É a modernidade , cara!

Eis que chego da França, onde fui curtir dez dias de frio, e encontro Aracaju e o Brasil debatendo tolices.

Em Aracaju, há um manifesto de várias laudas querendo tornar ilegal a utilização do Uber, esta novidade nos transportes citadinos. No Brasil é a LavaJato e o grevismo contaminando as milícias policiais, estes novos pretorianos, dos quais não pretendo falar, preferindo coisas mais amenas como o Uber.

Prefiro assim porque insatisfeitos com os presídios superlotados, revoltas e matanças, Agentes Públicos com becas e melecas, Defensorias em pencas, Advocacias em Geral, Sindicatos do escambau, todos reunidos em conciliábulo, estão metendo o pau na modernidade inserindo-a como nova criminalidade a ser erigida; o Uber tem que ser criminalizado.

Pois é! Essa obscura vanguarda do atraso está pressionando vereadores e prefeitura para erigir este novo marco criminal; Tão original por tacanho, digno senão de treva medieval, quase um retorno à pedra idade das ideias. 

Estão todos eles, com togas e arengas  a criminar, em outra roupagem, mas repetindo idêntica condenação sofrida pelo criador da primeira roda.

E bote roda nisso!

Porque a roda permitiu a civilização. Ela não tem rugosidade nem aspereza, mas o seu criador teve contra si todos que a viram como esdrúxula, esquisita, um perigo terrível ao mercado de trabalho dos homens de muito músculo e miúda cabeça. Igual agora com o Huber, que pode até suscitar a ironia de Charles Chaplin em “Tempos Modernos”, oitenta anos passados

Charles Chaplin, em "Tempos Modernos" (1936) satirizava com graça a industrialização utilizando cenas de sofrimento do homem frente a máquina e as linhas de montagem em série. Houve um tempo em que o homem quebrava as máquinas. Uma guerra perdida por aqueles que teimam em não se modernizar.

Ou se quiserem mais: A alavanca, o arado, a máquina a vapor, o tear mecânico, a motosserra, a máquina de datilografia, o motor a combustão interna, o que se desejar inserir, tudo o que vem facilitando a vida moderna, a independência feminina nas tarefas domésticas, ampliando aptidões de homens e mulheres, que veem a liberdade como supremo desejo e vontade.

A liberdade, porém, tem sempre os seus entraves.

Há sempre alguém que deseja frear o agir do outro, seja por motivação religiosa, comportamental, filosófica, doutrinária, ideológica, chame-se isso de caráter vicioso, do humano que teima em impor o seu desejo e parecer sobre os demais.

Os operários dos primeiros teares mecanizados, por exemplo, quiseram impedir o seu uso via legislação.

Muitos movimentos paredistas quebravam as máquinas porque interferia na sua mais-valia, este termo criado por Marx, que ficou somenos na memória e paralisia de nossa vanguarda ignorantista.

Ignorâncias à parte, num tempo de muitas luzes e pleno vigor revolucionário, emulou-se grandes sonhos de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

Em seu desejo consequente, experimentou-se o igualitarismo construído às chibatadas enquanto a fraternidade romântica do bom selvagem e do terno lobo a apascentar cordeiros restou ingênua, sobretudo nos novos tempos agnósticos, onde o sacro e o profano são delimitados pelo livre pensar humano.

Desse tempo restou, aos tropeços, uma liberdade sempre tolhida por grupos, associações, sindicatos e corporações. É o caso agora do Uber.

Querem criminalizar o Uber!

E vão! Porque essa canalha obscura e malévola tem o seu prestígio!

Mas, vão perder!

E aí eu me lembro do meu tempo de Professor e Diretor do Centro de Ciências Exatas da nossa Universidade Federal de Sergipe, em momento de nascente corporativismo funcional.

Foi uma luta para que datilógrafos evoluissem da  Máquina de Escrever para o Computador.

Foi uma luta, e isso eu posso dizer porque soube bem convencer e negociar, foi uma peleja conseguir que os datilógrafos trocassem o uso de uma máquina Olivetti ou Remington com fita bicolor, por uma da marca IBM com esfera destacável.

E o que dizer da revolta de alguns servidores daquele tempo rejeitando a modernidade de um teclado de computador, alegando serem “datilógrafos por concurso e não ‘digitadores’!” Querendo inclusive se apegar a firulas para não trabalhar.

Logo num computador, que não precisava de papel carbono, nem borracha, nem retrocesso?

Eram pessoas boas, amigas, mas acomodadas, coisa do comum humano, como agora estão os motoristas de Taxi que conseguiram como de sua exclusividade uma concessão pública, espécie cartorial em reserva de mercado, que lhes permite prestar um serviço deficiente e ineficiente à sociedade.

E o que é o Uber para o Taxi, senão o Laptop para o ‘cata-milho’ da Olivetti e da Corona?

O Uber é a modernidade, ó cara palustre!

É o Audi, o Porshe e o Jaguar frente a caleças e fiacres e outras carroças notáveis que só vivem nos museus!

E o Uber está empurrando o Taxi para o museu.

E os empurrará por absoluto desuso. Igual aos antigos carros de praça.

Eu e meu IMac, ambos ultrapassados, caminhando ao mausoleu dos diletantes esquecidos, por necessário.

Mas, voltemos a minha última viagem a Paris.

Fui desta vez em família, com a esposa, meu filho Junior e sua espoa Maíra.

Enquanto eu me municio com um Mapa e percorro a velha Lutetia, antiga Paris dos romanos, via própria perna ou transporte metropolitano, Maíra encontra tudo via aparelho celular.

Ela é um raio em comunicação pela internet.

Bastou colocar um chip no iPhone e tudo estava resolvido enquanto caminho a perseguir sem erro.

Se isso não era para mim uma novidade, afinal procuro vencer os meus limites quase septuagenários aprendendo novos hábitos, causou-me espanto como meio de transporte o Uber, isso que Aracaju quer rejeitar, com apoio da mídia e da TV.

Pelo Uber de Paris, e penso ser assim em qualquer cidade onde existe o serviço, acerta-se a corrida mediante escolha de origem e destino, é calculado o custo do transporte, o percurso, o nome do motorista transportador, a marca do automóvel, a placa, o tempo da chegada, vê-se na tela a aproximação do carro, o motorista sabe o nome e o telefone do usuário, não há pagamento adicional ao que foi acertado, a remuneração é realizada via cartão de crédito.

Sem falar que em alguns casos o motorista teve a gentileza de descer do carro e abrir todas as portas para que nós quatro adentrássemos. 

E tudo com um preço menor que o de um Taxi convencional!

Ou seja, um conforto e uma segurança incomuns nos Taxis daqui e do mundo inteiro.

Quando eu vejo o povo do Aracaju, querendo ser terra Brucutu a criminalizar o Uber, eu só tenho a lamentar: Eita terrinha de gente bugre!

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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