PRESERVAÇÃO DA AMAZÔNIA

Em 2003, depois de assinar um acordo com a WWF e o Banco Mundial, o governo brasileiro criou o programa de Áreas Protegidas da Região Amazônica. Desde então, um grande número de parques nacionais e reservas cobrindo uma área maior do que a de Nova York, Nova Jersey e Connecticut juntos foram incorporados ao programa e receberam uma infusão de novos fundos. O objetivo do programa é montar um sistema central para ancorar a proteção à biodiversidade da Amazônia.

 

Mas esse esforço levantou suspeitas por parte de poderosos grupos políticos e econômicos brasileiros, que querem integrar a Amazônia na economia do país através de represas, projetos de mineração, estradas, portos, extração de madeira e exportação agrícola.

 

Visões como essa, são amplamente sustentadas no Brasil, independentemente de classe social ou regionalismo. Numa pesquisa feita com 2 mil pessoas em 143 cidades, feita pelo principal instituto de pesquisa no país, o Ibope, 75% dos entrevistados disseram que as riquezas naturais do Brasil poderiam provocar uma invasão estrangeira, e quase três entre cinco pessoas desconfiavam das atividades de grupos ambientalistas.

 

Chegou às livrarias no fim do ano passado, a melhor obra publicada sobre a floresta em tempos recentes: A Última Floresta – A Amazônia na Era da Globalização, de autoria dos americanos Mark London e Brial Kelly. Em uma reportagem tão ampla quanto profunda, fruto de meses percorrendo reinos tão diversos quanto o da soja de Blairo Maggi e o do garimpo de Sebastião Curió, a dupla consegue capturar o tamanho da transformação operada pelo Brasil nos últimos 25 anos. E mensurar o desafio político que será manter a maior parte dessa floresta de pé num tempo em que são os humores da bolsa de Chicago e não mais as vontades de generais em um gabinete com ar refrigerado em Brasília, que determinam o destino do maior patrimônio nacional.

 

London e Kelly não são novatos na área. Sua principal incursão na Amazônia aconteceu em 1980, quando quem dava as cartas no modelo de ocupação da floresta ainda era a filosofia do “integrar para não entregar”. Naquela época, 3% da Amazônia havia tombado. O resultado da viagem, o livro “Amazônia”, aparentemente visava exclusivamente o público norte-americano e não emplacou por aqui.

 

A Amazônia reencontrada pela dupla pertence ao agro negócio moderno, capitalizado e altamente tecnológico, que em poderio econômico (e potencial de devastação) não deve nada aos fazendeiros de Illinois ou de Nebraska.

 

O melhor trabalho de London e Kelly é contar a história do homem na floresta nessa transição. Muita coisa é explicada. Leitores mais jovens entenderão, por exemplo, a gênese da doutrina de segurança nacional que orientou a política da ditadura para a região. Ecos dessa doutrina explicam a tradicional resistência da diplomacia brasileira ao discutir a Amazônia em acordos ambientais internacionais como o Protocolo de Kioto e a Convenção do Clima da ONU.

 

Por força da soja e da criação do gado, o ano de 2007 não foi bom para a preservação da Amazônia. Subsidiar o transporte aéreo na Amazônia, em vez de abrir mais estradas; criar mais fazendas de piscicultura em hidrovias, como substitutas para a criação de gado e facilitar a propriedade de terras para quem preserva a mata são algumas das políticas, que deveriam ser adotadas para reduzir o desmatamento.

 

A Preservação da floresta amazônica pode gerar até US$ 1 bilhão por ano no mercado de créditos de carbono. O valor seria relativo às emissões de gases evitadas com o não desmatamento. A um preço bem baixo do carbono, isso poderia gerar cerca de US$ 500 milhões por ano, talvez até US$ 1 bilhão, caso existam interessados em investir.

 

Finalmente, segundo decisão tomada na conferência sobre o clima organizado pela ONU em Bali, os grandes países possuidores de florestas, entre eles o Brasil, serão remunerados por seus esforços para proteger suas matas, cuja destruição é responsável por 20% das emissões de gases de efeito estufa.

 

Nesta conferência, enfim, a floresta entrou na política do clima. Houve um grande progresso em Bali e temos agora que ver o que pode ser feito até 2009. Projetos pilotos deverão ser lançados em todas as regiões do mundo, na perspectiva de integrar o mercado de carbono em 2012 – declarou Brice Lalonde, embaixador francês encarregado das questões climáticas.

 

Estes projetos pilotos seriam financiados através de um fundo do Banco Mundial para o qual, vários países, entre eles a França, a Austrália, o Reino Unido e a Finlândia, já prometeram contribuir. (Ambientebrasil)

 

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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