POLÊMICA

Por Ivan Valença
Não convidem para a mesma festa – quanto mais para a mesma mesa – os proprietários de colégios particulares de Sergipe, representados pela Federação dos Estabelecimentos de Ensino Particulares de Sergipe (Fenen-SE) e os dirigentes da Universidade Federal de Sergipe. Neste “imbróglio”, acrescente-se ao lado dos primeiros os professores de um modo em geral e até os estudantes que estão se preparando para o próximo vestibular. A coisa ficou feia depois de uma decisão tomada pelo Conselho de Ensino e da Pesquisa alterando as datas de realização do vestibular. Complicou-se ainda mais quando a Universidade decidiu manter a decisão do Conselho e praticamente encerrou o diálogo com a Federação, alegando que decisões do Conselho não podem ser revistas.

Este ano a Universidade Federal de Sergipe faz dois vestibulares. O primeiro é o Processo Seletivo Seriado para alunos da 1ª e 2ª séries e o vestibular convencional para os que estão concluindo ou concluíram o Ensino Médio. Em princípio, a Universidade marcou a realização dessas duas etapas, para o mês de dezembro. O Processo Seletivo Seriado para o dia 10 de dezembro. A 2ª fase do vestibular para os dias 17, 18 e 19 de dezembro. Em vista deste calendário, todas as escolas – públicas e particulares – anteciparam o início das aulas para 31 de janeiro e estenderam o primeiro semestre até 21 de junho. As férias de meio de junho – tradicional no ensino sergipano, durante o mês de julho – viraram tão somente um rápido recesso. Nas escolas particulares, o recesso acabou no dia 10 de julho.
Seguindo-se este calendário, os professores fariam jus as suas férias anuais depois da realização do vestibular, durante o mês de janeiro. Tudo acertado, definido, inclusive com os professores e o Sindicato dos Professores. Mas, aí, o Conselho do Ensino e da Pesquisa da UFS, em reunião realizada no último dia 10 de julho, resolveu alterar o calendário anteriormente divulgado. Pelo novo calendário, o Processo Seletivo Seriado vai ser realizado no dia 7 de janeiro de 2001 e a 2ª fase do vestibular nos dias 21, 22 e 23 de janeiro de 2001. A Federação dos Estabelecimentos de Ensino Particulares de Sergipe tentou sensibilizar a Universidade Federal para a confusão criada por esta alteração. Ora, os colégios encerrariam as aulas nos primeiros dias de dezembro, dariam assistência aos alunos matriculados no vestibular e os professores ganhariam suas férias trabalhistas no mês de janeiro.

Com as novas datas, se os colégios mantiverem seu calendários, os alunos saem prejudicados, até porque, no mês de janeiro, os professores estariam de férias, isto é, em viagens e até sem obrigação de assistir aos vestibulandos – estes também agora prejudicados porque o mês de férias que dispunham, janeiro, foi para o beleléu… A Universidade não aceitou voltar ao calendário antigo e agora tem dono de colégio com insônia. Como pagar em dinheiro as férias dos professores se para isso não se prepararam? Como pôr o estabelecimento em funcionamento, com toda a carga trabalhista, se a programação não previa isso?

O Sindicato dos Professores ainda não se manifestou mas não pretende negociar as férias dos professores. Os estudantes, por seu turno, não gostaram do novo calendário porque adentra no mês de janeiro, um mês tradicional de férias, e às vésperas de muitas festas pelo Brasil afora, às vésperas também do Pré-Caju. Tem muita gente prevendo dificuldades extremas para os colégios. A coisa está realmente complicada.

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