Lençois sujos amontoados: higiene suspeita (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet) |
Familiares de pacientes internados no Hospital Renascença [empresa privada, que atende a vários planos de saúde] estão “indignados” com a falta de atendimento médico na unidade. A idosa Neci Pereira da Conceição, 84, chegou à urgência daquela unidade de saúde por volta das 16h da quinta-feira, 16, permaneceu lá até às 22h e, quando foi liberada para o internamento passou cerca de 18 horas sem receber a visita de um médico, segundo denunciou a trabalhadora autônoma Zélia Oliveira, 40, filha da paciente.
Segundo a filha, a médica que atendeu na urgência diagnosticou pancreatite aguda e determinou dieta zero. “Na urgência, eu não tenho o que reclamar”, informou a filha. Mas quando ela foi transferida para o internamento em um apartamento, os problemas começaram a aparecer. Na tarde desta sexta-feira, 17, a filha decidiu denunciar o suposto descaso ao Portal Infonet e implorou providências para que a paciente recebesse a visita de um médico.
A maior preocupação da filha é que a paciente é diabética e até às 16 horas desta sexta estava sem se alimentar, recebendo a medicação passada pela médica que a atendeu na urgência ainda na tarde da quinta-feira, 16. “Por que ela está de dieta zero se não tem médico?”, questionava a filha da paciente. “A enfermeira só diz que temos que aguardar o médico e ele nunca vem. Pelo menos hoje deveria ter passado algum médico”, comentou.
Outros problemas
Idosa de 84 anos: 18 horas sem visita de médico |
Além da falta de médico para atender a paciente, outros problemas foram denunciados pela acompanhante da idosa e também por parentes de uma outra paciente, de 72 anos. Segundo relatos de Zélia, a fralda geriátrica é de tamanho único e estava pequena para o porte da paciente, que já começava a ficar com o corpo apresentando ferimento. “Eles só dizem que o tamanho é único e se a gente quisesse outro teria que comprar por nossa conta e isso não é justo”, considerou Zélia.
Além de tamanho inapropriado, o número de fraldas liberadas por paciente é limitado, segundo revelou a massagista Silvana Pereira, que está acompanhando a tia, uma outra idosa, com 72 anos de idade. “Aqui, a gente fica assim: parecendo que estamos pedindo”, diz. “É pouca fralda para passar a noite”, observa.
Zélia e as companheiras de quarto também reclamam da higiene. “Deixa a desejar”, considerou Zélia, ao apontar para o chão, onde estavam alguns lençóis sujos, amontoados. “Eles deixam assim no chão estes lençóis sujos. Não deveria ser assim. Quero botar a boca no trombone porque aqui a gente fica gritando e ninguém nos escuta. Ninguém informa nada, a assistente social diz que só serve para ouvir, que não faz nada e a gente não veio pra cá procurar psicólogo. Nossa preocupação é com a questão da ausência do médico, que é primordial”, considerou.
Sem justificativa
O médico, identificado como Anderson Batista, que deveria prestar o atendimento à paciente de 84 anos, só foi localizado às 16h, quando a equipe de reportagem procurou ouvir a direção do hospital. A reportagem do Portal Infonet encontrou por acaso uma enfermeira [que não se identificou] no corredor. Os problemas citados por Zélia foram narrados, a enfermeira buscou o prontuário médico da idosa de 84 anos e entrou em contato com o médico, por telefone. Momentos depois, o médico chegou ao local, pegou o prontuário e admitiu que desconhecia complemente a paciente. “Ainda não a conheço, a paciente foi internada ontem, mas não tenho ideia do motivo de se ter a percepção de alguma desassistência”, reagiu, informando que a paciente estava “institucionalizada” e poderia receber atendimento de qualquer médico, se houvesse necessidade.
Mas o médico logo encerrou o diálogo com a reportagem do Portal Infonet, com o argumento de que não tinha autorização da família para transmitir informações sobre a paciente e se retirou com o prontuário, informando que já estaria se dirigindo ao quarto onde a paciente estava internada.
O diretor operacional da unidade de saúde, Gustavo Filho, estranhou as denúncias, reconhece que aquele não é o padrão da prestação de serviço. “Precisamos reunir toda a equipe de enfermagem para entender o que está acontecendo. Isso foge de todo o nosso protocolo de rotina de cuidado”, considerou o diretor, considerando irregular a ausência da visita médica por extensas 18 horas. “Neste horário, um plantonista já deveria ter passado no quarto e ter dado a continuidade do atendimento”, observou.
Por Cássia Santana
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