II Encontro de Literatura de Cordel aberto até dia 17

Entrada do evento

O II Encontro Sergipano de Literatura de Cordel acontece até o dia 17 de agosto na Biblioteca Pública Epifânio Dória (BPED). O evento faz parte da programação do “Agosto para Todos” e é uma iniciativa da Secult em parceria com o Sesc. A programação inclui palestras, mini-cursos, oficinas, rodas de leitura, apresentações teatrais, recitais e conta com a presença de importantes cordelistas como Antônio Francisco (RN), membro da Academia Brasileira de literatura de Cordel (ABLC) e do Sergipano também membro da ABLC e idealizador  do encontro, Gilmar Santana Ferreira.

Segundo a diretora da Biblioteca, Sonia Carvalho, o objetivo do encontro “é discutir e divulgar a leitura, fazer com que as pessoas gostem e queiram ler, como também valorizar as expressões populares”. Durante o evento, além das palestras e demais atividades, o público pode visitar três exposições: “Olhares para o Cordel” de Elias Santos; “Lampião, uma Viagem pelo Cangaço” de Antônio Araújo e Vera Ferreira (Neta de Lampião) e “Taiê” com fotografias de Alejandro Zambrana.

Enquanto ocorrer o encontro os visitantes tem acesso a diversas obras de cordelistas sergipanos e de outros estados, podendo se divertir com os causos do nordeste e pelejas ou ainda se informar com documentários em versos. “Espaços como esses são ótimos. É muito bom para poder divulgar nosso trabalho, aqui a gente pode declamar o cordel, cantar para o público, afinal, é preciso sentir o cordel”, diz, o cordelista Ronaldo Dória.

O palestrante Raimundo Antônio(RN) destaca a importância da participação de educadores em eventos como este. “Devemos ter clareza que não é preciso somente preservar o cordel, afinal ele se encontra preservado, em museus e arquivos. É preciso trazê-lo para o presente e isso se dá através dos educadores”, afirma.    

O caçador de Poetas

Gilmar Ferreira, o caçador de poetas

Durante a abertura do encontro, foi reinaugurada a Sala de Cultura Popular Manoel D’Almeida Filho, que passou por uma revitalização. O espaço conta com um extenso acervo de literatura de cordel, objetos populares e uma novidade: a “Galeria de Poetas Populares Sergipenses”.

A iniciativa da galeria partiu de Gilmar Ferreira, pesquisador e cordelista sergipano que, por causa de suas pesquisas em busca dos poetas e poetizas populares do estado, ficou conhecido entre amigos como “Caçador de Poetas”. “Há doze anos eu realizo pesquisas, hoje eu tenho catalogados 110 poetas, mas imagino que o número seja muito maior, por isso não paro”, conta. Hoje estão expostos na galeria 60 quadros com fotos e biografia dos poetas, os que ainda não estão lá serão incluídos nos próximos dias.

Gilmar é também idealizador do Encontro. O primeiro ocorreu em 2007 e, segundo o escritor, a idéia surgiu devido à necessidade de resgatar o cordel, sobretudo junto à juventude. “A literatura de cordel estava esquecida pela população, sobretudo pelos jovens que muitas vezes nunca tinham ouvido falar de cordel. O Encontro funciona para fazer essa divulgação, para levar o cordel também aos educadores para que eles passem a trabalhá-lo”, explica.

Xilogravura

Marjorie mostra uma xilogravura

Uma das oficinas que ocorrem durante o Encontro é a de xilografia, técnica de ilustração característica da literatura de cordel. Marjorie Garrido, professora de Artes Visuais e facilitadora da oficina, explica que muito dos cordéis atuais não trazem a xilogravura e sim imagens digitais, o que acaba descaracterizando os livretos. “A xilogravura permitiu a ilustração do cordel, facilita o entendimento do texto. Hoje percebemos que não há mais tantos xilógrafos, então, uma oficina como esse pode trazer algumas possibilidades”, diz.

Com o término da oficina algumas imagens serão expostas na BPED.  “Estamos trabalhando aqui com duas possibilidades de uso da técnica, o uso mais livre e o uso voltado para literatura de cordel, no final iremos imprimir algumas e expor”, conta.  Marjorie destaca ainda a participação de seis alunos surdos na turma da oficina. “É interessantíssimo, eu estou adorando a presença deles na oficina, eles tem atenção redobrada para a imagem”, relata empolgada. Como parte do incentivo ao resgate da xilografia, na quinta, 16, será realizado um ato em frente à biblioteca, onde serão plantadas seis mudas de umburanas, árvore que produz a madeira onde se aplica a técnica.

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