Quando o dia pede passagem para o entardecer e encontra a noite, o Astro Rei se despede em grande magnitude sobre tradicionais pontos turísticos da capital baiana. De camarote, a plateia aguarda o pôr do sol e muitas vezes o aplaude. Salvador, capital de todos os baianos e quem a adota como Cidade Mãe, cada vez mais ovaciona o espetáculo natural. E não é por acaso. A observação do pôr do sol em solo soteropolitano virou tradição por ser uma das únicas capitais que o sol se põe no horizonte do Atlântico, devido à sua localização estratégica, virada para o Oeste.
Na cidade, há dezenas de mirantes e locais emblemáticos, particulares e públicos, como a ladeira da Barra, o Museu de Arte Moderna Solar do Unhão, a Encosta da Vitória, o Porto da Barra, o Forte de São Diego, a Ponta do Humaitá, entre vários outros cafés e restaurantes que tem a vista para a Baía de Todos os Santos no histórico bairro do Santo Antônio Além do Carmo.
O Terrasse da Aliança Francesa, na ladeira da Barra, a Marina Bahia ou até mesmo a disputada mureta da praia do Porto da Barra são opções bem agradáveis em conjunto com o Farol da Barra. Há também os mirantes e muretas no bairro do Bomfim, com a praia da Boa Viagem. Vejamos aqui algumas dicas.
Museu de Arte Moderna da Bahia (Solar do Unhão)
Disputada, a vista do pôr do sol à beira da Baía de Todos os Santos na charmosa área externa da construção histórica virou atração. A antiga fazenda de senhores de engenho denominada de Solar do Unhão fica entre a comunidade Gamboa de Cima e Gamboa de Baixo, próxima de uma pequena faixa de areia incrustada na proximidade do atual Museu de Arte Moderna da Bahia, localizada na av. Contorno.
Vale a pena chegar antes, escolher um local agradável, ver o contorno e traçado urbano da prainha da Gamboa, e, ao final aplaudir e pedir que ele volte para mais um majestoso espetáculo. Aprecie também as praias exclusivas entre prédios da avenida 7 de Setembro.
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Praia do Porto da Barra
Mais tradicional praia urbana, o portal da Barra, além de ter uma boa infraestrutura de cidade grande, há também o burburinho, a paquera e o mais aplaudido pôr do sol. Breve faixa de área banhada pela Baía de Todos os Santos, limita-se pela encosta da Ladeira da Barra, passando até o Farol da Barra pela fortaleza de Santa Maria, com enseada de águas calmas, temperatura agradável, bastante propício ao banho de mar.
É lá onde a turma jovem e descolada aguarda o final do dia para ver um dos mais festejados pôr do sol. Ao final do espetáculo que não demora a se concretizar, aplausos para que no outro dia o sol volte com todo seu esplendor.
Farol da Barra
Um dos mais conhecidos cartões-postais de Salvador também é um dos camarotes mais preferidos pelos turistas que desejam aguardar a despedida diária do sol. Como o Farol da Barra fica incrustado no local elevado, seus jardins se transformam em arquibancada natural, principalmente no fundo da construção. A dica é chegar cedo e relaxar para ver o espetáculo. Para curtir ainda mais, não deixe de caminhar pelo recém-inaugurado calçadão até o Cristo.
Ponta do Humaitá
Com as bênçãos do Senhor do Bonfim e o axé dos orixás, fitinha em punho e água benta como souvenir, a praia da Boa Viagem lhe aguarda para também ver o pôr do sol. Em qualquer lugar da região, a despedida é um privilégio, por ter a vista da Baía de Todos os Santos a partir da praia e uma das mais belas vistas de Salvador. Para a esquerda ou para a direita, há atrativos que não devem ser deixados de lado. Ao seguir para a direita do Forte de Monte Serrat, observa-se o mosteiro e a igreja de Nossa Senhora de Monte Serrat, datados do século XVI, além do farol de Humaitá.
A pequena península do Humaitá que se prolonga sobre a Baía de Todos os Santos é onde se tem uma das vistas mais apaixonantes da cidade. É de lá que se deve observar um belo pôr do sol com Salvador ao fundo. Há um restaurante num casarão da localidade, onde mesinhas são distribuídas na calçada. Também é gratificante observar o prédio e as edificações do Batalhão Naval. A vista sem sombra de dúvida é privilegiada e fica a 8km partindo do Mercado Modelo em direção ao bairro do Bomfim.
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Rio Vermelho
O bairro famoso pela boemia e por lá estarem as mais tradicionais quituteiras da Bahia, como Cira, que servem os tradicionais acarajés, abarás, bolinhos de estudantes, passarinha e doces, o Rio Vermelho é uma boa pedida para quem quer agregar gastronomia, noite e pôr do sol.
A Colônia de Pescadores, onde está a Casa de Iemanjá, e o Mercado do Peixe, são bons locais para se apreciar o pôr do sol. Depois, não deixe de degustar dos famosos acarajés da região e sentar em uma das mesas dos bares nos largos, porque a noite o burburinho só está começando. Há também a oportunidade de quem está hospedado em um dos hotéis da região de apreciar o contorno do pôr do sol de cima se despedido de Salvador.
