Chico César de volta a Aracaju no MPB Petrobras
Portal Infonet – O que o público pode esperar desse novo show? Infonet – Como surgiu a idéia de gravar este trabalho com o Quinteto da Paraíba? Infonet – Como você traçaria e avaliaria a sua trajetória no mundo da música? Infonet – A melancolia deste trabalho ‘De uns tempos para cá’, é fruto dessa sua relação com São Paulo? Infonet – São mais de dez anos de lançamentos anuais de novos trabalhos, qual o segredo para manter essa constância? Infonet – O que os seus fãs podem esperar do seu próximo trabalho ‘Francisco, Forró y Frevo’?
De volta a Sergipe, o cantor e compositor Chico César apresenta no projeto MPB Petrobras o seu novo show ‘De uns tempos para cá’ ao lado do Quinteto da Paraíba. Com mais de 30 anos de carreira na música, o artista paraibano é um dos nordestinos mais idolatrados atualmente no mundo da música popular brasileira. Em entrevista, o cantor fala sobre sua carreira, trabalhos futuros e sobre o show que será apresentado no Teatro Tobias Barreto e depois segue em turnê pelo Nordeste. Confira.
Chico César – Esse show nasce do disco ‘De uns tempos para cá’. O fio condutor do show é o repertório do disco, mas ele se amplia para repertório da carreira
toda com canções que as pessoas conhecem e que gostam de cantar junto como ‘Pedra de Responsa’, ‘Mama África’, ‘À Primeira Vista’, entre outras.
CC – Eu já havia trabalhando antes com o Quinteto em diversos momentos e houve uma aproximação natural. Foi uma idéia minha, mas que a própria relação com o grupo foi sugerindo.
CC – Entre o compositor que com 13 anos de idade ganhou o quarto lugar em um festival em Catolé do Rocha e ganhou um violão como prêmio, de lá até aqui já se passaram mais de 30 anos. Nesse tempo fiz muita música, toquei muito antes de gravar meu primeiro disco e às véspera de sair um novo álbum, o ‘Francisco, Forró y Frevo’, acho que há uma maturidade natural que está ligada à própria maturidade da pessoa. Eu acho que se você amadurecer trabalhando e tem, como eu tenho, na base da música uma herança da cultura nordestina, mas não se prender a regionalismo e se abrir para o mundo foi algo muito importante para mim pra poder sair do sertão da Paraíba e cantar em diferentes lugares do mundo e com diversos artistas de vertentes diferentes eu acho que é um trabalho bastante vitorioso.
Infonet – Como foi sua chegada a São Paulo onde começou sua carreira, você sendo nordestino foi recebido bem?
CC – A primeira coisa que pensei quando cheguei lá foi ‘Nunca mais vou sair dessa cidade’. Eu adoro São Paulo. Para mim foi muito mais difícil ser na minha região um artista de alma universal do que ser um artista regional numa cidade universalista como São Paulo. Porque a cidade universalista recebe tudo, um lugar provinciano tem uma certa dificuldade de aceitar aquela alma universal naquele momento. Quando você volta fica mais fácil, mas quando está ali nem sempre é fácil, o peso dos costumes e da coletividade às vezes impede que uma alma mais viajante levante vôo. Por isso muitos artistas migram dos lugares onde nasceram.
CC – Na verdade muitas músicas deste álbum já existiam há bastante tempo. Quando se é jovem às vezes você não se deixa perceber a alegria, porque a gente quer ser muito sério. Mas essa coisa de sair da Paraíba para São Paulo me deixou mais leve e muito tempo depois eu tive a
oportunidade de pegar algumas canções que estavam na gaveta e poder pensar num trabalho que trouxesse essas canções todas. Mas a melancolia está presente em muitos trabalhos de nordestinos como o Luiz Gonzaga, Patativa do Assaré. O problema é que o nordestino foi construindo, principalmente para o turista, uma imagem de alegria permanente, de euforia, e quase não se dão ao direito de chorar num enterro. A indústria do turismo se misturou com a da música e criou essa imagem impedido que a gente tenha acesso a sentimentos profundos, mas que também nos pertence.
CC – Eu sou um compositor que lancei o meu primeiro disco com mais de 30 anos e até ali eu já tinha muita música guardada e depois também não parei de compor. Eu vou compondo sem pensar num disco específico e aí eu vou guardando essas coisas e mais cedo ou mais tarde vou usá-las ou passar para outras pessoas. Um segredo para se manter produtivo é ficar atento ao que está a sua volta, olhar o mundo, não ficar olhando só para dentro de você. Os artistas que me ensinaram a ser artista sempre foram abertos a diversas possibilidades. Eu poderia ter ficado repetindo a fórmula de ‘Mama África’, como muita gente faz. Se manter inquieto é que é o bacana.
CC – Este é um disco para dançar é de pura alegria. Depois de três anos fazendo um trabalho introspectivo eu senti vontade de fazer uma coisa explosiva. Eu quis mergulhar na alma da música nordestina na suas duas principais festas, a festa junina e o carnaval. Nesse disco não há musica triste.