Debates ao desengano da vista.

No ultimo domingo, 7 de julho, as emissoras da Rede de TV Bandeirantes transmitiram “o primeiro debate de candidatos a Governador às eleições de 2022”.

A Rede Band se enaltece por ser sempre a primeira a realizar tais confrontos nas prévias que antecedem os programas eleitorais.

Em verdade, são debates de parca valia. Conferem apenas o cotejo de críticas e ofensas comuns de grupos encastelados ou afastados do poder, sem elucidar conteúdo, rigor de propostas, nem mesmo transparecer diferenças que se traduzam em substância programática.

Para mim, tais debates nada somam nem elucidam.

Servem apenas para confundir, nivelar, parecer que tudo é igual a simples briga em arranhões, puxões de cabelo, mordidas para o descabelo rápido do adversário, ou reduzi-lo ao escabelo, sob seus pisos, ao esmigalho.

Porque ali vale igualmente, tanto fazer o adversário de escabelo, banco de apoio de pés sujos, mocotós, quanto fulminá-lo ao descabelo, fulcrá-lo sem choro ou dor, na espinha medular, onde o touro perde as fuças, geme e chora, se ajoelha e capitula!

E vira um delírio da torcida, valendo o debate, e sendo repetido à exaustão, em todo tempo e ocasião! Com VAR ou sem VAR! Quando a vaia assoma a canalha que se revela assim: em delírio, em alarido!

Com esse destoar, enodoado e descolorido, os debates restam como tosca tentativa de atrair o telespectador, sempre ávido pelo exótico, e pelo estereótipo de banalidade, e sobretudo por ausência de melhor programação para deleite nos Domingos à noite.

Os horários de domingo são vazios em programação, faltando até o digestivo Programa Silvio Santos, agora sem o seu comandante sorridente, embora conduzido por uma de suas filhas, sorridente e competente também, mas nas outras redes de TV continua um vazio geral, a merecer  arrimo e amparo.

É nesse desamparo que a BAND se orgulha de seus debates, programa que vem sendo esvaziado pela excedência de candidatos sem a mínima razão de ali comparecerem, por sua absoluta e real desimportância, e pela ausência deliberada daqueles que denunciando tal erro, em excessiva “democratite”, preferem ausentar-se de uma eventual “briga-de-foice, ali programada.

Todos o sabemos, que a democracia brasileira possui muitas dezenas de partidos políticos.

Candidatos, nem se fale!

No Estado de Sergipe, ouço dizer que há oito, nove ou dez, candidatos a Governador; “todos de esquerda”.

São governistas, adesistas ou pertencentes a frustradas outras rebeldias, cupincharias insatisfeitas, tudo com “pitadas sinistras de psicopatias”.

Infelizmente ou felizmente, como Sergipe não tem a BAND-TV, no domingo que passou foi possível ver três debatedores, não daqui, mas proponentes ao Governo da Bahia.

Do noticiário, sabe-se que o Candidato Antônio Carlos Magalhães Neto, o ACM-Neto, aquele que vem pontuando em 1º lugar disparado na preferência do eleitorado faltou ao debate. Ali não foi. Faltou

João Roma, do Partido Liberal, Jerônimo Rodrigues do PT, e Kleber Rosa do PSOL, foram os únicos a comparecerem àquela que deveria ser uma disputa de ideias.

Se houve outros candidatos convidados, a BAND exibiu todo tempo uma das quatro cadeiras vazias, um fato lamentado pelos outros debatedores, a começar por Jerônimo Rodrigues do PT, que denunciou a ausência de Neto, o ex-prefeito e candidato a governador: “Me parece que faltou coragem de debater conosco os projetos e suas ações. Inclusive, ele já tem esse costume de não ter coragem de enfrentar temas como estes”.

Do mesmo modo, reclamou o PSOLISTA , Kleber Rosa, considerando a falta do candidato do União Brasil como um desrespeito. “Quero saudar os presentes e lamentar a ausência de um dos candidatos. Quero dizer que o pior desse exemplo é a falta de respeito com o povo da Bahia. O debate é o momento em que a gente confronta as nossas ideias e confronta o nosso programa. A negação de vir aqui se expor é antes de tudo uma falta de respeito ao nosso povo. Eu quero dizer para vocês que está na hora do povo governar. Nós temos um projeto.

