, ainda mais em se tratando de finanças.
E Edvaldo que não nomeou parentes, paga o preço, e sofre desgastes.

O VOTO DE AMORIM OU UM TIRO NO PÉ

O senador Amorim recebeu vaias deseducadas e truculentas, até ameaças físicas, dos mesmos que, pouco tempo atrás, condenavam o clima de radicalização que fazia pessoas identificadas como petistas serem hostilizadas em locais públicos.

Vítimas dessas manifestações foram jornalistas como Miriam Leitão, debaixo do vozerio ameaçador, dos gestos agressivos de uma turba que não acredita na democracia, e cai no mesmo erro dos verdugos que até matavam pessoas como fizeram com Vladimir Herzog, imaginando que, assim, também matavam as ideias.

O senador Amorim, não é exatamente um homem que tenha ideias firmes, tanto assim, que agora, talvez constrangido pelas vaias, e imaginando perder votos no próximo ano,votou contra a reforma trabalhista numa comissão da qual faz parte. Não ganhou simpatia do lado oposto, e perdeu credibilidade do seu lado. Há empresários agora que o criticam pesadamente.

Deixou também em situação embaraçosa o líder do governo André Moura, que já havia assegurado ao presidente o voto favorável de Amorim. E o senador dá a explicação canhestra: “Votei atendendo a um pedido da minha esposa que é procuradora da Justiça do Trabalho”.
Um Senador da República, justificando-se dessa forma tão simplória?

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