Rua do Carmo
O “Além do Carmo” é surpresa para quem só tem o costume de visitar o Pelourinho até o largo do Pelô. Rua que fica após a Ladeira do Carmo, localizada no bairro Santo Antônio Além do Carmo, a localidade é um convite a sentar-se em um dos cafés e aproveitar a vista da Baía de Todos os Santos com a Cidade Baixa.
O bairro abriga a Cruz do Pascoal e muitos bares ao redor dela. Boêmio, festeiro e conservado, o local tem atraído bons cafés, restaurantes, pousadas e espaços culturais, muitos deles com sacadas ao fundo com vista exclusiva para a Baía.
Quem se hospeda no antigo Convento do Carmo e hoje um hotel de luxo poderá ver o espetáculo de uma de suas janelas, mesmo assim, a melhor vista continua sendo por traz dos casarões da bela rua do Carmo.
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Mercado Modelo
Visitado por 80% dos turistas que passam por Salvador (BA), o Mercado Modelo é quase que unanimidade quando se fala em compra de artesanato e vista para a Cidade Baixa. Localizado entre tradicionais cartões-postais da capital baiana, a exemplo do elevador Lacerda, entre outros, o mercado foi originalmente construído para ser a Alfândega, mas logo se viu a necessidade de ter um centro de abastecimento onde a população pudesse adquirir hortifrúti. Hoje a destinação é completamente turístico-cultural, abrigando também muita história para contar, a exemplo da série de incêndios e vandalismos (1917, 1922,1943,1969 e 1984). 1922 e 1969 foram os mais graves reduzindo o mercado aos andares subterrâneos, hoje esse espaço fechado à visitação.
No primeiro andar o artesanato comanda as vendas, que variam desde pequenos souvenires de esculturas dos orixás, bonecas vestidas de baiana, berimbau, cachaças e objetos de arte. No segundo o artesanato dá lugar ao banquete baiano composto por moquecas, vatapás, bobos, xinxins e acarajés.
O cheiro aguça o paladar neste pedaço de Salvador onde a baianidade é exposta para o mundo onde reinam os tradicionais restaurantes Maria de São Pedro, com oitenta anos de existência, e o Camafeu de Oxossi. Manda a tradição clicar a bela vista da Baía de Todos os Santos, do avarandado do prédio.
Dicas de Viagem
Todos esses pontos são atrativos turísticos da capital baiana, fáceis de chegar e com bom acesso. Alguns locais são particulares, como os cafés da rua do Carmo, mas valem a pena a entrada e a consumação enquanto aguarda o espetáculo.
O MAM é gratuito e nos finais de semana, geralmente, há shows. Veja a programação antes de ir no site oficial.
Uma dica de hospedagem custo/ benefício, pertinho dos principais meios de transporte e que pode ser um bom apoio para se conhecer todos os atrativos da capital baiana é o hotel Real Classic Bahia, situado na R. Fernando Menezes de Góes, 165. Em frente ao hotel fica o Jardins dos Namorados, um belo calçadão com vista para o mar e que no entardecer enche de baianos e turistas. Telefone de contato (71) 3028-1600 ou reservas através do endereço reservas@realclassicbahiahotel.com.br ;
Todos esses atrativos podem ser feitos em união com roteiros pela região, a exemplo do Pelourinho, que por se só já é um atrativo.
Vale a pena passar um turno no Santo Antônio Além do Carmo.
Há um grande número de pedintes e vendedores, a exemplo de colares e fitas do Senhor do Bomfim. O assédio é grande e não se preocupe se um deles fez cara feia por ter ouvido um “não”. Para que o assédio não seja maior, a dica é dizer realmente que não quer comprar.
Para se chegar ao bairro do Bomfim, passa-se por bairros fora do circuito tradicionalmente turístico, mas que vale a atenção, como a feira de São Joaquim, as obras sociais de Irmã Dulce e algumas igrejas seculares. Escolha a tarde para conhecer a região da praia de Boa Viagem, do forte, da igreja de Bom Jesus, inclusive o Santuário do Bomfim. No fim da tarde vá para a Ponta do Humaitá e é só aguardar.
Gastroterapia
O acarajé, o abará, a pititinga, as moquecas com azeite de dendê, entre outras iguarias são tipicamente representadas na culinária baiana como o arrumadinho, constituído de feijão de corda cozido com especiarias e temperos, farofa de alho, com carne de sol ou charque e paio. A diferença do arrumadinho para o desarrumadinho, como o nome já diz, é que um vem arrumado e o outro vem tudo “junto e misturado”.
O “Daqui do Alto”, na rua do Carmo, serve o arrumadinho em uma telha de barro para até quatro pessoas, ao preço de R$ 45. Há também a possibilidade de servir com um picadinho de cebola com tomate, tipo vinagrete.
O prato é tradicional nos botecos de Salvador e pode ser encontrado também em outras freguesias, como na rua da Mouraria, no bairro de Nazaré. Uma igreja no centro e circundada de vários bares e restaurantes para o “baiano raiz”, mas que os “intrusos turistas” se fartam da gastronomia baiana ou simplesmente de pratos à base de frutos do mar.
No restaurante Mistura Perfeita, a dica é a salada de polvo de entradinha. Farta e ao bom custo benefício, serve até três pessoas. Também há opções de quebradinho de caranguejo com entrada para a tradicional moqueca baiana de camarão. Muito recomendado pelo sabor e custo/ benefício.
Fotos: Silvio Oliveira
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