No mesmo sentido, o candidato João Roma, do Partido Liberal, denunciou a prática de ACM Neto como uma atitude de retrocesso: “A Bahia tem sofrido e ficado para trás em relação a outros estados, porque está refém de práticas políticas do século passado. Uma Bahia grandiosa que está enxergando o século 21, mas que com essas práticas não tem conseguido avançar. Lamentável, de fato, que o ex-prefeito de Salvador, que saiu da prefeitura, mas a prefeitura não saiu dele, porque continua usando a prefeitura para seu benefício próprio, esteja ausente do debate”.

Ou seja: todos iguais, no mesmo lugar comum.

Logo depois, revelou-se presto a que vinham ou queriam: João Roma enunciou-se como o “Candidato de Bolsonaro”,enquanto os outros dois propagavam, sem pregas, ou rusgas, o imediato retorno do Ex-Presidente Lula à Presidência da República, acabando-se aí as propostas, e delimitando-se assim, as reais disputas que os animavam.

Como o Debate da Band transmitido em rede local foi o acontecido em Salvador, só foi possível assistir pela TV a cabo o entrevero de fora, da Paulicéia desvairada e outros.

Na capital Paulista discutiram o ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad do PT, o ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas do Republicanos, o Governador Rodrigo Garcia do PSDB, Vinícius Poit  do Novo e Elvis Cezar do PDT.

O acalorado da discussão se deu entre Haddad e Tarcísio, o segundo convocando em esperta maldade, só a título de desafio, que o telespectador procurasse no Google quem pontua como o “pior prefeito de São Paulo”.

Haddad, mordendo a isca devolveu: “que se procurasse também no Google o #genocida”, descendo a lenha no Presidente Bolsonaro.
“São Paulo não quer ir para a esquerda e não quer ir para a direita, São Paulo quer ir para a frente”, declarou, por sua vez, Rodrigo Garcia, o atual Governador.
Fernando Haddad disse ser contra a privatização da Sabesp e de outros serviços essenciais. “Sabesp é água. Água é essencial. Não se vende o que é essencial”, declarou.

O ex-prefeito defendeu ainda um salário-mínimo de ao menos R$ 1.580,00 para os trabalhadores.

Além da discussão inicial com Tarcísio, Haddad também foi criticado diversas vezes por Rodrigo Garcia.

Durante resposta ao atual governador, o petista foi vaiado pela plateia, tendo este reclamado: “Isso aqui é um debate democrático”. As vaias e os aplausos se sucedendo, demonstrando que os candidatos levaram sua torcida pessoal.

Se no debate de São Paulo tudo findou em um confronto Lula x Bolsonaro, passando distante da governança paulista, o mesmo se deu naquele acontecido no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul.

No Rio de Janeiro participaram quatro candidatos: o Governador Cláudio Castro do PL, Marcelo Freixo do PSB, Paulo Ganime do Novo e Rodrigo Neves do PDT.

O candidato Marcelo Freixo, apoiador de Lula, polarizou com o também Deputado, Paulo Ganime, do Partido Novo, que tenta tudo inovar, passando distante da disputa federal, sem apoiar ninguém, nem a Ciro Gomes que foi muito enaltecido pelo seu correligionário Rodrigo Neves.

Como Bolsonaro teve pouca referência, a discussão permeou a violência da cidade, o desapoio à policia, o denunciado estímulo de Freixo à criminalidade, sendo bastante destacado por Ganime, e outras questões inerentes aos escândalos governamentais, solapando a gestão de Cláudio Castro.

Do que vi, o destaque maior foi para o Ganime; um desperdício, afinal não terá chance de eleição e perder-se-á um bom representante no Legislativo Nacional.

Melhor debate para mim foi o do Rio Grande do Sul, quando o Ex-Ministro Onix Lorenzoni calou os sete demais debatedores, pondo ordem na discussão e delimitando definitivamente a polarização Lula x Bolsonaro, como o real interesse dessa eleição.

Participaram do debate: Edegar Pretto  do PT, Eduardo Leite  do PSDB, Luís Carlos Heinze do PP, Onyx Lorenzoni do PL, Vieira da Cunha  do PDT, Vicente Bogo do PSB, Ricardo Jobim do Novo e Roberto Argenta do PSC.

