Sergipe registra primeiro caso de leptospirose em 2019

Um caso de leptospirose foi registrado este ano no estado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). A ocorrência, segundo a SES, foi no mês de fevereiro. Em 2018 foram 23 ocorrências contra as 33 contabilizadas em 2017.Neste período pós-chuva é muito importante evitar o contato direto com os alagamentos, com água potencialmente contaminada, prevenindo-se contra a doença. O alerta é do infectologista da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Marco Aurélio, que lembra não haver vacina contra a leptospirose que é potencialmente grave, mas tem tratamento e seus danos podem ser reversíveis se for tratada oportunamente.

Infectologista Marco Aurélio, lembra não haver vacina contra a doença que é potencialmente grave (Foto: SES)

As estatísticas reforçam a preocupação do infectologista e revelam que a maior incidência ocorre em julho, quando a temporada de chuva se intensifica. Em julho de 2017 foram registrados 13 casos. Em 2018, no mesmo período, foram sete. “Mas as chuvas começam em março e é importante que a população fique atenta para prevenir-se contra a leptospirose”, declarou Marco Aurélio.

A leptospirose é uma doença causada por uma bactéria, que está no sistema renal dos ratos comuns e é altamente prevalente. Segundo o infectologista, estima-se que 60% dos ratos têm a bactéria na urina. Quando não tem chuva essa urina seca e não há essa transmissão. “Mas, com a presença de pequenas seleções de água o que acontece é que essa urina é diluída e em contato com o homem pode contaminá-lo, o que se dá através da pele, principalmente dos membros inferiores”, informou.

Prevenção e transmissão

A forma de prevenção é tentar evitar o contato, que às vezes pode ser inesperado quando se tem uma enchente (nas áreas onde isso ocorre é onde se registra o maior número de casos).

Por muito tempo a leptospirose é tida como uma doença ocupacional, porque atinge as pessoas que trabalham com limpeza de locais contaminados como quintais, terrenos baldios, ou que trabalham com higienização. A presença de muitos roedores nos locais acabava contaminando os trabalhadores. Neste caso, o uso de botas e luvas impermeáveis ( e sem furos) evitam o contágio.

Atenta o infectologista para outra forma de transmissão, que é a recreativa. “Com essas pequenas chuvas os campinhos de futebol, principalmente em áreas de periferia, ficam alagados e as crianças e adolescentes costumam brincar nesses locais. Esse contato também é potencialmente perigoso, tanto quanto a outra maneira de contágio, que é a domiciliar”, disse, explicando que esta ocorre a partir das pequenas enchentes que levam água contaminada para dentro das casas.

Marco Aurélio orienta também para esta situação o uso de equipamentos de proteção, como botas e luvas impermeáveis durante a limpeza do imóvel.

Há, ainda, a transmissão indireta, que se dá por alimentos. O médico recomenda que, se o alimento entrou em contato direto com a água de enchente deve ser descartado. Não adianta apenas lavar a superfície porque o produto pode ter sofrido contaminação. Marco Aurélio informou que, quando a bactéria leptospira penetra no organismo pode dar inicialmente um quadro semelhante a uma virose, com febre alta, dor de cabeça, dor nos olhos, além de uma característica importante é dor nas panturrilhas.

“Mas, que pode evoluir afetando o fígado, provocando icterícia que deixa a mucosa amarelada e a pele alaranjada. Afeta principalmente os rins, levando a uma insuficiência renal. Nesse caso, às vezes, o paciente precisa ser submetido a diálise. O quadro pode ser reversível se for tratada a tempo”, disse, acrescentando que a leptospirose pode causar importantes sangramentos pulmonares e, com isso, às vezes levando a morte”, observou.

Marco Aurélio afirmou que, por ser uma doença grave, a SES trabalha sempre com o profissional de saúde, através da diretoria de Epidemiologia, para este ficar em alerta, principalmente para esse período pós-chuva.

“Além dos quadros de viroses que temos comumente nessa época, como dengue e outras arboviroses, também temos a leptospirose, que precisa de um cuidado diferenciado, do antibiótico específico, de hidratação e do monitoramento. Mas é uma doença que tem cura, que pode ser tratada e que a gente pode diminuir bastante os casos de óbitos quando diagnosticada oportunamente”, enfatizou.

Orienta Marco Aurélio, que a pessoa que procura o serviço de saúde deve sempre relatar tudo que aconteceu no período anterior ao surgimento dos sintomas, da mesma forma que o profissional deve estar alerta para perguntar todas as possíveis exposições a que esteve sujeita aquele paciente. Assim, ele pode direcionar o seu raciocínio clínico para qual quadro combina mais com aquela sintomatologia.

Fonte: Secretaria de Estado da Saúde

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