Dr. João Batista Peres Garcia Moreno

Dr. João Batista Peres
Transcorre no dia 12 de dezembro o Centenário de Nascimento do médico, professor e intelectual Garcia Moreno, mas uma sessão conjunta da Academia Sergipana de Medicina e da Academia Sergipana de |Letras, realizada solenemente na sede da SOMESE, pela palavra dos médicos e acadêmicos José Augusto Barreto e Francisco Rollemberg, evocou a figura notável mestre. 

Médico, filho de farmacêutico (Pedro Garcia Moreno) e irmão de dois médicos (Canuto Garcia Moreno, que atuou como cirurgião em Sergipe e em Santos (SP), e Pedro Garcia Moreno Filho), clínico em Itabaiana, fez o curso de Medicina na Bahia, formando-se em 1933.

De volta a Sergipe foi nomeado Alienista- Chefe do Serviço de Assistência aos Psicopatas, criado em Aracaju em 31 de dezembro de 1937, pelo Interventor Federal Eronides Ferreira de Carvalho. Foi responsável pela construção e instalação do Hospital-Colônia que leva o nome do Interventor, inaugurado em outubro de 1940, quando da realização, em Aracaju, do II Congresso de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental do Nordeste, organizado por Ulisses Pernambucano de Melo.

Professor, lecionou no Colégio Ateneu Sergipense, na Faculdade de Direito de Sergipe e na Faculdade de Medicina de Sergipe, da qual foi defensor entusiasta de sua criação e seu Diretor.

Como Diretor da Faculdade de Medicina e  Decano dos professores universitários, assumiu a Reitoria da Universidade Federal de Sergipe, em várias ocasiões.

Intelectual dos mais influentes, autor de vários livros, com destaque para as crônicas, ingressou na Academia Sergipana de Letras para ocupar a Cadeira 15, atualmente ocupada pelo Dr. Francisco Rollemberg. 

Foi Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e fundador do Centro de Estudos Econômicos e Sociais de Sergipe, em 1944. 

É o Patrono da Cadeira 17 da Academia Sergipana de Medicina.

Quando de sua morte fiz uso da palavra, em nome do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, como seu Orador. Transcrevo a homenagem, recitada em Laranjeiras, por ocasião do sepultamento de Garcia Moreno:

“ Mais uma vez, interferimos no tempo do viver, para falar da morte. De repente eis que a surpresa salta aos olhos, assalta a alma, roubando um amigo, um mestre, um homem bom. O dia enruga as suas claridades e a paisagem da cidade perde a graça.

Volta à terra de Laranjeiras aquele que em vida foi chamado João Batista Perez Garcia Moreno, descendente do notável padre Daltro,do Lagarto. E Laranjeiras triste, com seu casario enlutado pela derrota do tempo, deixa abrir seu chão pródigo para em silêncio guardar o corpo sem vida, do seu filho ilustre.

É difícil fugir ao lugar comum, deixar de dizer palavras soltas, quando por ofício e emoção temos que lembrar a figura de um homem que filho de farmacêutico se fez médico, escritor, professor, intelectual de todos os méritos, cronista de uma província tantas vezes amarga ao seu saber, mas no seu dizer doce, talvez ou certamente pela generosidade que tomava o seu corpo inteiro de homem forte, professoral, chistoso, que soube compreender as mudanças do seu tempo e colocar os ouvidos na boca dos jovens pelos corredores acadêmicos, na Faculdade de Direito, e na Faculdade de Medicina.

Sabia ele próprio que poderia ter feito o seu nome correr o mundo, nos ramos do seu conhecimento, especialmente quanto ao comportamento mental dos homens. Um “caga-palácio” afoito teria seguido as palavras de Mira e Lopes, tendo ainda, em seu favor, o pomposo Perez Garcia Moreno a lembrar brasões e linhagens latinoamericanas. Preferiu ficar ilhado na sua Aracaju, clinicando, ensinando, contente de, vez por outra, comparecer a um Congresso, soltar o verbo fácil e sábio da sua ciência e deixar com os demais as fagulhas do seu gênio. Dizia, ironicamente, que depois de tantas ocupações dignas e indignas, chegara a condição de telespectador. Era sua forma de guardar reclusão voluntária, ficando em casa, adoecendo, retraindo-se, numa despedida lenta dos amigos e contemporâneos, era também sua forma de explicar-se, depois de dirigir órgãos públicos federais e estaduais, sua Faculdade de Medicina e a própria Reitoria da recente Universidade Federal de Sergipe. Era fácil entendê-lo. Difícil é vê-lo morto, voz presa ao corpo inerte, porque não lhe assenta bem esta condição serena, como serena e triste está Laranjeiras hoje.

F
oi presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, e esta oração pobre do orador daquela Casa de Cultura é uma homenagem simples da Diretoria de hoje, apenas para dizer que sentiremos sua falta Garcia Moreno.”

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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