Uma Análise do PIB de Sergipe – 2014

Saumínio Nascimento em palestra

O Produto Interno Bruto (PIB) é o somatório de todos os bens e serviços finais produzidos dentro do território nacional, num dado período, sem levar em considerações se os fatores de produção são de propriedade de residentes ou não-residentes. Neste artigo irei analisar alguns fatores da evolução do PIB do estado de Sergipe no ano de 2014, conforme dados divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. O PIB de Sergipe no ano de 2014 ficou em R$ 37.472 milhões;  já a Região Nordeste no mesmo período, o PIB ficou em R$ 805.099 milhões e o PIB do Brasil ficou em R$ 5.778.953 milhões.

O crescimento do PIB de Sergipe no período de 2010/2014, foi de 7,9%, percentual inferior ao crescimento da Região Nordeste que foi de 13,6% e de que o Brasil, cujo crescimento foi de 9,7%. Em termos de Região Nordeste, o crescimento do PIB de Sergipe no período de 2010/2014 foi o menor da Região.  O PIB sergipano em termos de Brasil ficou em 24º lugar do ponto de vista de crescimento no período 2010/2014.

Um dado importante para o estado de Sergipe é que ele continua tendo o maior PIB per capita da Região Nordeste, R$ 16.882,71, enquanto que o PIB per capita do Nordeste é de R$ 14.329,13 e o do Brasil é de R$ 28.500,24. O PIB per capita Sergipano é 59% do PIB Brasileiro, enquanto que o PIB per capita do Nordeste representa 50% do PIB per capita do Brasil. Temos o maior PIB per capita porque temos a menor população da Região Nordeste, a população de Sergipe em 2014 era de 2.220 mil habitantes, enquanto os nossos vizinhos Bahia tinha 15.16 mil habitantes e Alagoas 3.322 mil habitantes. Cabe destacar que o PIB é uma variável tão importante porque representa uma aproximação do nível de bem estar de uma determinada sociedade. Mais precisamente o PIB per capita (PIB dividido pelo número de habitantes do país) faz esse papel, já que representa o nível de renda médio por habitante em um dado país, região ou estado. A variável em questão pode até ser uma aproximação um tanto quanto falha do nível de bem estar de uma sociedade, uma vez que não considera concentração de renda, níveis de poluição, condições de trabalho, condições de lazer, etc. Porém, não é uma variável de todo rejeitável.

Uma família com renda per capita alta, mas que passa horas presa no trânsito, respira altos níveis de poluição e não tem tempo de lazer juntos, não é a imagem típica de uma família feliz. Porém, uma família com mais dinheiro tem melhores condições de saúde, lazer, educação e menos preocupações com a sobrevivência material de seus integrantes do que uma família que vive na extrema pobreza. Não seria uma afirmativa forte dizer que, em média, um cidadão americano tem um nível de bem estar mais alto do que um cidadão somali. Assim, o PIB não deixa de ser uma variável muito útil para nós economistas, no entendimento das necessidades da sociedade.

O PIB de Sergipe representa 0,6% do PIB do Brasil e é o 22o PIB do Brasil,  já o PIB da Região Nordeste representa 13,9% do PIB brasileiro. Analisando o peso da economia sergipana no Brasil, esta base de 2014, revela que na agricultura o peso de Sergipe é de 0,8%; na pecuária o peso é de 0,6%; na produção florestal/pesca e aquicultura o peso é de 0,3%;  na indústria extrativa é de 1,3%; na indústria de transformação o peso é de 0,4%; na construção civil de 0,8%; na produção e distribuição de gás e eletricidade, água, esgoto e limpeza urbana é de 1,2%; no comércio e serviços de manutenção e reparação é de 0,6%; serviços de alojamento e alimentação o peso é de 0,6%; em transportes, armazém e correio é de 0,4%; serviços de informação é 0,3%; intermediação financeira  0,3%; serviços prestados a família e associações, o peso é de 0,5%; serviços prestados às empresa, de 0,4%; atividade imobiliária e aluguéis, o peso é de 0,6%; atividades científicas o peso é de 0,5%;  em administração, saúde e educação públicas e seguridade social o peso de Sergipe é de 1,1%; saúde e educação mercantis com 0,9%;  arte e cultura o peso é de 0,5%, serviços domésticos, 0,7%.

Do ponto de vista das atividades econômicas, a configuração da participação relativa do PIB sergipano sofre alterações que indicam a mudança na dinâmica da economia do estado. A agropecuária que no ano 2010 representava 6,4% do PIB sergipano, em 2014, representava apenas 5,2%, tendo tido uma queda na sua participação relativa, face uma nova dinâmica vocacional de Sergipe para atividades industriais e comerciais, consequência do processo de urbanização em um estado com pouca área disponível para o setor primário.  O setor primário de Sergipe está assim distribuído ( agricultura 3,7%, pecuária 1,3% e floresta e pesca  0,2%).

O somatório das atividades industriais (indústria extrativa, indústria de transformação e setor energético) totalizam um percentual de 24,6%; e por fim, o PIB sergipano concentra-se nas atividades comerciais e de serviços 70,1%, dentro de uma lógica que caminha o mundo desenvolvido para um peso maior nestes setores. Isto vai refletir também nas finanças públicas, pois os tributos oriundos de tais atividades serão os mais representativos na formação da renda interna da economia sergipana.

Além de medir a riqueza e mostrar a evolução dos agregados econômicos, institucionalmente o PIB serve como um dos parâmetros para a distribuição dos Fundos de Participação dos Estados e dos Municípios (FPE e FPM). Esse fato explica a defasagem temporal de cerca de dois anos para a divulgação definitiva de resultados dos PIBs estaduais. É um indicador de grande importância para a elaboração de políticas públicas e como fonte de informações para pesquisadores e acadêmicos. Vale ressaltar que o PIB é calculado pela ótica da produção, o que significa tratar-se do resultado da diferença entre o valor bruto da produção e o respectivo consumo intermediário, mais os tributos indiretos, menos serviços de intermediação financeira indiretamente medidos.

Esta breve análise teve a finalidade de concentrar-se na exposição de alguns números da riqueza sergipana medida pelo seu PIB. Com isso, espera-se que a sociedade entenda e reflita,  mas numa perspectiva de melhoria da nossa situação social.

(*) Economista, Mestre e Doutor em Geografia e tem Pós-Doutorado em Ciências da Propriedade Intelectual

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