Ondas que falam

Carla Darlem Silva dos Reis
Mestranda em História pela UFS, graduada em História licenciatura pela mesma instituição. Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente.

As transformações advindas da internet na atualidade não são privilégios de nossa geração, pois em outros momentos a sociedade se deparou com modificações semelhantes. Foram mutações da oralidade, a escrita, desta a forma impresa, telefonia e por fim a web. Quando se tinha apenas a oralidade como um meio transmissor de informação ela estava restrita as suas localidades, com a escrita as notícias passam a se propagar de uma maneira mais abrangente e o grande “boom” vem com a invenção da imprensa, quando as notícias eram levadas a lugares cada vez mais distantes, até chegarmos a atualidade, onde surge a internet, fazendo as mensagens se espalharem como pólvora.

A internet surge a partir da necessidade de comunicação entre bases caso ocorresse um ataque a central. Através do telefone isso não seria possível, por conta da dependência de uma matriz, a solução era a internet. Uma rede onde vários locais pudessem manter contato ao mesmo tempo sem depender de uma central; estudos nos centros das universidades americanas idealizaram a rede mundial de computadores e em 1983, surge a Internet, interligando a ARPANET, MILNET y CSNET.

Ela se apresenta como um modo de comunicação interativo, onde o mundo passa a interagir na mesma velocidade e onde as desigualdades são quase anuladas, pois, o conhecimento passa a ser propriedade de todos que possuam um computador conectado a web. É criado um espaço onde essas comunicações tornam-se possíveis. Surge uma Inteligência Coletiva, que é distribuída por toda a parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em mobilização efetiva das competências, onde ninguém sabe tudo, mas todos sabem algo, tornando o cyberspace cada vez mais popular.

O Facebook passa a compor esse espaço a partir de 2004, mas só inicia a sua popularização – principalmente no Brasil -, em 2009. Essa rede social se mostra como um potencial local de troca de informações, já que as suas ferramentas de “Curtir, Comentar e Compartilhar” faz com que se torne um espaço deveras interativo, onde todos são capazes de “postar” e opinar sobre um determinado assunto, mesmo não sendo especialistas.

Com a Primavera Árabe, em 2010, esse mecanismo acaba sendo visto por muitas pessoas como um meio de protestar, através da criação de páginas e eventos, mas por muitas vezes os protestos iniciados na internet sucumbiam na mesma. Entretanto, com a onda de aumento de passagem em todo o país e com o descaso dos governantes para com a população, esses manifestantes saem do facebook e vão protestar nas ruas, mostrando que as mídias sociais servem ao menos de aglutinação e espaço de debate para quem vai às ruas.

Os protestos, que antes não tinham tanta repercussão, pois a grande mídia não demonstrava interesse, passam a tomar conta das redes sociais e o espaço cibernético se transforma em um ambiente de discussão política e de informação para aqueles que estão alheios ao processo de mudança. Já que, a cada segundo mais pessoas, com opiniões divergentes aderem à internet, produzem juízos que acham cabíveis, em relação aos assuntos que mais lhes convém. Os textos passam a ser escritas em potencial, pois, todos podem dar a sua opinião, independente de onde estiverem tendo desdobramentos divergentes nos diversos âmbitos que ocupam, interligando os internautas, produzindo uma forma de interação em tempo real.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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