Foi, com muito peso no coração, que o sergipano de Aracaju despediu-se do ex-Prefeito e ex-Governador João Alves Filho. Executor de obras públicas das mais importantes, tanto na Capital como no Estado de Sergipe, dr. João Alves impôs a sua marca. Foram três mandatos na Prefeitura de Aracaju e dois no governo do Estado, todos cheios de realizações que encantaram o povo da Capital e do interior do estado. O dr. João só não quis submeter-se o seu nome para ser deputado federal, deputado estadual, senador ou vereador embora tivesse prestígio suficiente para isso, obtendo vitórias superlativas. Ele disse ao escriba que não gostaria em absoluto de sair de Aracaju para exercer qualquer mandato, ”Sabe, Vanzinho(era assim que ele me chamava) prefiro continuar sendo anônimo aqui do que famoso lá fora, em outras terras”.`Sempre disse não aos convites que o levariam para fora de Aracaju e de Sergipe. Disse-me também que sentiu algo diferente quando enfrentou as urnas pela primeira vez, isto depois de ter exercido um cargo público por indicação direta do governador. O Dr. João Alves era um incansável. Mal terminava uma obra pública, ele já tinha outras dez engatilhadas para tocar o mandato do seu governo. Pode-se mesmo dizer que o esporte predileto do dr. João era fazer um “tour” pela cidade para mostrar o que já fizera e, principalmente o que pretendia fazer nos tempos adiante. Por onde passava era reconhecido o povão chamava o seu nome, gritava por ele ou lhe rendia aplausos. Não é que tais manifestações o desagradassem mas ele preferia circular anonimamente por suas obras, mesmo as mais importantes ou as mais caras.
No local das obras, ele atendia quem o procurava e até dava detalhadas informações. Nunca o vi ficar entusiasmado diante de um artigo de jornal elogiando o seu trabalho no governo. Mas não era de ficar com raiva ou até decepcionado com as críticas. Li-as e pronto. Não voltava mais a elas. De quando em vez apenas me perguntava: “O Sr. Orlando está lá no jornal?” Era sinal de que gostaria de dar uma explicação sobre algum detalhe sobre obras as mais ousadas do Estado, e fatos importantes sobre o que foi comentado nos artigos jornalísticos. Também não era de dar resposta a artigos de fundo que criticavam suas intervenções pela cidade. Mas, o velho e querido jornalista Orlando Dantas era um admirador, várias vezes flagrei-o aconselhando-o a ir descansar dois ou três dias. O conselho mais das vezes era esquecido no expediente seguinte. Dr.João não era de largar o trabalho, mesmo nos fins de semana. Com a chegada do video-cassete os momentos de lazer “um bom filme de cowboy” era em casa, em frente ao seu aparelho de vídeo-cassete. Mais das vezes cansei de levar filmes para ele assistir nas noites de sexta ou sábado quando tinha mais tempo. Também frequentava poucas festas, porque por lá tem muito “cara de pau” chato que viviam a me pedir coisas que eu não podia fazer. Tanto em casa, quando no seu escritório da Habitacional, ali no segundo ou terceiro trecho da rua São Cristóvão, onde antes tinha sido o escritório da empresa de construção do próprio pai. No trabalho dr. João Alves era de uma seriedade quase que contagiante. Negócio acertado com ele e por ele, estava sacramentado igual ao pai, o Sr. João Alves.
Na assembleia
A sessão de ontem da Assembleia Legislativa vários deputados se alternaram na tribuna lembrando a passagem de João Alves Filho pela vida pública estadual, como Prefeito e Governador do Estado. Entre um mandato e outo, especulava-se que João seria candidato a cargos legislativos mas isso de fato nunca o animou. “O que gosto mesmo é de fazer obras. Discutir sobre política não é o meu forte”, disse-me ele, certamente.
O primeiro deputado a falar foi a deputada Goretti Reis, que foi sua secretária de Saúde no primeiro governo na Prefeitura de Aracaju. Ele mais das vezes me chamava para conversar, sempre sobre assuntos administrativos. “Foi neste período que pude auscultar a capacidade administrativa de João Alves Filho que redundou numa bela administração”.
Já o deputado Zezinho Guimarães deu um depoimento que mais parecia o lançamento de uma candidatura a govenador. Ele mostrou como o Estado de Sergipe ficou na rabeira do desenvolvimento do Nordeste e perdeu prestígio com o passar dos anos. Um jornalista comentou que se alguém tinha dúvidas que Sergipe tem homens preparados para assumir o governo do Estado, depois de ouvir este depoimento não tem mais. “Falta apenas oportunidade para que estas personalidades públicas deslanchem e se apresentem com um projeto de governo inédito e renovador”.