Começou na sexta-feira. Um feriado de araque. Quer dizer não era propriamente um feriado para se comemorar alguma coisa. Apenas adiantaram o feriado de 8 de julho para aquela data e mandou todo mundo ficar em casa. Na segunda-feira, a mesma coisa.O objetivo: evitar aglomerações para não deixar o corona-vírus passar ou entrar em nossos corpos. O objetivo deve ter sido atingido, pois nunca se viu a cidade parar do jeito como parou nesses últimos quatro dias. Não se tinha nada para fazer, o jeito era mesmo ficar em casa. Sem cinema para ir, sem nenhum espetáculo de artista local ara assistir e comentar, sem puder ver a bola correr nos estádios de futebol. Se não menos tomar uma cervejinha no boteco da esquina, porque os botecos também estavam todos fechados. Um tédio total, completo, inquestionável. Ir num restaurante para comer algo e diferente, ou ir a um barzinho, nada disso podia ser feito, em todos estes dias de paralisação. Inacreditável! Se você é solteiro, ainda poderia procurar a namorada para dois dedos de prosa, do contrário era só aguentar as queixas da mulher… em casa,claro. Nada mais desconfortável. Isso sem falar nos choros, queixas e reclamações da gurizada, também concentrados em casa, as vezes em apartamentos minúsculos, pouco confortáveis. Essa quarentena vai entrar para a história como os ias mais intraváveis de todos os tempos. Os piores momentos de tortura que um ser humano pode suportar.Pode ter certeza que, depois de atravessar esses dias de trancamento total, você está apto de enfrentar qualquer tortura, chinesa ou não… Um amigo meu adotou a tática de dividir as compras se casa em cinco vezes, tais os dias de feriado. Todo dia ele saia para ir ao mercadinho, à bodega da esquina, à farmácia e coisas semelhantes. Se fosse parado na rua por qualquer patrulha policias (sim, também tinha…) era só mostrar o rolinho de esparadrapo para justificar a saída à rua. A sala principal do apartamento virou o local para o ringue na sua uta diária com a mulher, que não lhe deixa sair para coisíssima alguma… Na hora de dormir enfusado – acerveja acabou, não havia em casa sequer um refrigerante – murmurava pedidos a Deus para que este vírus chegasse logo e não nos torturasse bastante. Rezava para que a terça-feira, HOJE, chegasse logo para que afinal pudesse ir ao emprego – trabalhar, até se fosse possível. Se esse tal corona vírus foi manipulado pelas mãos do homem (aqueles chineses insensíveis) você promete que o pegaria para esfolá-lo vivo. A oração era repetida todos os dias até a chegada desta terça-feira. LIVRE, gritaria você. Não sabendo que a tortura deve continuar na próxima semana.
Oh, Deus., que mal eu te fiz para suportar privações como as que descrevi aí em cima?. Me livra desta quarentena. Devolve meus amigos se possível acompanhados de cervejas bem geladinhas ali no quiosque Três Poderes da Praça Fausto. Como bem podes ver nãodesejo muito. Não quer, por exemplo, o lugar de Belivaldo Chagas nem de Edvaldo Nogueira. Que eles dois fiquem com a porcaria de cargos que inventaram para si próprios. E devolvam minha liberdade de ir e vir… de beber um gole de cerveja, desfrutando do prazer de um papo entre amigos.
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Hoje, terça-feira, o dia começa com a deflagração da Operação Placebo, que promete pôr na cadeia muita gente grande. A Policia Federal amanheceu o dia na porta da residência do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. Vem coisa grossa por aí. É só aguardar…