De praias ensolaradas com águas azuis às cachoeiras, rios, esporte radical embalado pelo som do reggae. É assim que se pode definir Itacaré (BA), um refúgio de Mata Atlântica encravado na Costa do Dendê, no litoral sul da Bahia. Com pouco mais de 18.500 habitantes e boa infraestrutura para receber bem os turistas, Itacaré é um convite ao dengo baiano, com uma mistura de uma população orgulhosa do baianês, pitada de preservação ambiental e do clima sempre festivo.
São cerca de 20km de praias, algumas delas ainda nativas, que se estendem desde a parte urbana até o município vizinho, Ilhéus. Não é por acaso que a região vez ou outra é cena de TV, ao atrair os olhares de gente famosa, como presidente da França, Nicolas Zarcozy e a esposa, Carla Bruni; além de Glória Maria, Gisele Bündchen, que se renderam às paisagens exuberantes. A palavra-chave é divertir-se junto com a comunidade local, pois a chegada a Itacaré é só o começo do convite ao dengo baiano.
O vilarejo não deixou o charme se encantar pela especulação imobiliária desenfreada e nas mais de 400 pousadas catalogadas da cidade a interação com a natureza é lei, ou seja, a rusticidade com conforto é um dos fatores que Itacaré se revela para o mundo de forma bem brasileira.
Comece a desbravar Itacaré pelo Centrinho e suas praias cheias de vida como a Central (Coroa) e a da Concha. A Central (Coroa) é a mais populosa e fica no antigo entreposto de cacau, nas proximidades do comércio. A da Concha possui estrutura de bares e é um dos bairros da cidade que mais recebe investimentos turísticos. Lá ficam algumas das pousadas mais tradicionais do vilarejo. Entre as duas praias um atrativo que ninguém deve deixa-lo fora do roteiro: a Ponta do Xaréu.
Ao final da tarde, centenas de visitantes se juntam aos nativos para contemplar o show do pôr do sol na bifurcação onde o rio de Contas encontra com o mar. A ordem do final do dia é contemplar o rápido desaparecer do sol que dar passagem para a lua, embalada pelo reggae que ecoa dos bares. Ali pertinho também ficam dezenas de lojas de artesanato bem tradicionais de Itacaré, como as famosas mandalas, abajures, luminárias da fibra de palmeira.
Durante o dia, há mais de 20 praias convidativas ao dengo e ao jeito de ser baiano. Seguindo pela estrada do litoral que pode ser feita a pé, chega-se a praia do Resende, Tiririca, da Costa e Ribeira. Todas elas têm seu ritmo, a exemplo da Resende sem infraestrutura de bares, da Tiririca, um reduto de sufistas, da Costa, a mais natural e da Ribeira com infraestrutura de bares.
Observe que a natureza foi generosa com a localidade ao dispor de paisagem que enchem os olhos ao comtemplar a Mata Atlântica que até hoje abraça o mar entre formações rochosas. A harmonia entre a mata, as praias e cachoeiras é a das mais exóticas vistas no país e é também mais um convite ao dengo baiano de ser.
Ao voltar, a pedida é entrar no roteiro gastronômico. Há restaurantes para todos os gostos e bolsos, a exemplo dos frequentados por turistas na rua do Pituba, onde fica o Beco das Flores. Os restaurantes servem desde pequenas delícias locais, como tapioca e acarajé, até a tradicional moqueca de charque com banana da terra e pratos internacionais para gostos mais exigentes (Ver a seção Gastroterapia)
A dica é depois de ter criado sustança com as delicias de Itacaré, dançar um forrozinho pé de serra ou um reggae para no outro dia entrar no clima do roteiro denominado Quatro Praias, que passa pelas famosas Havaizinho, Engenhoca, Itacarezinho e Tijuípe.
Para se chegar as duas primeiras praias, há uma trilha de fácil acesso, com subidas e descidas que podem ser feitas tranquilamente com o uso de qualquer calçado mais confortável e muito protetor solar. Ao chegar, primeiramente, na praia do Havaizinho, a vista agradece pela beleza do local. A mesma trilha também chega a Engenhoca que não deixa a desejar em beleza e balneabilidade.
A praia de Itacarezinho é uma das mais belas da região, porém o acesso é feito por uma trilha bem íngreme, ou seja, há restrições para quem não gosta de subidas e descidas.
