Começando a série de posts “Em casa também se Viaja” trago um ponto turístico da Capital dos Uruguaios pouco conhecido pelos brasileiros, mas imperdível para os apreciadores da Arquitetura, História e Arte, que visitarão Montevidéu, tão logo essa pandemia passe. Na denominada Ciudad Vieja, o exuberante Palácio Taranco, atual Museu de Arte Decorativa do Uruguai, é como se fosse um achado entre prédios antigos. Despretensiosamente, entra-se em um daqueles complexos arquitetônicos em estilo eclético francês e, como de surpresa, percebe-se que o Palácio não deve em nada em beleza e luxuosidade aos palácios europeus.
Servido de moradia da tradicional família Ortiz de Taranco, de 1910 a 1943, o palácio foi erguido a partir de 1908 com a assinatura dos arquitetos franceses Charles-Louis Giralut e Jules-Leon Chifflot, os mesmos autores do Petit Palais, do Museu de Belas Artes e do Arco do Triunfo, de Paris; do Museu do Congo, em Bruxelas, e da Embaixada da França, em Viena.
Vale a pena conhecer não somente pela inigualável arquitetura dos seus três andares, mas pelo conjunto de obras de artes adquiridos pela família Taranco e pelo Estado uruguaio ao longo do tempo.
Considerado o mais expressivo conjunto arquitetônico civil preservado em solo uruguaio, o Palácio Taranco foi construído em estilo eclético francês, no formato irregular, quase que em triângulo, com elementos decorativos clássicos dos períodos de Louis XV, Regencia e Louis XVI.
Tão logo o visitante chega, deslumbra-se com a escadaria arredondada em mármore italiano. No piso baixo, o salão de jantar é uma atração à parte com sete tapeçarias Aubusson tecidas especialmente para o lugar e oito esculturas de bronze de renomados artistas, representando as quatro estações. Uma das esculturas foi feita por Landowski, autor do Cristo Redentor, do Rio de Janeiro.
Os pisos são de carvalhos com os mesmos trabalhos do Palácio de Versalhes e colunas de mármore italiano de Gênova. Além dos cômodos dos ilustres moradores, os visitantes também podem percorrer a cozinha, os sanitários típicos da época, a sala de piano Pleyel, os corredores, as imponentes sacadas, os jardins, além de conhecer obras de artes de Ghirlandaio, Goya, Teniers, Snayers, Vélasques, van Mierevelt, van der Elst, Appiani, van Loo, Sánchez, Tusquets, Zuloaga, Sorolla, Romero de Torres.
Para ser o hoje Museu de Arte Decorativa, o Palácio Taranco foi fincando em frente a Plaza Zabala, dentro dos limites de onde funcionou o forte da Plaza de San Felipe y Santiago de Montevideo. A fortaleza foi primeiramente construída por ordem do rei da Espanha, Felipe V, em 1724. Com o passar do tempo, as construções foram se deteriorando até serem por fim demolidas por completo. Em 1793, parte do prédio foi adaptado para ser a Casa de Comédias, ou seja, o Teatro San Felipe, também demolido nos finais do século XIX.
Os irmãos Ortiz de Taranco, prósperos comerciantes com ancestralidade na Europa, chegaram ao Uruguai e adquiriam parte do terreno, a ser erguida a residência particular denominada de Palácio Taranco. Com a morte Félix Ortiz de Taranco, em 1940, a viúva Elisa García de Zúñiga mudou-se para a região do Prado, a oeste de Montevidéu, e a Comissão Nacional de Belas Artes do país iniciou a compra do Palácio com todo mobiliário, decoração, pinturas, adornos, porcelanas, cristaleiras e esculturas. Em 1943 o Estado constitui o Museu de Artes Decorativas do Uruguai.
Declarado Monumento Histórico Nacional em 1975, atualmente o Palacio Taranco abriga também o Ministério da Educação, os dois pisos destinados à coleção permanente e o subsolo designado a abrigar itens arqueológicos, incluindo peças originais gregas, romanas e iranianas.
O Museu de Artes Decorativas também possui um acervo de arqueologia clássica, com exposição de peças decorativas antigas, de diversas regiões do mundo, principalmente gregas e romanas, frutos da compra do Estado.
Dicas de viagem
A entrada do Palácio Taranco é gratuita, na rua 25 de Mayo, 397 – Ciudad Vieja, Montevidéu, Uruguai, e funciona de segunda a sexta-feira das 12h30 às 17h3, fecha aos sábados e domingos. Como outros museus uruguaios, nessa temporada de pandemia não está aberto.
Pertinho dali ficam os principais centros culturais, museus e galerias da Ciudad Vieja de Montevidéu. Também os clássicos passeios pela capital Uruguai, a exemplo da Plaza da Constitución, da Plaza da Independência e do Teatro Solís.
A dica é percorrer as ruas da cidade a pé. Vá pela famosa rua Sarandi, passa-se pela Plaza da Independencia e chega-se a avenida de igual tradição: 18 de Julio.
Perto dali também chega-se ao Mercado del Puerto, tradicional local de restaurantes com comidinhas uruguaias e mercados de artesanatos.
Gastroterapia
No Mercado del Puerto a expressividade do dia a dia dos uruguaios estão presentes entre artigos de couro e comidinhas, desde às famosas grelhas de parrillada (assados) aos chivitos (sanduiches típicos uruguaios). Dos artesanatos em couro às carnes expostas em grelhas, o Mercado del Puerto é um dos símbolos de Montevidéu, e deve ser apreciado com calma.
Esse concorrido mercado erguido em 1868 com estruturas de ferro é parada obrigatória para os amantes das famosas carnes. O local possui catorze postos de refeição que servem não só carnes bovinas, mas também frutos do mar, cujas vitrines são grandes grelhas cheias de carnes assadas à lenha.
Não deixe de apreciar a famosa bebida medio y médio (doce a base de vinho branco), acompanhada da parrilla. Ao final, deguste do famoso doce de leite.
Os chivitos também podem ser encontrados por lá. Qualquer restaurante ou bar oferece este tipo de sanduíche composto principalmente por filé mignon, alface, tomate, ovo frito, presunto e queijo e batata frita. Eles podem variar dependendo do tipo. Claro que, sempre com mais ingredientes.
Fotos: Silvio Oliveira.
Fonte: Ministerio de Educación y Cultura – Direción Nacional de Cultura do Uruguai
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