Alerta: aumento das chuvas causa incidência da leptospirose

O contato direto com alagamentos pode causar leptospirose devido à água potencialmente contaminada (Foto: Portal Infonet)

A frequência de chuvas intensas em diversas regiões de Sergipe reforça o alerta sobre a importância de evitar o contato direto com alagamentos, que podem causar leptospirose devido à água potencialmente contaminada. Segundo o infectologista da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Marco Aurélio, mesmo existindo tratamento e danos que podem ser reversíveis, a doença é bastante grave.

Neste ano, a SES registrou um caso de leptospirose. Em 2018 foram 23 ocorrências contra as 33 contabilizadas em 2017. As estatísticas reforçam a preocupação do infectologista e revelam que a maior incidência ocorre em julho, quando a temporada de chuva se intensifica. Em julho de 2017 foram registrados 13 casos. Em 2018, no mesmo período, foram sete.

A leptospirose é uma doença causada por uma bactéria, que está no sistema renal dos ratos comuns e é altamente prevalente. Segundo o infectologista, estima-se que 60% dos ratos têm a bactéria na urina. Quando não tem chuva essa urina seca e não há essa transmissão. “Mas, com a presença de pequenas seleções de água o que acontece é que essa urina é diluída e em contato com o homem pode contaminá-lo, o que se dá através da pele, principalmente dos membros inferiores”, informa.

Prevenção e transmissão

A principal forma de prevenção é tentar evitar o contato, que às vezes pode ser inesperado quando se tem uma enchente (nas áreas onde isso ocorre é onde se registra o maior número de casos). Por muito tempo a leptospirose é tida como uma doença ocupacional, porque atinge as pessoas que trabalham com limpeza de locais contaminados como quintais, terrenos baldios, ou que trabalham com higienização. Porém, o infectologista reforça que também existe a  forma de transmissão recreativa.

“Com essas pequenas chuvas os campinhos de futebol, principalmente em áreas de periferia, ficam alagados e as crianças e adolescentes costumam brincar nesses locais. Esse contato também é potencialmente perigoso, tanto quanto a outra maneira de contágio, que é a domiciliar”, disse, explicando que esta ocorre a partir das pequenas enchentes que levam água contaminada para dentro das casas. Marco Aurélio orienta também para esta situação o uso de equipamentos de proteção, como botas e luvas impermeáveis durante a limpeza do imóvel.

Há, ainda, a transmissão indireta, que se dá por alimentos. O médico recomenda que, se o alimento entrou em contato direto com a água de enchente deve ser descartado. Não adianta apenas lavar a superfície porque o produto pode ter sofrido contaminação. Marco Aurélio informou que, quando a bactéria leptospira penetra no organismo pode dar inicialmente um quadro semelhante a uma virose, com febre alta, dor de cabeça, dor nos olhos, além de uma característica importante é dor nas panturrilhas.

“Além dos quadros de viroses que temos comumente nessa época, como dengue e outras arboviroses, também temos a leptospirose, que precisa de um cuidado diferenciado, do antibiótico específico, de hidratação e do monitoramento. Mas é uma doença que tem cura, que pode ser tratada e que a gente pode diminuir bastante os casos de óbitos quando diagnosticada oportunamente”, enfatizou.

A orientação é de que ao comparecer ao serviço de saúde o paciente relate o que aconteceu no período anterior ao surgimento dos sintomas, da mesma forma que o profissional deve estar alerta para perguntar todas as possíveis exposições a que esteve sujeita aquele paciente. Assim, ele pode direcionar o seu raciocínio clínico para qual quadro combina mais com aquela sintomatologia.

Fonte: Ascom/SES

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