Pertinho dali também fica a praia de Tijuípe, porém quem a protagonista dali é a cachoeira do mesmo nome. A famosa cachoeira de Tijuípe, bastante frequentada e com boa infraestrutura, fica em uma propriedade particular e cobra-se de entrada R$ 30, por pessoa. A trilha é feita por uma estrada, considerada de baixo grau de dificuldade.
Depois de tomar um refrescante banho de cachoeira, a rede te espera. O convite ao dengo baiano entra na versão três de grau de insistência e não tem como recursar. Convite aceito, é descansar para repor as energias em bom estilo nordestino de ser.
Na Bagagem
A hospedagem na cidade tem para todos os gostos e bolsos que variam entre diárias de R$ 180 a R$ 3mil, para o casal. Consulte um agente de viagem antes de ir, a exemplo da Natural Turismo, com sede em Estância, mas com ampliação de mercado em todo Sergipe. O telefone é 55 79 9975-6112. A maioria dos complexos hoteleiros e resorts ficam no entorno de Itacaré, não na cidade;
O turismo de Itacaré não foi descoberto recentemente. Inicialmente como reduto de sufistas que viam ali uma “boa praça” para as ondas, Itacaré se renova e hoje atrai os olhares do turista dos quatro cantos do mundo. Em 2009 o término da construção da Rodovia BA 101 interligou Itacaré com a famosa Ilhéus por 75km. Na rodovia ficam algumas das mais belas praias da região e parada obrigatória.
Para quem quer uma boa aventura, a dica é fazer rafting no rio das Contas. O passeio custa de R$ 175 e é um convite à adrenalina. A aventura começa ao embarcar na rua Pituba em uma “Land Rover” até o município vizinho de Itacaré, denominado Rio das Contas. Os aventureiros têm as primeiras noções com um guia e embarcam em pequenos botes. “Com aventura ou sem aventura?”, pergunta o guia. Não tenha medo se o bote virar na última cachoeira, faz parte do passeio com aventura. Consulte um agente de viagem. Saiba mais com a Itacaré Adventure +55 73 9949-6881.
Se preferir, há tendas de baianas que vendem acarajés na praça central da vila. Na esquina da praça, os quitutes baianos competem com outra iguaria: uns sanduíches recheados com frios; esses trazidos por um árabe que aportou no vilarejo há dez anos.
Depois de tanto dengo, vale a pena reservar um tempo para curtir à noite num clima de reggue, pois o ritmo contagia o vilarejo influenciado pelos surfistas, porém também há espaço para o forró e ritmos internacionais. Por incrível que pareça, esqueça um pouco do axé music na vila.
Como chegar – Quem parte de Aracaju, terá cerca de 10 a 12horas de viagem, com percurso de 879 km ao Sul do país. Para se chegar até lá, há um ônibus de linha que parte dois dias na semana para Itabuna e segue a Itacaré. Se preferir ir de carro partindo de Aracaju, o turista terá uma longa estrada a seguir pela BR 101 até chegar a Ilhéus. Segue pela BA 001 e não tem errada. A estrada está em boas condições e o turista ainda pode contemplar boa parte da Mata Atlântica ainda preservada.
Para chegar à Itacaré partindo de Salvador, o visitante pode sair do aeroporto Luiz Eduardo Magalhães em pequenos jatinhos fretados, ou pegar um ônibus na rodoviária da cidade num valor bem mais em conta. De Salvador, segue-se pela BR-324 até o entroncamento com a BR-101 sentido Ilhéus. A partir de Ilhéus segue-se também pela BA-001 até Itacaré.
Gastroterapia
Uma dica é provar das Cuscuzocas, na Cuscuzeria Itacaré. O cantinho cheio de afeto do baiano/ sergipano Júnior Maia, junto com Gisele Mariano e Cauã Maia fazem a diferença na gastronomia local com muita criatividade.
Dos tradicionais aos mais exóticos sabores do cuscuz de milho à recriação da tapioca de mandioca, que ganhou o formato em massa de milho com recheios pra lá de criativos.
Com uma risada fácil e boas histórias para contar a quem senta às mesas da Cuscuzeria, Júnior diz que até de recheio de acarajé já se fez um bom prato de cuscuz. Mas os mais pedidos ficam por conta dos tradicionais com recheios nordestinos a exemplo da carne seca, queijo coalho e banana da terra, ao delicioso “Cuscuz Gateau”, uma repaginação do Petit Gateau, com cuscuz coberto com chocolate e sorvete.
Fotos: Silvio Oliveira
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