Alto sertão sergipano já produz girassol

Ivênio Oliveira
Os produtores de girassol do Alto Sertão de Sergipe, técnicos e pesquisadores estão em clima de comemoração. Embora não haja ainda números oficiais, já é possível constatar, antes da colheita, que o Alto Sertão, tão conhecido por tantos problemas de seca e perdas de produção, é capaz de produzir girassol com produtividade semelhante à do sul do país, mesmo passando por períodos de estiagem. A constatação é ainda uma estimativa, pois só será confirmada após a colheita.

E há ainda mais motivos para comemorar. A produção nacional de girassol não consegue suprir a demanda de óleo comestível. E ainda tem a demanda por grãos de girassol para biodiesel que tem compra garantida pela Petrobrás, que também oferece assistência técnica aos produtores.

A produção de biodiesel é promissora em boa parte do território brasileiro. É o que se observa nos cerrados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Minas Gerais, além da região Sul do País. Mas a grande novidade é ver os campos do Alto Sertão sergipano tão floridos e as cooperativas se fortalecendo com a perspectiva da alta demanda por grãos, beneficiando centenas de produtores familiares.

Já foi o tempo em que o girassol era considerado uma cultura de clima temperado. Em consequência das pesquisas da Embrapa ligadas ao melhoramento genético, existe hoje cultivares com boa adaptação em regiões quentes, o que permite a expansão da cultura para as mais diferentes regiões do Nordeste brasileiro. “O rendimento pode ultrapassar a 2.500 kg/ha com a tecnologia atualmente disponível”, comemora Ivênio Rubens de Oliveira, pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros.

Graças ao bom intercambio entre a cooperativa local e a Embrapa Tabuleiros Costeiros foi possível estabelecer unidades demonstrativas com mais de 50 tipos de girassol, além de emprego de diversas técnicas de manejo e cultura. Outra novidade é que todos os trabalhos de pesquisa foram desenvolvidos com a participação dos agricultores locais que se mostraram satisfeitos com os resultados apresentados e ensinamentos recebidos. E aumenta o número de pequenas propriedades aderindo ao cultivo do girassol.

O girassol

Do girassol pode-se extrair o grão e após um processo de esmagamento, o óleo é extraído e utilizado na produção de biodiesel. Desse esmagamento sobra a torta destinada a ração animal.  O produtor de girassol pode ainda alimentar seu rebanho com os restos das plantas (folhas, caule e capítulo) sob forma de forragem. E ainda tem a possibilidade de o agricultor aumentar sua lucratividade produzindo mel e pólen a partir das flores de girassol.

O sucesso do plantio do girassol no Alto Sertão é atribuído às pesquisas que mostram a tolerância do girassol aos períodos de estiagem, especialmente durante a fase inicial de desenvolvimento. As plantas emitem raízes que podem atingir maiores profundidades, até mais de 1,5 metros, o que favorece maior captação de água e nutrientes, elementos essenciais para o desenvolvimento e produção das plantas de girassol. “As raízes profundas do girassol fazem com que ocorra uma ciclagem de nutrientes no solo deixando-os mais férteis a partir do momento que estes nutrientes são trazidos para mais próximos a superfície do solo, onde serão mais facilmente utilizados por outras culturas que forem implantadas após a colheita do girassol”, afirma o pesquisador Ivênio.

Fonte: Embrapa

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