Onyx Lorenzoni se apresentou no debate como o candidato do mandatário do Palácio do Planalto.

Logo em sua primeira fala, afirmou que traz para o pleito a opção de modelo de gestão de Bolsonaro. “O que trago são escolhas. Escolhas que foram feitas por Jair Bolsonaro em seu governo, que ajudei a construir. As escolhas de ficar ao lado das pessoas em todos os momentos. Enfrentamos duas guerras, a sanitária e da Rússia contra a Ucrânia. Quais são os resultados de ficar ao lado das pessoas? O Brasil voltou a ser a 10ª economia do mundo, apesar das narrativas, e está entre os 20 países mais desenvolvidos. Temos o maior número de empregados da sua história, com 98 milhões de pessoas trabalhando. Aqui e em outros lugares se fez outras escolhas. Eu vou sempre ficar ao lado da população gaúcha”, afirmou.

Ao se apresentar como candidato de Bolsonaro, Onyx, por outro lado, virou alvo de ataques de candidatos de partidos de esquerda.

Ao dizer que o Brasil era o “país ocidental que mais havia vacinado” contra a Covid-19, Onyx foi rebatido pelo pedetista Vieira da Cunha, que chamou o presidente de “negacionista”. Cunha creditou exclusivamente aos servidores do SUS (Sistema Único de Saúde) pelo avanço da vacinação.

Houve, todavia, a resposta de Onix: “Tu reproduz uma narrativa da esquerda para atacar o presidente, que teve o melhor desempenho do tratamento da pandemia do mundo ocidental. O presidente foi quem financiou os estados [na pandemia]. Qual estado conseguiu comprar uma dose de vacina? Aqui no Rio Grande, o atual governo conseguiu aprovar a manutenção do ICMS para comprar vacina. Comprou uma dose? Claro que não!”,

Já o petista Edegar Pretto criticou Onyx, dizendo que o candidato “estava mais preocupado em fazer passeio de moto com o capitão gastando dinheiro com o cartão corporativo da Presidência da República, do que se opor ao modelo de gestão do governo Eduardo Leite nos últimos anos”.

O petista ainda chamou Onyx de “caixa dois confesso”, em referência ao processo no qual o candidato do PL pagou R$ 189 mil em um acordo para encerrar uma acusação de recebimento ilegal de financiamento de campanha.

“Eu não devo nada para a Justiça”, respondeu Onix.

“Essa mistura que tu faz não pega em mim. Vocês [do PT] tinham um projeto de poder, e nós temos um projeto de nação. Vocês roubaram o estado brasileiro e nós servimos ao projeto brasileiro e ao povo gaúcho”, rebateu Onyx

Em crítica direta a Leite, Onyx afirmou que o governo do tucano “priorizou um projeto de poder” pessoal. Seu governo priorizou um projeto de poder, que era o seu. Existe honra maior para um gaúcho do que governar o Rio Grande do Sul? O senhor renunciou em busca de um sonho presidencial que já sabia que estava derrotado. O Rio Grande do Sul não é importante? O Rio Grande quer homens de valores, não quer marketing, não quer compra de opinião”, frisou.

Leite, por outro lado, não comentou sobre a renúncia, mas disse que optou por abrir mão da aposentadoria de ex-governador para discutir propostas durante a eleição, e não ao benefício, que é garantido em lei”.

Concretamente, do que assisti, antevejo o que poderá acontecer em Sergipe.

Aqui só haverá escudeiro para descer o pau no Presidente Bolsonaro, todos a favor de Lula: uns apaixonados, outros meio que; envergonhados!

Do cancioneiro eleitoral, uns já cantam: “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão!”

Outros no mesmo refrão, enaltecem a sua tola ilusão: Lula é o ladrão, que roubou meu coração!”

Enquanto tudo isso acontece, informou-me um frentista do posto de gasolina de minha freguesia: A gasolina que chegou a custar R$ 7,73 o litro, agora esta custando R$ 5,73”.

Dois reais a menos por litro!

Quando eu vi isso na vida? Nunca! Jamais! Em tempo algum!

E olhe que eu nasci no tempo do Presidente Dutra. Tempo da Petrobrás no berçário.

Como o desengano da vista é furar os “zoios”… Vamos em frente!

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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